Combater a fome e os problemas sociais também é tarefa da Polícia

POLICIAIS E CIDADÃOS. Ações sociais aproximam os“homens da lei” e os civis

A vida de policial não é nada fácil, seja ele civil, militar, penal… Mesmo assim, muitas vezes, a dedicação à profissão não é valorizada e, ao invés disso, é criticada devido à má conduta de uma minoria. A Polícia Civil e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), através do Instituto Penal de Montenegro (IPM), contam com agentes que, além de atuar em suas atividades específicas, encontram tempo para se dedicar a ações sociais e mostrar à sociedade que também são “gente como a gente”.

O comissário da Polícia Civil, Welington Renato Castilhos Camargo, 56 anos, é um exemplo de policial que, em meio às investigações criminais, cumprimentos de mandados de prisão – dando suporte à PC em todo o Estado – ainda encontra tempo para praticar boas ações, juntamente com colegas da 1ª Delegacia Regional. No IPM a preocupação social parte do próprio diretor, Nairo Resta Ferreira.

O Comissário Camargo, como é conhecido, é natural da região Central do Rio Grande do Sul, nascido em Santa Maria. Ele já atuou na Brigada Militar e residiu em outras cidades gaúchas, mas foi na Polícia Civil e em Montenegro que, de fato, consolidou sua carreira.

Em 2000, Camargo chegou à cidade para atuar no cartório de Investigações da 1ª Delegacia de Polícia de Montenegro. Em 2003 assumiu a Chefia da Investigação da DP, foi chefe do setor de Investigações por 13 anos, e em 2016 passou a coordenar o Núcleo de Inteligência da 1ª Região Policial.

Já Nairo, 40, veio para a Cidade das Artes em 2017, para assumir a direção do Instituto Penal. Nascido em São Francisco de Assis, ele começou a carreira em 2010 na função de agente penal. O que Ferreira e Camargo têm em comum, além do fato de atuarem na área da Segurança Pública? A resposta é objetiva: a intenção de ajudar ao próximo e mostrar que a comunidade pode contar com eles durante e após o expediente.

Papo de Responsa e Sopão de 1ª
O comissário Welington Renato Castilhos Camargo integra o grupo de agentes da PC responsável pelo desenvolvimento do Programa Papo de Responsa – ação da Polícia voltada a crianças e adolescentes, que desenvolve palestras e ações preventivas à violência e drogadição. Camargo também é o idealizador de uma iniciativa que, neste mês de junho, chega a sua terceira edição, o Sopão de 1ª.

A pandemia deu uma pausa no Programa Papo de Responsa, mas antes dela começar, as crianças do Abrigo Menino Jesus de Praga foram levadas para conhecer o funcionamento da Delegacia Regional e foram recepcionadas com um café especialmente preparado para a visita.

Comissário Welington Renato Castilhos Camargo

Outros passeios e ações já foram desenvolvidos com os meninos e meninas do Abrigo, e assim que a Pandemia permitir, voltarão a ocorrer. “Quando estão com algum problema de disciplina, vamos até lá, conversamos com eles, levamos para passear”, acrescenta o comissário.

Mesmo com a chegada do novo coronavírus, no ano passado a Polícia conseguiu fazer e distribuir cerca de 150 marmitas com porção de sopa e pão. A ação envolveu policias, empresários e o público em geral. Mercados da cidade doaram os ingredientes e os agentes arregaçaram as mangas para preparar a cozinha de campanha, no estacionamento da Delegacia, onde foi preparado o alimento. “É muito bom fazer esse trabalho, os colegas vêm de outras cidades, de noite, no horário que poderiam estar descansando, para ajudar na distribuição”, comenta Camargo.

São cerca de três dias de trabalho para fazer o Sopão de 1ª – nome dado pelo fato de ser produzida pelos policiais da 1ª região policial. Mas todo o esforço é recompensado no momento da entrega do alimento. “O que mais nos comove é ver a alegria das crianças e dos idosos. É com a maior alegria que a gente faz isso”, afirma o policial civil.

Inspiração de filha pra pai
A ideia do Sopão de 1ª surgiu inspirada em uma ação solidária realizada pela filha do comissário Camargo. “Ela pediu minha ajuda para fazer uma sopa pra distribuir no Centro, para moradores de rua. Eu fiz com ela num sábado e, na segunda-feira, aqui na delegacia regional, falei com o delegado Marcelo Farias e com a Verônica Wasenkeski e eles gostaram da ideia. Então, unimos esforços e fizemos a primeira edição.

Camargo enfatiza que a instituição tem, cada vez mais, se dedicando às ações sociais. “A Polícia Civil está trabalhando pra mudar a imagem de repressora, estamos com uma polícia mais humanizada. Participamos de campanhas de Dia das Crianças, Páscoa, campanha do agasalho, é através dessas ações que nos aproximamos das comunidades”, diz o agente.

“Trabalhando na área social, estamos trazendo as pessoas para o nosso lado, as crianças começam a olhar a polícia de outra forma, começam a ver o policial como um amigo e não como inimigo opressor. A gente procura se aproximar da comunidade, porque, antes de mais nada, nós também fazemos parte dessa comunidade”, conclui Camargo.

Doação de conhecimento
O diretor do Instituto Penal de Montenegro, Nairo Resta Ferreira, e sua equipe, frequentemente, participam de campanhas sociais. Recentemente, o IMP intercedeu, junto à Central Única das Favelas (Cufa), para que as famílias dos apenados recebessem doações de cestas básicas. Mas, as doações não são apenas de ordem material. Nairo também compartilha o conhecimento adquirido ao longo de uma década dedicado ao trabalho penal.

Nairo Ferreira, diretor do Instituto Penal de Montenegro

Ao concluir uma pós-graduação em Processo e Direito Penal, Nairo viu que o resultado de seu artigo poderia virar livro e ser aproveitado por outros colegas da área profissional. A obra intitulada “Reflexões e Técnicas de Enfrentamento à Drogadição na População Carcerária Jovem” foi lançada na primeira quinzena do mês de maio. “É um livro específico para quem faz o trabalho prisional. Ele trata questões como prevenção ao uso de drogas, tratamento de drogadição dentro do sistema prisional e outros temas”, explica o diretor do IPM.

Um dos objetivos do livro é dar subsídios aos servidores, para que possam tratar situações envolvendo os apenados da forma mais adequada.“O livro é mais dedicado ao preso. O público jovem é o mais fácil ser resgatado. Apenados com mais tempo de envolvimento com o uso de drogas é mais difícil de conseguir retirar desse caminho. É muito grande a incidência de jovens presos por causa de drogas, eles precisam conhecer outros caminhos”, acrescenta Nairo. A obra está disponível na plataforma Amazon.

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