FUNCIONÁRIO da Prefeitura no governo Aldana entregou documentos à Câmara ontem
Era para ser um pedido de Impeachment contra o prefeito Kadu Müller, mas, em virtude de alguns erros no encaminhamento, um conjunto de denúncias que chegou à Câmara ontem pode dar origem a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A papelada foi entregue por Alex Sandro da Silva, um ex-funcionário da Prefeitura nos governos Azeredo e Aldana, junto com áudios que supostamente contêm diálogos entre agentes do governo e empresários. Seriam provas de irregularidades em licitações, como a do transporte escolar, da coleta do lixo e da obra da Transcitrus, entre Campo do Meio e Santos Reis.
Alex disse que recebeu o material dentro de um envelope de “uma fonte anônima” e que, ao verificá-lo, constatou que se trata de acusações muito graves. De alguns fatos, inclusive, ele afirma que já tinha suspeitas. “O erário está sendo escancaradamente saqueado por algumas pessoas. Agora a gente sabe por que o Município se encontra na situação em que está”, disparou. “Dificilmente algum dos dez vereadores terá coragem de ignorar estes fatos e dizer que as irregularidades não existem.”
Alex também lembrou que foi dispensado logo após o Impeachment do ex-prefeito Aldana e que, na época, chegou a receber ameaças. “Dias depois que eu fui demitido, recebi alguns bilhetes, dizendo que em boca fechada não entrava mosca.”
Segundo o ex-funcionário, a documentação é robusta, embora admita que alguns dos elementos entregues ontem talvez não possam ser usados como provas, como os áudios. Porém, acredita que eles servirão como norte para os vereadores entenderem a dimensão das irregularidades. Além do prefeito, estariam envolvidas mais de 20 pessoas e empresas, incluindo secretários municipais e outros agentes públicos. “Quem ficou dentro da Administração ficou para saquear o Município e não para administrar a cidade”, reforça.
Alex também disse que as informações já são de conhecimento do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União. A reportagem do Ibiá não teve acesso aos documentos e aos áudios deixados na Câmara.
Andamento indefinido
Numa avaliação preliminar, a secretaria da Câmara já constatou que a apresentação dos documentos contém erros formais que impedem a sua tramitação como um processo de Impeachment. O autor cogita um novo protocolo, nos próximos dias, com a redação corrigida. De qualquer forma, antes da análise em plenário, o pedido original e um segundo, se houver, serão analisados pelo consultor jurídico da Câmara, Alexandre Muniz de Moura.
O prefeito Kadu preferiu não comentar o assunto, pois não teve acesso às denúncias. Disse apenas que está tranquilo, que nunca cometeu irregularidades e segue trabalhando normalmente.