Dificuldade é para vagas em hospitais de referência em Canoas
Vítimas de acidentes e familiares entraram em contato com a reportagem devido a demora para conseguirem procedimentos cirúrgicos em Canoas. Além do sofrimento dos pacientes, os parentes também convivem com a dor e os transtornos, sem terem uma perspectiva para a realização das cirurgias.
Deise Agne Gonçalves, de 44 anos, sofreu acidente na madrugada do dia 29 de dezembro do ano passado, na altura do km 14 da ERS-240, em Portão. Ela conduzia uma moto, retornando para o bairro Olaria, em Montenegro, onde mora, quando foi atingida por um veículo Parati, cujo motorista fugiu sem prestar socorro. Inicialmente a montenegrina foi internada no Hospital Operário, de Novo Hamburgo, sendo depois transferida para o Hospital Montenegro (HM Regional). Entretanto necessita de uma cirurgia de alta complexidade, devido as fraturas em três locais da perna. A referência seria Canoas ou Porto Alegre, mas ainda não conseguiu vaga. “Não sei o que está acontecendo. Por que estão fazendo isso comigo?”, reclama, sobre a demora, citando que apelou para a Justiça através da Defensoria Pública.
Familiares de Vagner de Mattos Telles, de 31 anos, também lutam para que o rapaz seja submetido a cirurgia que necessita. Ele sofreu um acidente no último dia 13 de janeiro, quando caiu de um precipício no morro São João. Após três dias desaparecido, foi resgatado pelos Bombeiros e Brigada Militar. Depois de encaminhado ao HM Regional, foi removido para o Hospital Nossa Senhora das Graças, em Canoas. “Ele quebrou a coluna. Já faz quase um mês e nada de fazer cirurgia. Não sabemos o que fazer. Todos os dias temos que ir para Canoas para cuidar e dar comida. A situação é muito crítica”, diz o padrasto, Adilson. “Vai colar o osso do guri e não fizeram nada. Dizem que tem que aguardar vaga para cirurgia”, completa a mãe, Noemia de Mattos Telles, residente no bairro Estação.
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Muitas dificuldades
A dificuldade para obter vaga e conseguir cirurgia, em hospitais de referência, é um problema antigo. Referência para Montenegro e o Vale do Caí na alta complexidade, os hospitais de Canoas enfrentam superlotação e falta de recursos.
Segundo a secretária municipal de saúde de Montenegro, Andreia Coitinho da Costa, não é novidade a dificuldade que o município vem enfrentando com relação a procedimentos, cirurgias e consultas em Canoas. “A espera longa na fila é bastante grave. É uma situação que temos relatado constantemente para a Coordenadoria de Saúde e para o Estado, para que se tome providências com relação a isso”, lamenta. “A situação já era difícil e agora está muito grave”, completa, sobre relatos de atraso nos pagamentos e suprimentos.
Andreia tem esperança que com a nova administração, em Canoas, a situação possa mudar, com planejamento para a retomada dos atendimentos, para que a população não sofra tanto. “Casos de pacientes esperando em hospitais por transferência a mais de 30 dias têm sido rotina. Mesmo com ordens judiciais, pacientes não têm retorno rápido da demanda”, afirma a secretária. Ela diz que o primeiro atendimento é prestado em Montenegro e depois se busca a celeridade na transferência, mas os encaminhamentos ocorrem através de cadastramento e regulação do Estado. Isso depende da classificação de risco, de acordo com a gravidade.