Prefeitura diz que crianças não precisariam atravessar a rodovia para ir à escola

Perigo da travessia da RSC-287 por alunos da Walter Belian é polêmica no Município

Foi notícia no início deste mês a polêmica envolvendo a travessia dos alunos da EMEF Dr. Walter Belian pela movimentada RSC-287. Jovens moradores do bairro Panorama arriscam-se diariamente em meio aos carros para o trajeto diário entre a casa e a escola, o que vem preocupando pais e líderes comunitários.

A Guarda Municipal chegou a realizar um ensaio de procedimento no local, orientando o trânsito por um dia enquanto as crianças atravessavam. Acabou gerando questionamentos no Legislativo pela atividade não ser de sua alçada. Vereadores colocaram que qualquer acidente sob a supervisão dos servidores municipais poderia ser vista como improbidade administrativa, o que seria um sério problema. Por fim, acabou se constatando que a Guarda teria, sim, como promover a segurança dos alunos na rodovia, mas foi concluído que ela ainda não tem efetivo para tanto.

Esse eco de informações acarretou em manifestações calorosas nas redes sociais, com munícipes questionando a falta de preocupação dos gestores com o bem-estar dos estudantes. Umas das críticas levantadas foi a questão do porquê, dada a situação de vulnerabilidade dos jovens, não era oferecido o serviço municipal de transporte escolar para eles. Atravessar a faixa de ônibus, afinal, é muito mais seguro.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura – por meio de sua secretária municipal de Educação e Cultura (Smec) – falou sobre a possibilidade. Na avaliação da pasta, no entanto, o problema em relação à RSC-287 é outro.

Ela aponta que, na realidade, não haveria a necessidade da travessia pela rodovia caso as regras do zoneamento para a matrícula escolar fossem respeitas pelos pais. Para a Smec, quem mora no Panorama deveria estar estudando ou na EMEF Adolfo Schüler ou na Escola Estadual Adelaide Sá Brito – ambas de um mesmo lado da faixa – não existindo riscos.

FRAUDES NOS ENDEREÇOS
Conforme a secretária de Educação, Rita Carneiro Fleck, é prática comum que pais mintam sobre o seu endereço para conseguirem vaga na Walter Belian – notadamente, uma instituição de referência no Ensino Fundamental em Montenegro.

“Muitos alunos que deveriam e poderiam estar estudando na Adolfo Schüler, no Panorama, até nos falam endereços incorretos para estudar no Walter”, coloca. “Não sei quais seriam as intenções dos pais. Talvez pela Adolfo ser uma escola mais de periferia, ou pelo Walter ir até o nono ano, mas a gente fica sabendo até de casos em que eles compram contas de luz para comprovar o endereço perto da escola.”

A EMEF Adolfo Schüler, no Panorama, atende aos anos iniciais do Ensino Fundamental; e o Adelaide Sá Brito, já no bairro Santo Antônio, poderia atender a demanda no restante da formação dos alunos, sem riscos da travessia.

Rita exemplifica o caso com o que ocorre com os moradores do bairro Estação. Lá, de fato, não existem escolas que atendam os estudantes dos anos finais, então, há uma necessidade do transporte escolar, que atravessa os alunos na ERS-124 e os leva para instituições como o Ciep ou a EMEF José Pedro Steigleder.

No que se refere ao Walter, a secretária diz que o problema é tão grande, que já há casos de alunos que moram nas proximidades da instituição e que não têm lugar para estudar nela. “A partir do momento em que eu trago uma criança de fora do zoneamento para lá, eu tiro a vaga de uma criança que mora perto da escola”, relata Rita. “Acontece de nós termos que mandar algumas dali para o Januário Corrêa ou para a Maria Josepha, aí com o transporte escolar.”

Ela garante que, se constatada uma “superdemanda” de quem, realmente, precise atravessar a 287, haverá ação do Município. Salienta, no entanto, que se houve fraude na colocação do endereço para o zoneamento, também cabe ao pai garantir a segurança dos filhos na rodovia, dada a sua opção pela escola do bairro vizinho.

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