Criadoras do Seminário foram homenageadas no evento
A Associação Cultural Beneficente Floresta Montenegrina realizou na noite dessa quarta-feira, 10, o Seminário “O Negro e a Educação”. A programação iniciou às 19h, com um Desfile de Modas da grife Nega Nagô, de Caxias do Sul, um dos pontos altos da noite. Também no mesmo horário aconteceu a exposição de bonecas do coletivo Obax Atelier. Já às 19h30min, a palestra “Atravessamento do Movimento Negro na História da Educação Nacional”, com Alexandre Ferraz da Conceição, foi destaque. Às 20h30min entrou em debate o tema “A Educação para as Relações Étnico Raciais e as Ações Possíveis no Chão da Escola”, com palestra de Roselaine Domingos de Castro Dias.
Conforme Letícia Santos, presidente da ACB Floresta Montenegrina, a ideia foi trazer novamente para debate o primeiro tema do Seminário, que foi criado em 1992. “A gente achou interessante retomar o Seminário pelo caráter vanguardista dele, ele foi um evento que começou a ocorrer 15 anos antes da Lei 10.639, e naquela época pouco se falava da questão da escola. O tempo passou e a gente ainda acha a pauta escolar muito importante”, declarou Letícia.
A pedagoga Roselaine Domingos de Castro Diaz foi uma das palestrantes e trouxe ainda uma exposição sobre livros com personagens negros. “A exposição vem trazer toda uma parte pedagógica, que precisa estar constituída em nossas escolas. A gente tem livros aqui com personagens negros, temos livros com personagens indígenas, bons protagonistas”, destaca. Em sua palestra, que abordou a questão das relações étnico raciais nas escolas, Roselaine trouxe uma bagagem de mais de 10 anos de estudo e pesquisa, no qual ela pode se aprofundar no tema. “Uma das perguntas que mais ouço é: na minha escola não tem criança negra, eu preciso ter bonecas negras? Sim, porque a criança que não é negra, ela precisa muito ter contato com a boneca negra, porque as bonecas são um dos brinquedos que mais desenvolvem afetividade. Esse movimento vai fazer toda a diferença na vida dela depois”, destaca Roselaine.
Noite de reconhecimento
O Evento também foi a oportunidade de homenagear os educadores que iniciaram o Seminário. Quem representou o grupo no evento foram: Elisabete Gonçalves, Mariéia Vargas e Inês do Santos. “As homenageadas foram as primeiras a realizarem o Seminário, foi com a coordenação da Elisabete Gonçalves e da Mariléia Vargas que o primeiro Seminário aconteceu. A idealização desse projeto foi delas. Então, como a gente está retomando depois de tantos anos é uma justa homenagem. A Inês dos Santos também fazia parte do grupo Consciência Negra, que junto com o Roberto dos Santos deu todo o suporte para a realização”, afirma Letícia Santos.
A professora Elisabete Gonçalves, uma das homenageadas, lembrou da importância da realização do Seminário em uma época que não se falava sobre o tema. “Juntamente com o professor Roberto dos Santos nós fomos pensando como trabalhar essa questão da negritude aqui em Montenegro, e, fundamentalmente, para a parte educacional”, comenta. Segundo a professora, a homenagem é o reconhecimento do trabalho de todo o Coletivo Consciência Negra, que idealizou o Seminário. “O reconhecimento é de todo o Coletivo, que trabalhou, que pensou a questão. Então é uma satisfação muito grade percebermos que teve repercussão o nosso trabalho e hoje está em todos os espaços da nossa sociedade”, diz Elizabete.