Famurs aguarda posicionamento de suas associações
Após uma primeira conversa entre o Governo do Estado e a Federação das Associações Municipais do Rio Grande do Sul (Famurs), amplia-se o debate sobre o retorno às aulas. Nesta sexta-feira, 14, às 9h, de forma virtual, acontece uma reunião sobre o tema com os integrantes da Associação dos Municípios do Vale do Rio Caí (Amvarc). Assim como a Amvarc, outras associações regionais debaterão o assunto e encaminharão suas sugestões para a Famurs. O retorno destas organizações deve ser analisado, novamente, em reuniões que ocorrerão ao longo das próximas semanas.
Na primeira conversa entre Estado e Famurs sobre a retomada das aulas presenciais no Rio Grande do Sul em modelo híbrido, que ocorreu de forma virtual na terça-feira, dia 11, foram apresentadas algumas sugestões de datas e possibilidades. A sugestão inicial apresentada pelo Estado propõe o retorno gradual e escalonado das aulas a partir de 31 de agosto para as redes pública e privada.
O primeiro nível a voltar seria o Ensino Infantil. O Ensino Superior retornaria em 14 de setembro, o Médio e o Técnico, em 21 de setembro, os Anos Finais do Ensino Fundamental, em 28 de setembro e os Anos Iniciais, em 8 de outubro. Pela proposta do Estado, o retorno às aulas presenciais ocorrerá somente nas regiões que estiverem em bandeira amarela e laranja.
“É evidente que não colocaremos nossas crianças e nossa equipe de educação em risco sem termos segurança dessa redução de contágio”, afirmou o governador Eduardo Leite. “Vamos reduzir o nível de exposição presencialmente, dividindo turnos e horários, mas é importante que se mantenha algum nível de contato entre professor e aluno para reduzirmos os danos de aprendizagem devido à pandemia”, explicou.
Para garantir a segurança dos alunos e dos professores, o Estado prevê a compra de equipamentos de proteção individual para alunos e professores da rede estadual, como mais de 9,8 mil termômetros de testa, mais de 328 mil máscaras de uso infantil, mais de 1,9 milhão de máscaras de tamanho infanto-juvenil e mais de 1,3 milhão de máscaras para adultos. No total, o investimento somente em equipamentos de proteção individual (EPIs) será de cerca de R$ 15,3 milhões.
Para o presidente da Famurs, Maneco Hassen, a sugestão proposta pelo Estado não demonstrou preocupação com os Municípios, deixando vago elementos que possam auxiliar os gestores municipais na tomada de decisão, como transporte escolar e impossibilidade de contrações devido ao período eleitoral. Na opinião de Maneco, é preciso incluir no debate o Ministério Público e Tribunal de Contas, devido inúmeras questões que serão levantadas. O presidente também manifestou que o tema é delicado e precisa ser amplamente debatido, se comprometendo em realizar uma pesquisa com todos os Municípios gaúchos.
Undime/RS pede retomada pela Educação Superior
Em nota assinada pelo seu presidente, Marcelo Augusto Mallmann, a União dos Dirigentes Municipais de Educação do Rio Grande do Sul (Undime/RS) reiterou sua posição afirmando que a retomada do ensino deve iniciar pelos seus níveis superiores. No documento, a entidade representativa dos secretários municipais de educação gaúchos pede que a volta às aulas inicie pela Educação Superior, seguida pelos Cursos Técnicos e Profissionalizantes, pelo Ensino Médio, então Ensino Fundamental e, por último, pela pré-Escola.
“Em caso de retomada, diante da impossibilidade de atendimento dos protocolos estabelecidos, que o retorno da etapa Creche (0 a 3 anos) ocorra se, e somente se, existir vacina disponível para imunização”, reforça a nota. O documento enfatiza, ainda, a necessidade de que as aulas de todos os níveis ocorram em períodos esparsos e distintos.
A manifestação salienta que o retorno às atividades educacionais na forma presencial, deve ocorrer apenas somente se os órgãos de saúde, balizados pela ciência, considerarem a existência das condições necessárias. A entidade defende, ainda, a necessidade de um planejamento prévio, em regime de colaboração, com pelo menos 15 dias de antecedência, para que a retomada das atividades escolares seja possível, em atendimento aos protocolos sanitários e assegurando as efetivas condições de segurança em saúde para todo o ambiente escolar.
Cpers se opõe à retomada das aulas
“Escolas fechadas, vidas preservadas”. É com esse lema que o Cpers/Sindicato se coloca contra o retorno das aulas presenciais enquanto o novo coronvírus circular. “Não apenas a pandemia está distante do pico como se alastra de forma acelerada no Estado, com casos e óbitos crescendo dia a dia. O consenso científico, ao contrário das opiniões do governador, não mudou desde o primeiro fechamento das escolas: isolamento social é a única forma de conter o avanço da Covid-19”, diz nota publicada pela entidade.
Na manifestação, o Cpers aponta que grande número de educadores pertence a grupos de risco. Agravam o quadro também, segundo o sindicato, a falta de estrutura e de recursos da rede pública de ensino para cumprir protocolos de segurança. “Análise do Dieese baseada nas redes públicas e privadas de todos os níveis de ensino demonstra que reabrir as instituições colocaria 3,5 milhões de gaúchos na linha de frente de contágio”, salienta a nota.
A entidade que representa educadores da rede estadual alerta que a categoria deve estar atenta e se preparar para resistir às tentativas de expor a comunidade escolar aos perigos da pandemia.
Escolas da rede privada de Montenegro se adaptam para receber alunos
Atendendo desde a Educação Infantil até o Ensino Médio e Técnico, as escolas privadas Colégio Sinodal Progresso e Instituto de Educação São José estão se adaptando para voltar a receber seus alunos. A diretora do São José, Maria Helena Schüler Luft, conta que desde junho a equipe diretiva estuda protocolos e realiza adequações necessárias para segui-los. No entanto, a gestora observa que o plano de retomada pensado pela escola não planejava o início pela Educação Infantil. Ela salienta, ainda, que é necessário aprofundar as discussões não só em âmbito estadual, mas também municipal.
Sobre as mudanças preparadas para receber os alunos quando as aulas voltarem, Maria Helena diz que elas são tanto estruturais quanto pedagógicas. Segundo a diretora, elas vão desde a aferição da temperatura ao chegar à escola, escalonamentos de horários de chegada e tapetes sanitizantes em todas as entradas das salas de aula até a continuidade do ensino remoto em algumas disciplinas e do ensino híbrido intencional.
O diretor do Sinodal, Lorio José Schrammel, diz que a instituição está com seus planos de contingência, de saúde e de acolhimento prontos. “O plano de contigência já foi aprovado pelo comitê interno e pelo comitê municipal. Na próxima semana vamos ter as avaliações de toda a organização da escola pelos dois comitês”, afirma. A equipe gestora também se prepara para receber do dia 24 ao dia 28 deste mês os pais para que eles conheçam a nova organização da escola e esclarecer dúvidas. Sobre a data de retomada das aulas e por quais níveis, Lorio afirma que serão seguidas as orientações dos órgãos competentes.