CRUELDADE. Bandidos agrediram e levaram todo o dinheiro do trabalhador
Depois de ser agredido e assaltado, o vendedor de algodão-doce Luís Carlos Lemes Bica, de 51 anos, foi surpreendido pela ação generosa de um policial militar do 5º Batalhão da Polícia Militar de Montenegro. Além de prestar socorro à vítima e prender os autores do crime, os policiais se uniram para encontrar uma forma de ajudar seu Luís, que está desempregado e doente.
Na tarde de domingo, dia 17, Luís foi assaltado por três homens, quando se deslocava nas proximidades do Cemitério Municipal. Ele conta que, aos gritos, o trio correu em sua direção. “Achei que eles queriam comprar algodão. Chegaram avançando, pegando tudo”, lembra.
O vendedor afirma que não reagiu ao assalto mas, mesmo assim, levou um golpe de facão nas costas. “Falei pra ele ‘pra quê fazer isso?’, não tinha motivo”, conta. Luís, que tem problemas causados por hérnia de disco, foi socorrido por moradores que viram a cena. “Eles chamaram a Brigada. A polícia chegou bem rápido”, acrescenta.
Os PMs levaram Luís para a Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), para registrar ocorrência. O trio de bandidos foi preso horas mais tarde, mas o dinheiro – cerca de R$ 80,00 roubados de seu Luís – não foi recuperado, para tristeza da vítima. “Quando entrei na sala de espera da DPPA e vi ele chorando, perguntei o motivo. Ele relatou que estava trabalhando desde as 9h, sem almoçar, para conseguir dinheiro pra pagar água e luz, e que haviam levado tudo”, conta o policial – que não quer ter seu nome divulgado -. Foi dele a ideia de, de alguma forma, ajudar Luís. “Perguntei se ele era aposentado, pois tem uma deficiência, e ele disse que não. Falou que sobrevivia das vendas de algodão. Fiquei emocionado. Pensei em ir ao banco e pegar R$80,00 para dar a ele, ai lembrei que o Batalhão tem cestas básicas, para doar às vítimas de violência doméstica, falei com um colega e conseguimos a cesta para o seu Luís”, detalha o policial.
A entrega dos mantimentos foi feita no final da tarde de terça-feira, na casa onde Luís e a esposa, Gilanda de Souza, 62, vivem há dois anos, na rua Tain, no bairro São Paulo. “Não há nada melhor que ajudar ao próximo”, diz o policial. “Foi um gesto muito bonito”, agradece seu Luís.
Segundo assalto em cerca de um mês
A memória de seu Luís não anda muito boa, relata a esposa dele. Ele não sabe o dia exato, mas, ainda lembra do primeiro assalto sofrido. “Faz pouco tempo, foi perto dali – referindo-se ao local onde foi assaltado nesse domingo -. Eram duas pessoas, não eram os mesmos de agora”, diz ele.
“A pessoa trabalha de dia pra comer de noite e ainda acontece uma coisa dessas”, lastima Luís. A única renda fixa do casal é a aposentadoria da esposa. O dinheiro serve para pagar o aluguel e nem sempre sobra para as contas fixas. Com as vendas de algodão-doce entrava um dinheirinho extra, mas Luís está com medo de voltar a vender a guloseima e, novamente, ser assaltado.
A esperança da família é que ele consiga se aposentar. Luís aguarda, ansioso, o dia 23 de janeiro de 2022. É nele que está a expectativa de conseguir o laudo para obter obenefício do INSS.