ESCOLA São João Batista abre suas portas para o voluntariado na Educação
“Precisamos fazer algo para a educação pública ser transformada”. O professor de língua portuguesa João Batista Goulart expressa um desejo que vai além dessa frase. Ele e outros 10 educadores se voluntariaram para promover aulas preparatórias para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mostrando aos estudantes que com preparo e força de vontade é possível ingressar em uma universidade, seja ela pública ou privada, através de bolsas de estudos.
No último mês, mais um ciclo de aulas iniciou na Escola Estadual Técnica São João Batista, em Montenegro. Até novembro, 56 estudantes irão se reunir nas noites de segunda a sexta-feira para esclarecer dúvidas e ampliar conhecimentos. O professor João Batista conta que a iniciativa surgiu diante da necessidade percebida durante as aulas de língua portuguesa.
“Sabemos de todas as fragilidades que ocorreram, principalmente em relação à educação, durante a pandemia. Então, precisamos fazer algo. Nós somos oriundos de escola e de uma universidade pública, precisamos agir para melhorar a educação pública”, diz o docente.
Com o apoio da direção da escola, o projeto foi concebido, inicialmente focado na redação. No primeiro ano, 28 estudantes se habilitaram às aulas.“Deu muito certo. Nós tivemos várias notas acima de 900. Isso muito nos orgulha, junto à quantidade de alunos que também passaram”, conta João.
Para a diretora da Escola, Juliana Cabreira, o mais interessante do projeto é ver os alunos acreditando em seu próprio potencial. Os educadores comentam que, da turma de 2023, muitos alunos foram os primeiros na família a chegarem à universidade. Além do conteúdo aplicado em sala de aula, o professor João conta com orientações sobre documentação e preenchimento de formulários.
Juliana destaca a importância de ampliar o conhecimento e ajudar os alunos. Ela comenta sobre os desafios enfrentados dentro da sala de aula, como a falta de um currículo adequado e as diversas demandas do dia a dia. Para os educadores, a escola é um espaço não apenas de aprendizado, mas também de troca e sociabilidade. A diretora acredita que, se puderem contribuir para melhorar a educação e apoiar os estudantes, estarão cumprindo seu papel.
Futuro de qualidade pela Educação
As aulas preparatórias para o Enem na Escola São João Batista atraem estudantes que equilibram trabalho e estudo. Com encontros diários, das 19h às 21h30, a rotina dos alunos é cansativa, mas eles estão comprometidos.
Os encontros são divididos em ciclos: três semanas de ensino sobre as ciências humanas e linguagens, incluindo redação, e três semanas com conteúdos de ciências da natureza e matemática. A redação é um componente fixo até o final do curso, em novembro, quando será realizado um “aulão” na escola.
As oficinas atendem alunos que concluíram o ensino médio na São João Batista e alguns de outras escolas, como o CIEP. A iniciativa faz parte das ações de extensão da escola, que busca abrir suas portas para a comunidade, promovendo uma educação de qualidade.
Os professores têm liberdade para usar a matriz de referência do Enem, que define competências e áreas de conhecimento. Cada docente recebe essa matriz, analisa as provas anteriores e cria sua metodologia.
Satisfação com os resultados
Segundo a diretora Juliana, a Escola está sempre inovando. O projeto de aulas preparatórias para o Enem busca complementar o ensino regular, que muitas vezes não oferece suporte suficiente. Para ela é gratificante ver os estudantes focados e os professores contentes com a participação e resultados.
A equipe de professores voluntários busca maneiras de potencializar os recursos disponíveis para melhor atender os alunos. “Nos deixa muito felizes vários dos nossos colegas terem aceito participar dessa proposta. Os professores chegam contentes, saem da sala contentes, já felizes pra próxima aula, é muito gratificante”, compartilha a diretora.
Passos rumo ao Ensino Superior
Kimbberlly Gedoz, 17 anos, estudante do terceiro ano do ensino médio, quer ser bióloga e acredita que a preparação adicional será fundamental para alcançar seu sonho. Sem ter muito tempo livre para estudar em casa, o reforço escolar se mostra eficaz. Kimbberlly destaca a importância da troca de ideias para o aprendizado e acredita que esse ambiente facilita a resolução de dúvidas.
A jovem também menciona que o reforço está ajudando, especialmente porque, desde o primeiro ano, não tinha noção clara de como são as provas do Enem. Ela afirma que não imaginava como seria fazer a redação ou responder às questões. Com as aulas de reforço, os professores apresentam essas questões e explicam como é a prova, o que tem ajudado Kimbberlly a entender melhor o que esperar no dia do exame. “Os professores estão saindo de casa para fazer o melhor para os alunos. Essa iniciativa do professor João Batista, junto com a direção, é muito importante”, avalia a estudante.
Theo Lucca Rascher, 17, estudante do terceiro, concorda com a colega Kimbberlly sobre a importância das aulas de reforço. Ele ressalta a iniciativa como um movimento significativo, destacando que a maioria dos cursos preparatórios presenciais são pagos. Theo, que tem o objetivo de cursar medicina, afirma que precisa estudar intensivamente para entrar em uma universidade, e participar dessa oportunidade gratuita foi motivada pelo interesse em adquirir mais conhecimento.
Theo comenta que, desde o primeiro ano na Escola, já houve iniciativas para reforçar o que os alunos tinham aprendido. No entanto, com a chegada do projeto pré-Enem, o foco agora é diretamente no que cai na prova, proporcionando um reforço mais direcionado e eficaz para os estudantes.
Professores voluntários que atuam no projeto
João Batista Goulart
Marciano Gaspareto
Tiago Eidelwein
Janaina Kefer
Jean Paulo dos Santos
Magali Garcia
Lucas Marques
Mariana Schassler
Márcia Machado
Flávia Quinhones