Não basta só ensinar. Tem que brincar e entreter

Inglês. Pedagoga Thaís Schuster destaca que a idade certa para aprender é a partir dos 2, mas é preciso ter estratégia

Ser fluente em Inglês é cada vez mais importante. Viagens, trabalhos, séries e filmes, a língua de Shakespeare está em toda parte. Sendo assim, as crianças também ficam expostas ao conteúdo de alguma forma. A dúvida é: a partir de que idade os pequenos devem conhecer e aprender outro idioma?

Para a orientadora de educação profissional no Senac e pedagoga, Thaís Schuster, a introdução de um segundo idioma pode ser feita a partir dos dois anos. Mais do que uma possibilidade, o aprendizado na infância traz diversos benefícios: “os pequenos tendem a desenvolver uma atenção maior às duas línguas, na audição e expressão, além de ter ganhos cognitivos, pois seu pensamento e compreensão são acelerados.” Também aprendem de uma só vez, segundo Thaís, a decodificar a língua falada e a escrita.

Esse processo deve iniciar no mesmo período em que a escola põe essas disciplinas na grade curricular. As aulas, conforme a orientadora, devem ser ministradas em Português ou Inglês, permitindo que os alunos questionem em sua língua-mãe e obtenham as respostas no idioma que estão aprendendo.

No entanto, a docente explica que o público infantil pode ser exigente, à medida que precisa ser estimulado por meio de atividades lúdicas: “É preciso criar dinâmicas divertidas, através das quais a criança se motiva a aprender pelo estímulo da diversão.” Naturalmente, as crianças precisam prender a atenção naquilo que estão absorvendo de conhecimento. Para isso, também são recomendados trabalhos em equipes.

Mas não é só na escola o lugar de aprender. Os pais também podem – e devem – estimular o aprendizado e o interesse pelos estudos da criança. Pode ser jogando, olhando filmes e séries, lendo um livro, perguntando ao filho sobre atividades realizadas em aula. O jeito não é o mais importante, mas, sim, que a criança aprenda.

Estimular x Aprender
Os pais devem incentivar os filhos e acompanhar esse período de novidades. “Acredito que fazer curso de Inglês melhora o relacionamento interpessoal e também porque é muito importante uma segunda língua futuramente”, afirma Jordana Garcia de Oliveira, mãe do aluno Otávio de Oliveira Silveira, 8 anos. O garotinho aposta no aprendizado. “Quero trabalhar em outro lugar, viajar para outros

ELLEN Flores Santos, 10 anos

países e poder falar com tranquilidade”, planeja. Mas ele confessa: “só estudo quando tenho tema.”

“Nessa fase, o aprendizado acontece mais rápido e o Inglês faz diferença na vida profissional. Aprender a segunda língua estimula o desenvolvimento intelectual e cultural. A criança passa a ter contato com novas culturas e vai ver que o mundo é maior do que a realidade

CARLOS Eduardo Vianna, 8 anos

que vive rotineiramente”, ressalta Fernando Hartmann, pai da aluna Alice Hartmann, de 9 anos. Ela deseja fazer intercâmbio no Canadá e gosta das brincadeiras que sua professora propõe.

CARLOS Eduardo Vianna, 8 anos

Paulo Roberto Vianna, pai do aluno Carlos Eduardo Vianna, de 8 anos, resolveu colocar o menino no curso porque acredita que o Inglês será um diferencial competitivo no futuro. “O fato de ele aprender mais rápido agora vai facilitar o desenvolvimento daqui pra frente”, aposta. O filho conta por que gosta das aulas: “fazemos várias atividades. A ‘prof’ é legal, gosto de aprender sobre o Canadá (cujo conteúdo está sendo passado agora, sobre os bichos). E também porque fazemos novas amizades”, diz.

OTÁVIO de Oliveira Silveira, 8 anos

“Gosto das brincadeiras. Quando for maior, já vou aprender coisas mais avançadas. Eu sempre estudo, mas ainda preciso procurar palavras no Google Tradutor”, afirma Ellen Flores Santos, 10 anos.

Débora Kronbauer, 21 anos, professora de Inglês, alerta que quanto mais cedo, mais fácil aprender. “Torna-se novidade na vida dos pequenos, mas a aula não pode ser maçante, tem que fazer com que se divirtam, que tenham vontade de estar ali”.

Estudar para poder viajar pelo exterior
Marina Sucolotti Schmitz, de 17 anos, começou a estudar a Língua Inglesa com cinco anos e se formou com 14. Aos 15, ela viajou para Orlando e Miami, porque queria ir à Disney para ver o Mickey – verdadeiro motivo de ter iniciado o curso. “Muita gente diz que, quando somos crianças, vamos esquecer o conteúdo depois de adultos, por estarmos aprendendo tão cedo. Mas não é verdade”, garante. “Ajudou muito ter começado desde pequena e acho importante para a criança ter um aprendizado diferente”, ressalta. Além disso, o bom de formar-se cedo, conforme a estudante, é que depois sobra tempo para iniciar outros estudos. “Para gravar, também têm vários modos. Têm várias músicas que ensinam o alfabeto, por exemplo. Depois de um tempo, tu já consegues decifrar o que os cantores dizem até estar formado”, conclui.

“É outro código de comunicação”

MARINA Schmitz, 17 anos, na Disney, em 2015
Foto: internet

Neurologicamente, a criança está mais aberta ao conhecimento e às novidades. “Para ela, o Português vai ser paralelo ao Inglês. Então como ela aprende a língua-mãe, vai aprender a inglesa também”, explica Roberta Rigon, orientadora pedagógica do Yázigi Montenegro.

Evidentemente, é fundamental que os pais apoiem os filhos neste sentido, mas o aprendizado não pode tornar-se uma obrigação. “A criança deve, sim, fazer cursos já na infância porque, para ela, vai ser tudo novidade e o conhecimento em cima de outras culturas vai surgindo naturalmente”, afirma Roberta. “No entanto, a atenção deve ser redobrada para não ser algo imposto pelos pais a vida toda”, alerta.

É natural também que haja uma mistura dos dois idiomas por parte do aluno que recém iniciou o curso, mas isso deve ser encarado de uma forma positiva. “A criança pode dizer que a blusa é ‘blue’ (azul). O correto é, na Língua Portuguesa, falar que a blusa é azul”, destaca Roberta. “Mas isso apenas significa que ela está dominando o conteúdo e é evidente que esses errinhos vão acontecer”, defende.

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