Ex-prefeito está elegível e se colocou à disposição para voltar à Assembleia
Ex-prefeito de Montenegro, que teve seu mandato cassado pela Câmara de Vereadores em maio de 2015 após a polêmica instalação de uma ciclovia na rua Capitão Cruz, Paulo Azeredo (PDT) deve voltar a concorrer para uma vaga de deputado estadual nas eleições de outubro deste ano. O pedetista já assumiu por cinco vezes o cargo na Assembleia Legislativa. Ao sofrer o impeachment, Azeredo havia ficado inelegível. Porém, ele recorreu da decisão e, no colegiado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conseguiu reverter a determinação numa votação unânime, ficando elegível.
Conforme Azeredo, sua luta é para retomar a representatividade da região na Assembleia. Nesta batalha, a primeira etapa foi justamente reverter a questão da inegibilidade. “A gente fica feliz por conseguir vencer esta fase, que foi bem difícil”, celebra. O pedetista destaca que, além de colocar o seu nome à disposição do partido como candidato a deputado estadual, também está acompanhando o pré-candidato a governador Jairo Jorge em sua caravana por várias regiões do Estado.
Sobre o impeachment, que chama de “golpe”, o ex-prefeito diz que fica de lição a necessidade de ter mais transparência e divulgação dos atos. “Muitas vezes tu sofre uma fala inverídica e tu não consegue, com a mesma ênfase, combater essa não-verdade”, comenta. “Nós dá um pensar, mas o que vale no final é que nós vencemos. Nós vencemos a injustiça, nós vencemos o golpe”, reforça. Ele lamenta apenas a falta de gestão da Administração que seguiu a sua. “Lamentavelmente, recursos foram evadidos dos cofres públicos e o cidadão foi mal governado por alguém que, graças a Deus, não fomos nós. Nós deitamos tranquilamente no nosso travesseiro e nós peleamos contra isso”, assegura.
Sobre a possibilidade de concorrer novamente a prefeito em algum pleito, Azeredo diz que tudo tem seu momento. Segundo ele, sua etapa agora é reforçar o trabalho para ser eleito deputado. O político diz ainda que, em seu partido, existem outros nomes fortes que podem concorrer a diferentes cargos. “Estaremos juntos no pleito de agora e estaremos juntos no de 2020”, garante.
Ciclovia mais barata do país
Para o advogado Carlos Reverbel, que representou Azeredo ao lado dos também advogados Grasiela Thomsen Giorgi e Andrio Fonseca, a cassação do mandato do pedetista se deu por questões claramente políticas. Segundo ele, os advogados verificaram que a construção de uma ciclovia no estado de São Paulo custava R$ 650 mil por quilômetro e R$ 480 mil em Porto Alegre, enquanto que Azeredo gastou R$ 80 mil para dois quilômetros. “Ninguém parou para pensar sobre isso. Talvez a mais barata ciclovia do país tenha sido feita em Montenegro. E ele foi cassado por ter feito essa ciclovia”, afirma.
“O fato é que seria muito ruim o Paulo Azeredo, por uma questão injusta, ficar oito anos inelegível”, reforça Reverbel, que tem expertise em Direito Constitucional e é professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ele salienta ainda que, na decisão, não apenas o ministro Herman Benjamin reverteu seu voto como todo o colegiado o acompanhou, transformando em unânime a decisão de manter os diretos políticos de Paulo Azeredo.