Conforme dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, cada brasileiro consome, em média, 154 litros de água por dia. Embora esse número possa parecer modesto, ele supera os 110 litros diários recomendados pela Organização das Nações Unidas (ONU), indicando a necessidade de um uso mais consciente dos recursos hídricos.
Esta média de consumo é refletida na conta de água mensal, mas a preocupação deve se expandir além do uso direto. Bernardo Caldas Oliveira, analista do programa de Ciências e Iniciativa de Águas da World Wide Fund for Nature (WWF), destaca a importância da “pegada hídrica”, uma metodologia que mede o consumo indireto de água. Esta ferramenta revela o quanto de água é necessário, por exemplo, para fabricar um telefone ou computador, oferecendo um panorama sobre nossa demanda por água.
Os dados relacionados à pegada hídrica no Brasil são impressionantes. Apesar de possuir a sétima maior economia do mundo, o Brasil registra uma pegada hídrica que ultrapassa dois milhões de litros de água por ano. Em contraste, a China, maior economia mundial, contabiliza pouco mais de um milhão de litros. Tais estatísticas provocam reflexões sobre o uso dos recursos hídricos no país.
O cálculo da pegada hídrica considera não só a água necessária para a produção de bens, mas também a quantidade requerida para diluir a poluição gerada durante o processo produtivo. Segundo a organização internacional Water Footprint, desde a semente até a degradação, uma xícara de café demanda 132 litros de água; uma camisa de algodão, 2.500 litros; um quilo de azeitonas, mais de 3.000 litros; uma calça jeans, quase 11.000 litros; e um carro, impressionantes 400.000 litros.
Esses números revelam a complexidade e a profundidade do consumo de água, lembrando que nossas escolhas diárias influenciam diretamente o uso desse recurso vital. Repensar nosso consumo é urgente para garantir a sustentabilidade hídrica no futuro.