Aberta em 1999, New Games tornou-se, ano passado, a única a ainda atuar com aluguel de filmes em Montenegro
Negócio que já foi promissor, a locação de filmes caminha lentamente para a extinção. No auge, havia cerca de 15 empresas atuando no segmento. Hoje resta apenas uma. Há poucos dias, enquanto organizava nas prateleiras o mais novo lançamento em DVD e Blu-ray da loja – “Vingadores: Guerra Infinita” – o proprietário da New Games, Jaime Büttenbender, falou sobre a atual realidade do segmento em que atua. Com o fechamento da Vídeo Haus, em agosto do ano passado, sua empresa passou a ser a última videolocadora de Montenegro a ainda trabalhar com o aluguel de filmes.
“Chegou a ter 17 locadoras aqui na cidade”, ele lembra, apontando para um período de pico vivido entre os anos de 2003 e 2009, quando tinha negócio para todos. “Foi uma época top de movimentação”.
No município, Jaime foi pioneiro. Comprando o ponto e o estoque de uma loja que estava para fechar no edifício Fernanda, em 1999, ele foi o primeiro a apostar no formato do DVD, que, na época, ainda disputava o mercado com as antigas fitas VHS.
“Eu nem cheguei a trabalhar com o VHS. Ainda lembro que o primeiro DVD que eu comprei foi o do Matrix”, conta. Sucesso estrondoso dirigido pelos irmãos Wachowski naquele ano, a obra de ficção científica foi responsável pelo início do empreendimento montenegrino no ramo de filmes. Ano após ano, o consumidor foi se atualizando e investindo mais nos aparelhos de DVD. A aposta se mostrou certeira.
Com tanta procura, a New Games chegou a ter uma filial, seguindo no Fernanda e também no Condomínio Floresta Negra. Após, em 2006, as duas lojas se juntaram em um novo e único ponto, onde estão até hoje: na Rua Santos Dumont. A preocupação com a inovação não parou e o formato Blu-ray – vendido como o “novo DVD”, mas que ainda não conquistou o mercado de um todo – também apareceu primeiro por lá na cidade.
No momento, o que vale é a diversificação
A explicação para o encolhimento das videolocadoras, para Jaime, é clara. “Na época do auge, não existia a Netflix. Não tinha nem onde tu baixar um filme. O que tinha era mais complicado”, avalia. Hoje, assistir a uma película demanda menos esforço.
Para sobreviver com a loja, o foco tem sido a diversificação. “Se eu fosse ficar só com a videolocadora, já não valeria mais a pena ficar aberto. Mas aí eu também tenho a parte de games, da venda, de brinquedos. O que tem de novidade, que está entrando, a gente está colocando”, diz o empresário.
Ao contrário do que foi no passado, a New Games vem se apoiando mais fortemente nos videosgames – itens que seguem como aposta de outros estabelecimentos na cidade. Apesar de também serem atingidos pela “era online”, os jogos sobrevivem na parte da locação e são impulsionados pelo comércio de usados que é praticado pela loja. “O cara compra um jogo, joga e depois troca por 40, até 60% do que ele pagou”, diz Jaime. Nos jogos online, essa permuta não existe.
O empreendedor também comercializa equipamentos para os jogos. Para manter o giro de estoque, ainda, faz a venda dos filmes que já saíram de circulação na locação. “São filmes originais. Às vezes, o cara quer ter em casa, aí tem para vender”, explica.
Há quase vinte anos inovando no mercado
Na realidade atual da locação de filmes, Jaime Büttenbender conta que já não existem tanto aqueles “clientes de carteirinha”, que toda semana estavam na loja para retirar novos títulos. “Esses são poucos. Tem cara que fica seis meses sem aparecer, aí vem e loca quatro, cinco filmes”, aponta.
A empresa já conta com mais de 5 mil títulos, mantendo o giro de estoque com a comercialização. Mesmo com as constantes atualizações, obras como as das franquias “Senhor dos Anéis” e “Harry Potter” ainda despontam na lista dos mais retirados. E é do brasileiro “Tropa de Elite” a marca de maior quantidade de aquisições. Foram 15 cópias compradas para serem colocadas na locação.
A New Games tinha mais funcionários. Hoje, segue sendo tocada por Jaime e pelo atendente Eduardo Koetz Rodrigues, já com doze anos a serviço da empresa. Colecionando histórias, os dois lembram até hoje do cliente que arrancou a placa com o número de sua casa para usar como comprovante de residência no seu cadastro da loja. “Ele trouxe o comprovante e, mesmo assim, me abre uma pasta e tira a madeira pra mostrar que morava lá mesmo”, recorda Eduardo, entre risos.
De 2001 até o ano passado, os lançamentos no estabelecimento eram alugados no valor de R$ 5,00. “Aí, quando fechou as outras, eu botei pra R$ 7,00”, contra Jaime. “No começo, os caras até deram uma chiada”. Fora os lançamentos – sejam DVD’s ou Blu-ray’s – os filmes saem por R$ 3,50, com promoção para o aluguel de cinco títulos por R$ 10,00, com a duração de uma semana. “É o lazer mais barato que se tem hoje”, avalia o proprietário.