EDUCAÇÃO também é ferramenta para estreitar laços de família
Quantos planos você deixou de lado por achar que está velho demais para correr atrás? Quantas vezes questionou a si: “será que ainda dá tempo de alcançar meu sonho?”. Para quem tem vontade, nunca é tarde para superar barreiras e lutar por aquilo que lhe fará evoluir e ser feliz. Seu Edemar Altair Fortunato da Costa, de 71 anos, acredita nisso e é exemplo de força de vontade para pessoas de todas as idades.
No dia 18 de dezembro de 2024, Edemar recebeu seu certificado de conclusão do Ensino Médio no curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA), no Colégio Científico em Montenegro. A cerimônia não foi marcada apenas pela emoção e satisfação de Edemar e de sua família, a ocasião destacou que sempre é tempo para aprender.
Alessandra Quadros da Costa, 41 anos, filha do então formando e professora na instituição de ensino, junto a sua mãe, dona Alita Quadros da Costa, 76, aplaudiu de pé a conquista do pai. O momento de vitória guardava memórias de dias difíceis até sua chegada. Lembranças essas que a família conta com orgulho, pois acredita que, além de transformadora, a educação une as pessoas.
Assim como muitos familiares dos leitores desta matéria, quando criança, Edemar estudou até o 5º ano do ensino fundamental e parou para trabalhar e ajudar nas despesas de casa. “Nessa época eu estava em idade de trabalhar e os estudos foram ficando. Não fiquei chateado, porque estava ajudando a família”, conta.
Quando já tinha mais de 50 anos, incentivado pela empresa onde trabalhava, ele retornou aos estudos e terminou o ensino fundamental. Porém, foi na própria família, anos mais tarde, que encontrou o “empurrãozinho” que estava faltando para concluir mais uma importante etapa em seu processo educacional.
Pai e filha unidos ainda mais pelo estudo
Seu Edemar sempre priorizou a educação de sua filha, Alessandra, antes de concluir os próprios estudos. Foi essa dedicação inicial que, anos mais tarde, criou as bases para que ela o incentivasse a voltar à sala de aula.
Alessandra, professora de Química e assistente social, recorda como tomou a iniciativa: “Eu morava em Triunfo quando comecei a dar aulas no São João Batista. Depois, comecei a dar aulas no Científico. Ouvi comentários sobre a abertura da EJA (Educação de Jovens e Adultos) e manifestei interesse em lecionar”, conta.
Foi nesse contexto que Alessandra teve a chance de levar seu pai para a EJA. “Ele iria a Montenegro para se matricular em uma escola de música, para fazer aulas de violão. Pensei: ‘Agora é a hora’. Mandei uma mensagem pedindo que ele trouxesse os óculos para assinar o contrato. Ele veio, assinou, e semanas depois eu estava dando aulas de Química para ele. Foi emocionante dar aula para meu próprio pai”, diz a educadora.
Ao longo do curso de um ano e meio, os estudos se tornaram um ponto de conexão entre os dois. Alessandra o ajudava nos fins de semana explicando conteúdo de Matemática, Química e Física. “Ele sempre me incentivou a estudar, e agora eu pude acompanhar meu pai nesse processo. Foi especial.” Os estudos não apenas abriram novos horizontes, mas fortaleceram os laços entre pai e filha, mostrando que a educação tem o poder de transformar vidas em qualquer fase.
Para Edemar, a experiência de retorno à sala de aula foi enriquecedora. Ele destaca a importância do aprendizado e do convívio com os colegas. “Sempre é hora de aprender. O ambiente era como uma família.”
A trajetória de Edemar também refletiu em outras pessoas. “Os colegas dele às vezes pensavam em desistir, mas olhavam para ele e continuaram. Foi uma troca rica entre pessoas experientes e jovens”, comenta sua esposa, que também completou o Ensino Fundamental e Médio, à base de superação.
Ao concluir a EJA, Edemar ganhou como presente um curso profissionalizante, que o motivou a buscar novos conhecimentos na área da agricultura, aprendendo sobre manejo de canteiros, terra e adubos.
Refletindo sobre sua caminhada, ele confirma que a conclusão dos estudos em um momento anterior poderia ter trazido mudanças para sua vida. No entanto, não carrega lamentações e deixa um recado para quem deseja algo, mas ainda não se encorajou a batalhar pelo que quer: “Nunca desista!”