Fabrícia Souza nega irregularidades e diz que provará sua inocência
Em entrevista coletiva, na tarde de quarta-feira, 16, os vereadores Cristian Souza e Valdeci Castro, ambos do Republicanos, acompanhados de Leandro Fontoura, morador do bairro Centenário, falaram sobre denúncias de entrega de doações que supostamente teriam sido realizadas pela vereadora eleita Fabrícia Souza, do mesmo partido, durante o período eleitoral. Também participaram da reunião outros candidatos a vereador pela mesma sigla, como Rodrigo Correa, além de outras pessoas.
Cristian e Valdeci mostraram ofício encaminhado ao presidente do Republicanos, vereador eleito Percival Souza de Oliveira, informando que receberam as denúncias, entregues por Leandro Fontoura, em 7 de outubro. A denúncia tem como base imagens de câmeras de segurança, que registram a movimentação de pessoas, junto à casa de Fabrícia, saindo com sacolas. De acordo com a denúncia, em 11 de maio teria chegado na residência uma carreta com mantimentos, oriunda da cidade de Dourados (Mato Grosso do Sul), carregada com doações para atingidos pela enchente em Montenegro.
Pelos vídeos, a movimentação de pessoas saindo com sacolas ocorreu em final de agosto e setembro. “Encaminhei mais de dez vídeos ao Ministério Público, com a entrega de cestas básicas, roupas e colchões. Ela guardou os donativos para trocar por votos”, acusa Leandro Fontoura, que é vizinho de Fabrícia. Ele diz que as pessoas chegavam em diferentes tipos de veículos e horários. “Em vinte dias registrei dez vídeos de entrega. Faltam mais vinte dias de imagens para analisar” completa.
Para Cristian, que convocou a entrevista coletiva e ficou como primeiro suplente do Republicanos na eleição de 6 de outubro, os fatos devem ser devidamente apurados. “Fizemos uma reunião com os candidatos e presidente do partido. Logo depois recebi um telefonema de ameaça”, informa Souza. Leandro diz que também foi ameaçado. Ambos registraram ocorrências policiais. “Todos os candidatos foram enganados e prejudicados”, entende Cristian. “Deve ter comida que o prazo de validade venceu”, acredita Valdeci, sobre o tempo que as doações teriam ficado armazenadas.
Além do Ministério Público, Cristian, Valdeci e Leandro dizem que as denúncias serão encaminhadas para a Justiça Eleitoral e para a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.
Geovana De Ernesto Dos Santos, a Pastora Geovana, que também foi candidata, esteve presente na coletiva de imprensa, mas ressalta que foi convidada e compareceu como mera espectadora, não tendo participado da organização do encontro.
Fabrícia nega irregularidades
Fabrícia Souza disse que está tranquila e nega qualquer irregularidade. “Tenho todas as provas. Não são sacolas de doações. As pessoas que saíram de minha casa são familiares e vizinhos”, alega.
A vereadora eleita confirma que através de contatos conseguiu para Montenegro uma carreta de doações para atingidos pela inundação de maio. “Entreguei tudo na época. Está registrado e documentado”, declara. Sobre a presença da Brigada Militar em sua casa, diz que foi para encaminhamento de ofício para solicitação de viatura, já que trabalhava como assessora parlamentar na Assembleia Legislativa. Diz que desde 2020 tem ações contra o mesmo denunciante, com relação a divisas. “São pessoas que querem me derrubar para entrar no meu lugar como suplentes. A Justiça vai comprovar que sou inocente. As 879 pessoas que votaram em mim sabem que trabalhei e confiam no meu trabalho”, declara.
Para a advogada Elisangela Correa, que defende Fabrícia, são manifestações pós-eleição, com intenção de algum suplente assumir a sua vaga. “É uma mulher, negra, que vai assumir uma cadeira na Câmara. Isso é incontestável. Se tiver algum processo, no devido momento vamos apresentar defesa e estou ciente da inocência da minha cliente em relação às acusações infundadas”, conclui.
O presidente do Republicanos, vereador eleito Percival Souza de Oliveira, afirmou que o recebeu ofício da denúncia em reunião com o Presidente Estadual do Partido, deputado Carlos Gomes, que também tomou conhecimento do documento. “O entendimento do Presidente Dep. Carlos Gomes, coincide com o que, eu já havia dito na reunião do Partido, quando foi apresentado a denúncia. O Partido não tomará nenhuma atitude sem que, haja a devida apuração, por parte do Ministério Público”, disse Percival. “Não podemos condenar ninguém, sem o devido direito ao contraditório. Nesse sentido, o Ministério Público é o foro adequado para realizar a apuração”. A reportagem tentou contato com o Ministério Público, mas não obteve êxito.