Não se sabe quanto tempo estava sem vida no Cais do Porto
No final da tarde e início da noite de domingo, 1º de dezembro, chamou à atenção um corpo coberto por um pano no calçadão do Cais do Porto das Laranjeiras, próximo à Câmara de Vereadores, em Montenegro. Justamente quando muitas pessoas se reúnem para tomar chimarrão, caminhar ou simplesmente trafegar pela beira do rio, aproveitando a bela imagem do pôr do sol, o isolamento da Brigada Militar, com fita, PMs e viatura, causou preocupação sobre o que teria ocorrido. Por ser na margem do rio muitos achavam que poderia ter sido afogamento ou algum crime.
O fato aconteceu na calçada da Rua Coronel Álvaro de Moraes, junto à esquina com a Rua João Pessoa. Segundo a Brigada, populares informaram que o homem estava caído, sendo acionado o Samu. A equipe médica acabou constatando que ele já se encontrava sem vida. Foi então acionada a Funerária Forneck Mattana para encaminhar o corpo ao Instituto Médico Legal (IML), visando através da necropsia elucidar a causa do óbito. Ele não apresentava sinais de violência. A suspeita é de que tenha tido um mal súbito quando se encontrava deitado no local em um dia de intenso calor.
Identificado como Paulo Roberto Silva Lemos, de 55 anos de idade, ele trabalhava como reciclador, recolhendo materiais pelas ruas. Uma pessoa comentou que viu Paulo deitado em um dos bancos do calçadão em torno de 7h30 da manhã de domingo. Outras pessoas estariam nas proximidades. Mais testemunhas confirmaram que ele estava no local desde cedo e que teria sido visto acordado no início da tarde, mas só ao entardecer foi acionada a Brigada e o Samu, por estranharem que ele não se mexia.
Familiares dizem que Paulo Roberto morava com um grupo de amigos. Após perder a mãe e o irmão, andava muito depressivo. “O que nos deixa mais triste é que ninguém socorreu antes. Independente de estar mal vestido, andarilho, que tenha bebido, não deveriam deixá-lo assim. O ser humano deveria ter mais empatia. Com todo aquele sol, deveriam ao menos perguntar se estava bem”, lamenta Natiele. Irmã de Paulo, ela lembra que ele teve tuberculose na época da pandemia, mas fez tratamento e se recuperou.
Acumulador de materiais, a irmã diz que juntava muitas coisas das ruas. Chegou a ficar um tempo na Recreo, para buscar deixar a dependência do álcool. “Estava muito bem. Trabalhava na cozinha”, recorda a irmã. “Gostava muito de cozinhar e andar de terno”, completa. Só que depois conta que ele deixou a Recreo, voltou a morar com amigos e também a beber. “Pode ter bebido e passado mal ao dormir no sol, mas não justifica a indiferença das pessoas”, conclui.
A despedida de Paulo Roberto deve acontecer nesta terça-feira, 3, com velório seguido de sepultamento.
