Meio ambiente. Parceria entre poder público e a iniciativa privada facilita a separação de resíduos nas escolas
“Em casa, a gente separa o lixo orgânico do seco para não poluir o meio ambiente”, afirma a estudante Maria Eduarda do Amaral. “Numa sacola, vai lixo como casca de fruta e resto de comida, enquanto na outra vão outras coisas, como as latinhas e plástico”, exemplifica a menina, com 10 anos.
Sua colega de escola também sabe que a separação do lixo é fundamental para a cadeia da reciclagem. “É preciso separar o lixo reciclável porque senão polui o meio ambiente e, no futuro, não vai ter recursos como água”, ensina Ketlin Cailane da Silva, 10 anos. Ela acrescenta que, em sua casa, materiais como latinhas de refrigerante e garrafas pets são vendidas. “E outras coisas, como restos de comida, vão para coleta de lixo comum.”
As meninas são alunas do 5º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental José Pedro Steigleder e, mesmo antes de iniciar a palestra que integra o projeto Educando para o Futuro, já demonstravam condições de ensinar muitos adultos sobre como e por que separar o lixo para lhe dar um destino adequado. O assunto foi detalhado durante explanação pela diretora de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Joana Santos, e pelo gestor da Montepel Assessoria Ambiental, João Batista Dias.
A empresa é parceira na iniciativa, que integra o projeto ambiental Plantando um Futuro Melhor, desenvolvido pela secretaria municipal de Meio Ambiente juntamente com a de Educação e Cultura, com patrocínio da Hexion. Através do projeto Educando para o Futuro, 10 escolas estão recebendo “bags” para a comunidade escolar fazer a separação do lixo.
Joana observa que o projeto proporciona às instituições terem condições semelhantes para desenvolverem essa separação, que auxilia na educação ambiental dos alunos. A ação inclui palestras educativas sobre vários aspectos que envolvem a reciclagem, mostrando como fazê-la, bem como sua necessidade para evitar que o meio ambiente se torne uma grande lixeira, o que colocaria em risco os recursos naturais e o futuro do planeta. Cerca de mil crianças já participaram da atividade.
Na palestra, foi observado que os aterros sanitários ainda são o destino da maior parte do lixo no país, enquanto o índice de aproveitamento para compostagem e reciclagem é de apenas 3%. Joana acrescenta que, em Montenegro, grande parte dos resíduos levados pelo caminhão da coleta seletiva à central de triagem não podem ser aproveitados para reciclagem porque chegam misturados com lixo orgânico. Desta forma, é observada a importância de a separação começar em casa.
Dias retrocedeu algumas décadas para mostrar o quanto mudaram as relações de consumo nos últimos anos, e o impacto ambiental. Ele lembrou sua infância, quando havia bem menos embalagens do que hoje. Embora elas possam ter facilitado a compra e o transporte de mercadorias, também aumentou o volume de embalagens descartadas. O problema é que nem sempre seguem o destino certo, causando danos ao meio ambiente. A diretora da José Pedro Steigleder, Marília Roehe, salienta que o projeto veio ao encontro dos planos da escola em trabalhar sobre o assunto e desenvolver a consciência ambiental dos alunos. Ela acrescenta que a colocação das bags despertou a curiosidade dos alunos, favorecendo o debate e o aprendizado sobre o tema.
Escolas No projeto Educando para o Futuro
EMEF Adolfo Schüler – bairro Panorama
EMEF Ana Beatriz Lemos – bairro Estação
EMEF Cinco de Maio – bairro Cinco de Maio
EMEF Esperança – bairro Senai
EMEF José Pedro Steigleder – bairro Sta Rita
EMEF Manoel José da Motta – localidade de Muda Boi
EMEF Etelvino – localidade de Rua Nova
EMEF Henrique Pedro Zimmermann – localidade de Passo da Serra
EMEI Emma Ramos – bairro Estação
EMEI Esperança – bairro Senai
Fonte: Montepel Assessoria Ambiental
Resíduos poderão ser comercializados pelas escolas
O projeto Educando para o Futuro estimula a mudança prática de atitudes e a formação de novos hábitos com relação ao meio ambiente. Ao ser desenvolvida junto às escolas, a iniciativa é um eficiente instrumento para formação da consciência ambiental de crianças e adolescentes, que são multiplicadores da ação junto às famílias e comunidade em que vivem.
A separação do lixo é o primeiro passo para que os resíduos sigam o caminho da reciclagem. Joana Santos esclarece que cada escola tem autonomia para decidir sobre o destino do material reciclável, podendo ser vendido, gerando renda à instituição. Ela acrescenta, no entanto, que algumas, por estarem inseridas em comunidades onde há pessoas que vivem da venda de material reciclável, optaram por repassar os resíduos a esses catadores. Outras aproveitarão para vender e ter uma renda extra.
Saiba mais
É reciclável todo o resíduo descartado que constitui interesse de transformação de partes ou o seu todo. Esses materiais poderão retornar à cadeia produtiva para virar o mesmo produto ou com nova utilidade.
Exemplos de lixo seco: plástico, papel, vidro, metal, latinhas.
Exemplos de lixo orgânico: papel higiênico, restos de comida, cascas de frutas, legumes, verduras, erva-mate, borra de café.