Pais se mobilizam devido à falta de professores nas escolas

Responsáveis pelos alunos pedem providências urgentes à Preduc

Quase dois meses após o início do ano letivo, mais de 10 escolas de Montenegro ainda sofrem com a falta de professores e/ou funcionários. Incomodados com a situação, alguns pais de alunos da E.E.E.F. Cel. Januário Corrêa se mobilizaram, entraram em contato com a 2ª CRE, de São Leopoldo, e estão enviando um documento à Promotoria Regional de Educação (Preduc) de Novo Hamburgo, solicitando providências urgentes.

Os responsáveis pelos estudantes pedem “medidas efetivas para a nomeação ou contratação emergencial de professores qualificados, a fim de garantir a continuidade do processo educativo e o cumprimento do direito constitucional à educação”. Desde o início do ano letivo, em 17 de fevereiro, os alunos do 6° e 7° ano do Januário Corrêa se encontram sem professor de Língua Portuguesa.

Nessa quinta-feira, 27, os pais apresentaram o documento a outros responsáveis e coletaram mais de 100 assinaturas antes de entregar a demanda à Preduc. “Nós ainda não temos um posicionamento efetivo de quando esse professor virá para a escola. A direção da escola não sabe dar um posicionamento, eles só dizem que ‘só Deus sabe quando esse profissional virá’. Isso não é uma resposta que a gente possa aceitar”, lamenta Vanessa Silva, mãe de uma aluna.

Vanessa é uma das responsáveis que está à frente dessa mobilização. Ela, junto com outros pais, entrou em contato com a 2ª CRE por telefone – várias vezes, segundo ela. “Eles também não têm um posicionamento. A resposta deles é sempre que os inscritos no edital não têm aceito a vaga por inúmeros argumentos. São de outras cidades, então tem o pedágio, tem a questão do deslocamento”, frisa.

“A gente entende que eles estão inscritos, mas não são obrigados a aceitar essa vaga, porém o Estado é obrigado a ofertar a educação básica de qualidade e ter professores, que é o mínimo dentro de sala de aula”, complementa Vanessa.

Na última semana, a vereadora Josi Paz, que também tem uma filha estudando no Januário Corrêa, conseguiu agendar uma reunião online com a 2ª CRE, para que os pais expusessem sua preocupação com a situação. “Mobilizei os pais e nos preparamos para estarmos conectados. Quando chegou a hora, a 2ª CRE simplesmente não gerou o link de acesso e desmarcou a reunião, sem muitas explicações”, relata Vanessa.

Diante disso, a vereadora se deslocou até São Leopoldo, na sede da 2ª CRE, e solicitou a realização da reunião no mesmo dia. “A reunião aconteceu, mas foi uma vergonha. Adotaram uma postura ríspida e arrogante, só falaram o que já sabíamos e deixaram claro que eles não possuem um plano de ação para resolver a situação. Ficando claro isso, elaboramos esse documento e iremos até a Preduc. Entraremos com uma ação pública contra o Estado, por estarem violando um direito fundamental das crianças”, completa Vanessa.

Durante sua visita à 2ª CRE, em São Leopoldo, Josi Paz ouviu da servidora Maria José, responsável pelo RH da entidade, que três professores haviam sido chamados e a coordenadoria estava aguardando a resposta dos três. “Depende do governo do Estado. A secretária de educação está ciente, o secretário adjunto dela também. Essa semana mandei mensagem novamente mostrando a necessidade que esses alunos têm, são quase dois meses sem aulas de Língua Portuguesa”, declara a vereadora.

“A gente pede, pede, pede e nada”, diz diretora da Adão Martini

Neste ano, a E.E.E.F. Adão Martini passou a ter aulas no turno da noite. Porém, a escola não recebeu nenhum profissional de supervisão e nenhuma secretária para a parte da noite. Além disso, a Adão Martini está sem monitor e possui apenas uma funcionária de limpeza, que já tem 71 anos e já solicitou sua aposentadoria.

Vanessa Silva está incomodada com a situação, que já se arrasta há 40 dias

“Tiraram o nosso (monitor) este ano e não repuseram. Não há previsão de contratação para funcionários de limpeza. Tenho uma funcionária, de 71 anos, para limpar a escola em três turnos, com 284 alunos.

Sozinha, ela não dá conta. Daqui a pouco ela se aposenta e ficaremos sem ninguém. Tenho direito a duas funcionárias de limpeza de dia e uma à noite. A 2ª CRE está sabendo, a gente insiste, manda e-mail pedindo e até agora nada”, enfatiza a diretora Anne Priscilla Nunes Maciel.

Para as aulas noturnas, a escola tem apenas uma vice-diretora. “Nós, do dia, estamos vindo fazer plantão à noite, revezando, para não deixar a colega sozinha. A gente pede, pede, pede e nada. Está bem complicado”, finaliza Anne. A reportagem do Ibiá entrou em contato com a Secretaria de Educação (Seduc) do Rio Grande do Sul, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

A falta de profissionais nas escolas estaduais de Montenegro

Adelaide Sá Brito – faltam supervisora (40 horas), 2 funcionárias de limpeza (40 horas cada) e professor de séries iniciais (20 horas);
Adão Martini – faltam funcionário de limpeza (40 horas), supervisão noturno (20 horas) e monitor (40 horas);
A.J. Renner – faltam 2 monitores (40 horas cada);
Álvaro de Moraes – faltam 3 funcionários de limpeza (40 horas cada) e funcionário de cozinha (40 horas);
Aurélio Porto – faltam monitor (40 horas) e funcionário de limpeza (40 horas);
Colégio Estadual Ivo Bühler (Ciep) – faltam professor de Matemática (40 horas) e 2 monitores (40 horas cada);
Colégio Dr. Paulo Ribeiro Campos (Polivalente) – falta professor de Língua Portuguesa (38 horas / manhã e tarde);
Delfina Dias Ferraz – sem faltas;
E.E.E.F. Junto ao Núcleo Habitacional Promorar – faltam funcionário de limpeza (40 horas), funcionário de cozinha (40 horas), 3 monitores (40 horas cada) e secretária (40 horas).
Januário Corrêa – faltam funcionário de limpeza (40 horas) e professor de Língua Portuguesa (20 horas);
Jorge Guilherme Moojen – faltam 2 professores (20 horas cada) ou 1 professor (40 horas) – de 1° ao 5° ano – e 2 funcionários de limpeza (40 horas);
José Garibaldi – falta supervisora (20 horas);
Manoel de Souza Moraes – faltam 2 funcionários de limpeza (40 horas cada);
Osvaldo Brochier – faltam professor de Língua Portuguesa (40 horas), professor de Inglês (40 horas), supervisor (40 horas), monitor (40 horas) e secretária (20 horas);
São João Batista – faltam professor de Matemática (7 períodos noturno), funcionário de limpeza (40 horas), secretária (40 anos) monitor (30 horas) e professor para biblioteca (40 horas);
Tanac – sem faltas;
Yara Ferraz Gaia – sem faltas.

OBS.: Dados coletados em 20 de março de 2025.

Últimas Notícias

Destaques