Passados sete meses, caso Marcelinho ainda aguarda respostas

DEMORA. Polícia Civil cogita concluir inquérito sem laudo do exame balístico

O caso que gerou muitas manifestações populares, em Montenegro e região, no começo deste ano, já completou sete meses e ainda não foi esclarecido. O jovem Marcelo Júnior dos Santos Teixeira, de 18 anos, foi morto por um disparo de arma de fogo, que acertou suas costas, feito por policial militar, quando empreendia fuga na garupa da motocicleta de um amigo, na madrugada de 10 de janeiro, no bairro Santo Antônio. Desde então, família e advogado se perguntam quando terão os esclarecimentos tão aguardados. A polícia alega que a falta de laudos periciais atrasou o andamento do inquérito, mas afirma que, daqui para frente, pretende dar celeridade a apuração dos fatos.

Entre os pontos que a família espera serem aclarados está o deslocamento de Marcelo até o hospital. Isso porque, segundo os familiares, o laudo da instituição de Saúde mostra que o jovem teria dado entrada no local quase uma hora depois de ter sido atingido pelo disparo. “No laudo consta a entrada dele no hospital a 1h18min, sendo que o fato ocorreu a 0h25. Eles demoraram quase uma hora para chegar com o Marcelinho no hospital. Onde levaram ele?”, questiona Rafaela da Silva, madrasta do jovem.

“Acho que só vamos ter um pouquinho de paz no dia em que a verdade sobre o que aconteceu for contada. Pra nós, não interessa quem deu o tiro, a gente só quer que seja contada a verdade”, diz Rafaela acrescentando que o enteado era um garoto honesto e sem vícios.

Marcelo Júnior

Na época do fato, houve protesto e pedido de ajuda para que o caso fosse logo encerrado. A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Câmara de Vereadores de Montenegro, em respeito ao sofrimento da família, também pediu celeridade no andamento da investigação. Mas, isso não foi suficiente. Mesmo com dois inquéritos em andamento, um sob coordenação da Polícia Civil e um IPM – Inquérito Policial Militar – ainda não há conclusão sobre os fatos.

Questionada sobre quais informações a Comissão teve acesso, durante o período de investigação do caso, a presidente da CCDH vereadora Camila Carolina de Oliveira (Republicanos) não respondeu às perguntas da reportagem. “Não somos agentes investigadores, todas as ações no âmbito local foram tomadas, agora vai para uma instância maior”, diz a legisladora.

Sobre as investigações
Com prazo expirado para apresentação do IPM, o Comando Regional de Policiamento Ostensivo do Vale do Caí (CRPO/VC) encaminhou seu relatório para o Tribunal Militar. Contudo, devido à ausência do laudo de balística, o comandante do CRPO, tenente-coronel Rogério Pereira Martins, considera precária a conclusão do parecer. “Não teve como base o resultado da perícia, apenas provas documental e testemunhais disponíveis nos autos. Fizemos a remessa do IPM, pelo decurso de prazo, ou seja, terminou o prazo sem que houvesse a conclusão da perícia”, complementa o oficial.

O delegado André Roese, responsável pelo inquérito civil, também justifica a demora da conclusão da investigação à falta de um laudo. “Falta o laudo de balística. Mas estamos analisando encerrar sem ele”, informa o titular do caso. Contudo, André diz que ainda há uma diligência pendente e que deve ser realizada antes de definir se irá ou não encerrar a investigação sem o laudo que falta.

“A família ainda sofre muito, pois quase um ano sem respostas, em que pese os meninos estavam fugindo porque o condutor não tinha habilitação. O disparo ainda não foi esclarecido, bem como os motivos que o legitimaram”, pondera Roberta Luiza Nogueira, advogada da família.

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