Calor intensifica presença de abelhas migratórias na área urbana

BOMBEIROS orientam sobre como agir para evitar riscos à saúde

A primavera é a época do ano em que as abelhas migratórias buscam novos locais para “morar” e, com isso acabam se hospedando onde precisam dividir espaço com os seres humanos. O problema é que essa convivência raramente é harmoniosa. Em alguns bairros de Montenegro, moradores relatam medo decorrente da aproximação com esses insetos. Contudo, bombeiros e apicultores alertam que a retirada das abelhas deve ocorrer de forma adequada, respeitando a importância que elas têm para o ecossistema.

No sábado, dia 6, os Bombeiros foram chamados para isolar o local onde encontrava-se um enxame na rua Ceará, no bairro Senai. A ação evitou problemas aos moradores. Também na semana passada, foi registrado um incidente entre abelhas e humanos na rua Alberto Trasel, próximo a área verde que faz fundos com o quartel da corporação montenegrina. Segundo relato da vó de um menino, de 10 anos, aos bombeiros, eles estavam passando na calçada, quando foram atacados pelas abelhas. Apenas a criança foi picada.

Como estava próximo ao Corpo de Bombeiros, a idosa foi ao prédio pedir socorro. O comandante da corporação, tenente Luciano Matos de Souza, conta que o Samu foi acionado para fazer testes de alergia e encaminhar vó e neto para atendimento no Hospital Montenegro.

“Assim que ocorre a picada, deve-se imediatamente ir a uma unidade de saúde. Se for alérgico, nessa época de Verão, é importante consultar o médico para que ele possa orientar qual o procedimento e ou medicação que se deva usar. Em uma pessoa alérgica, uma picada pode complicar as coisas, então fique sempre alerta”, orienta o comandante dos Bombeiros.

Segundo Matos, a corporação atende de três a quatro chamados, por mês, para atendimentos envolvendo abelhas. Alguns enxames são formados no forro das residências, outros, próximos a janelas ou em árvores, e precisam ser isolados para não causarem problemas. “Para evitar o ataque das abelhas, é importante manter a área sinalizada e chamar o Corpo de Bombeiros para isolar o local com fita zebrada de fácil identificação dos transeuntes”, diz o tenente. “Tem dado pouca ocorrência envolvendo abelhas, porém, com a chegada do calor esse número tende a aumentar significativamente”, acrescenta.

Os Bombeiros podem agir em caso de ataque de abelhas nos quais a saúde da população esteja em risco. Entretanto, a atuação limita-se ao isolamento do local e socorro as pessoas. Geralmente, os próprios bombeiros chamam ou indicam um apicultor para fazer a retirada do enxame e levá-lo para um local adequado.

Barulhos podem provocar ataques
O tenente Luciano Matos explica que as abelhas soltam enxames novos nessa época do ano e na maioria dos casos estão apenas de passagem. “Elas se aglomeram em algum lugar para descansar e depois seguem seu destino, por isso, não mecham com as abelhas em hipótese alguma. Chame o Corpo de Bombeiros o mais rápido possível e tente manter o local isolado”, orienta. Algumas situações podem assustar as abelhas, com isso, elas usam o ataque para se defender da ameaça que acreditam estar prestes a sofrer. “Motores e vibrações fortes costumam perturbar as abelhas, fazendo com que provoquem um ataque”, exemplifica o comandante.

Matar abelhas é algo que não deve ser feito, deixa claro o tenente Luciano, primeiro por que elas são essenciais para a polinização e segundo por que, ao serem esmagadas, liberam um feromônio que atrai ainda mais insetos de sua espécie.

Resgate de abelhas
O apicultor Vanderlei da Silva Horbach, de 39 anos, já realizou mais de 100 resgates de abelhas em cidades como Montenegro e outras, no Vale do Caí. Ele prefere usar a palavra resgate, ao falar sobre a retirada de abelhas de um determinado local.

Atualmente, Vanderlei desenvolve um trabalho de conscientização sobre a importância e conservação das abelhas nas escolas do município de Paverama. Ele explica que resgatar abelhas é um processo que exige cautela.

Resgate de abelhas feito por Vanderlei da Silva Horbach em um quintal no Centro de Montenegro. Foto: arquivo pessoal de Vanderlei da Silva Horbach

Primeiro deve ser feita análise de risco (para pessoas, animais e as próprias abelhas) do ambiente onde elas se instalaram. Posteriormente, com material necessário para o manuseio e transporte das abelhas, incluindo EPIs (macacão, luvas, botas, fumigador) e ferramentas é feito o resgate. Em geral, o trabalho é desenvolvido entre duas pessoas.

Vanderlei explica que no caso das abelhas migratórias – aquelas que saem em busca de uma nova morada – o resgate pode ser feito de forma simples. “A gente coloca uma caixa abaixo do local onde encontram-se e elas mesmas optam por entrar. Quando essas abelhas se colocam em um determinado lugar, ficam de dois a três dias e vão embora”, acrescenta.

As abelhas resgatadas são realocadas na natureza, em lugares onde não ofereçam risco a pessoas ou animais de estimação. “Em caso de ataque, a indicação mais adequada é correr para longe do enxame. Quanto mais longe, menos abelhas estarão atrás de você. Existe uma crença popular de que, se a pessoa se abaixar as abelhas passam voando por cima e não atacam, isso não é verdade. Elas atacam no chão. Água só funciona se a pessoa mergulhar”, acrescenta o apicultor.

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