Além de desenvolver o trabalho em equipe e o contato com a música, os alunos aprendem a ter responsabilidade
O desfile cívico do dia 7 de setembro, em Montenegro, mostrou todo o potencial e talento dos estudantes participantes de bandas escolares. A cidade possui, atualmente, dez bandas marciais: as das Escolas Municipais de Ensino Fundamental Pedro João Müller, Professora Maria Josepha Alves de Oliveira, José Pedro Steigleder, Esperança, Dr. Walter Belian, Cinco de Maio e do Colégio Estadual Ivo Bühler, e as bandas das Escolas Estaduais de Ensino Fundamental Yara Ferraz Gaia, Dr. Jorge Guilherme Moojen e Adelaide Sá Brito.
O professor de acordeon da Fundarte, Luciano Rhoden, coordena as bandas marciais das EMEFs Pedro João Müller, José Pedro Steigleder e Dr. Walter Belian, trabalhando com alunos do sexto ano no ensino fundamental em diante. No ano de 1999, ele começou a coordenar a banda da EMEF Cinco de Maio. “O legado que a banda marcial traz ao aluno é o do trabalho em equipe, ensinando também a ter disciplina, saber o momento de falar, o momento de se expressar e como se expressar”, declara.
Lucas Braga é estudante do curso de Graduação em Música: Licenciatura da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), de Montenegro, e começou no meio das bandas escolares em 2008, como aluno da Escola Esperança. Hoje ele coordena a banda marcial do Colégio Estadual Ivo Bühler – Ciep. “Penso que a banda marcial é o primeiro contato que um aluno de escola pública tem com a música, e esse contato ainda trabalha amizade, valores e responsabilidades”, diz.
Ele relata que, no ano em que ele ia completar 13 anos de idade, o Ciep tinha decidido não participar do desfile com a banda, pois os instrumentos estavam precários e não tinha quem coordenasse. “Me prontifiquei a coordenar a banda, para que o desfile ocorresse, mas o diretor foi muito relutante, afinal eu tinha 12 anos e ia coordenar uma banda com crianças de até mesmo 15 anos”, conta. Depois de muito insistir, o então diretor da escola permitiu que ele coordenasse a banda, e está lá desde então. Hoje, tem 20 anos de idade.
Carlos Alexandre Krahl, assim como Lucas, começou como aluno de banda marcial para depois se tornar professor. Formado em Pedagogia, Carlos coordena a banda da EEEF Yara Ferraz Gaia, além de duas bandas de escolas de Brochier e duas de Pareci Novo. “Em minha opinião, a participação dos alunos em bandas escolares os ajuda em sua formação social e musical. Em mais de 16 anos trabalhando como professor de música, já vi muitos alunos meus seguindo no ramo musical”, diz.
Sobre a iniciação musical que a participação na banda dá aos alunos, a professora Roberta Stiehl, que coordena a banda da EEEF Dr. Jorge Guilherme Moojen concorda. “A banda escolar é importante na formação dos alunos pois os faz vivenciar algo novo, permite que eles possam presenciar algo diferente das suas expectativas: a música”, acredita. Ela conta que os alunos desenvolvem a dedicação, o comprometimento e a responsabilidade de carregarem o nome de sua escola.
Além disso, Roberta acredita que a banda estimula a criação de vínculos entre os alunos, e que participar de uma banda marcial é algo que fica para sempre na vida dos estudantes. Como exemplo, ela cita a Banda Marcial São João Batista dos anos 60, que voltou a se encontrar esse ano para participar do desfile. “Vai saber se daqui a 30 ou 40 anos não vai se juntar novamente a banda que integrou o desfile do Moojen em 2017?”, diz, esperançosa.
Encontro em outubro
Nos anos de 2012 e 2013, o professor da Fundarte Luciano Rhoden organizou, juntamente com a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec) e com a Fundarte, encontros de bandas marciais. Os eventos ocorreram na Estação da Cultura de Montenegro e, além de apresentações das bandas, aconteceram práticas de oficinas, como manutenção de instrumentos, expressão corporal, entre outras.
Em 14 de outubro deste ano, o Colégio Estadual Ivo Bühler – Ciep sediará o Iº Encontro de Bandas Escolares do Ciep. O evento é organizado por Lucas Braga, o coordenador da banda marcial da escola. “Quando pensei no Encontro, tinha essa ideia de socialização e de resgatar a cultura das bandas escolares, que já foi muito presente em Montenegro”, declara Lucas.
“Quero quebrar a ideia de que a banda marcial só existe para o desfile de 7 de setembro, ela existe também para promover a cultura e a arte”, conta Lucas. O Encontro tem início marcado para as 9h, e termina às 17h, tendo intervalos para o almoço e para lanches. Nesse meio tempo, serão realizadas apresentações das bandas e integração entre elas, e os alunos participarão de diversas oficinas.