Com 30 anos de serviços prestados, sargento Lima vai para a reserva

“Batismo” com banho de mangueira e flexões de braço marcou a despedida do sargento Lima

SAIBA mais da história que teve início no curso de bombeiros e se encerra no mesmo quartel

Hoje, 18 de setembro de 2020, é um dia muito especial para o sargento Giovani de Lima Justo, de 51 anos, agora bombeiro da reserva do Corpo de Bombeiros Militares de Montenegro. Há exatos 30 anos ele ingressou no quartel, que com o passar dos anos se transformou em sua segunda casa e onde a família ganhou novos membros. O sargento é um exemplo raro de profissional que fez o curso, se formou e permaneceu durante toda a carreira na mesma unidade. A despedida de um dos “filhos” mais velhos da corporação começou há alguns dias, mas ainda falta passar por algumas “fases” até acabar. Enquanto isso, ele compartilha lembranças e planeja o futuro.

Na quarta-feira, dia 9, o Diário Oficial do Estado publicou a saída de Lima para a reserva. Ele aguardava por isso há cinco meses e foi pego de surpresa. “Mandaram uma mensagem dizendo para eu vir assinar os documentos pra a reserva”, conta o sargento sobre o “primeiro ato” da despedida. Ao chegar no quartel, os portões foram fechados dando início ao ritual que marca o fim de um ciclo.

A sirene foi acionada, para ser o último disparo sonoro oficial ouvido por Lima. O soldado Ricardo Mattos empunhou a mangueira, de um dos caminhões da corporação, e orquestrou a dança das águas, dando forma a “chuva” que marcou o banho de despedida do sargento Lima. Frio naquele momento, só o da temperatura da água, pois o afeto e amizade dos colegas acaloraram a ocasião. O soldado Marcos Daniel da Silveira quis partilhar da experiência do veterano, submetendo-se a, também, ser banhado.

Os acontecimentos daquela quarta-feira estarão entre as histórias que o sargento Lima irá, no futuro, contar aos netos. Contudo, o comandante da corporação, Glaiton Contreira, promete novas surpresas.

Comandante: Lima vai fazer falta
O comandante do Corpo de Bombeiros, Glaiton Contreira, avalia a saída de Lima como uma perda para a corporação. O déficit de pessoal dever ser ainda mais sentido com a ausência do profissional. “Ele possui elevado senso de responsabilidade, não procrastinava nenhuma tarefa, e fazia tudo muito bem feito. Com espírito de liderança, trabalhava sempre ensinando os subordinados. O pessoal adora ele”, acrescenta o comandante.

Lima afirma ter disposição para seguir na ativa, mas as mudanças no Plano de Carreira não mostram atrativos, ao contrário, e por isso optou em ir pra a reserva. “Eu perderia muitas vantagens conquistadas ao longo dos anos se continuasse. Minha intenção era sair primeiro sargento e ir para a reserva como tenente, não consegui alcançar isso, então, vamos logo”, acrescenta. “Agora é tentar curtir esse merecido descanso. Fim de um ciclo e início de outro.”

O comandante, Glaiton Contreira, e o sargento da reserva, Giovani de Lima Justo

O nascimento da paixão pela profissão
Giovani de Lima Justo viu nascer a paixão por seu trabalho e percebeu ter feito a escolha certa durante o Estágio Operacional do curso . “São vários acontecimentos que chocam a gente, mas parece que acontece algo que nos motiva a seguir na profissão. Só no ouvir a sirene a gente sente aquele arrepio e aquela vontade de sair correndo para ajudar quem está precisando”, explica o sargento da reserva.
Como em todos os “relacionamentos”, alguns momentos deixam lembranças tristes as quais jamais serão esquecidas. O atendimento a incêndios e acidentes de trânsito faz parte desse capítulo. “Um acidente em Capela de Santana no qual um carro passou por cima de outro e cinco pessoas acabaram morrendo, foi bastante marcante. Um dos primeiros acidentes que me fez ver que não somos nada nesse mundo. Estamos apenas de passagem. A cena em si era muito forte, aquela situação me marcou bastante”, compartilha Lima.

Família de sangue e por afinidade
Muitas pessoas crescem sonhando ser bombeiro, mas esse não é o caso do sargento Lima. Ele prestou serviço militar por obrigação. “Após a saída do Exército em 1989, disse pra mim mesmo que vida militar nunca mais”, comenta.

Não demorou muito, Giovani mudou de ideia. Seu irmão Angêlo de Lima estava prestes a se formar bombeiro quando o alertou sobre a abertura de curso no quartel de Montenegro. Os relatos sobre bons salários o animaram a tentar a sorte. “Eu tinha casado recentemente, meu primeiro filho estava a caminho e resolvi arriscar. Prestei concurso, passei, fizemos o curso aqui e aqui permaneci”.

Os irmãos Giovani e Ângelo de Lima Justo

O sargento Ângelo formou-se pela turma de 1989 e também ficou por Montenegro. Em setembro do ano seguinte Giovani chegou para acompanhar o irmão. “Me sinto muito feliz e orgulhoso em ter trabalhado ao lado do meu irmão na linha de frente no Corpo de Bombeiros. Só tenho que agradecer a Deus por permitir que a gente trabalhasse tanto tempo juntos”, diz Ângelo sobre a experiência vivida com seu parente e amigo.

O sargento Lima destaca as relações de amizade e companheirismo, estabelecidas desde a chegada de cada novo integrante da equipe. “Somos uma família.”

Últimas Notícias

Destaques