A Eletrobras está sendo privatizada e, como ocorreu com a abertura de capital da Petrobras, que seguiu estatal, e com a privatização da Vale do Rio Doce, o Governo Federal liberou a possibilidade de compra das ações da companhia com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, o FGTS. O percentual máximo de uso do fundo é inédito: até 50% do saldo pode ser usado na compra das ações. Mas os interessados precisam se mexer rápido. Esta quarta-feira, 8 de junho, é data final para a reserva dos investidores. É que, já no dia 9, conhecendo o tamanho da procura, ocorrerá a etapa de formação de preço. O valor de referência é de R$ 44,00 por ação. Em quinze dias, já devem iniciar as negociações das novas ações na Bolsa de Valores.
A privatização
A privatização da Eletrobras ocorrerá num modelo de capitalização, que permitirá a oferta de ações na Bolsa de Valores até o ponto em que a União deixe de ser a acionista majoritária. Ela deve ficar com cerca de 40% das ações. Nesse modelo, a Eletrobras deixará de ter um controlador definido, sendo que nenhum acionista terá poder de voto superior a 10% das ações da companhia. A intenção do Governo Federal é garantir cerca de R$ 67 bilhões com o negócio a longo prazo. Desses, R$ 32 bilhões serão destinados, ao longo de 25 anos, à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), visando atenuar efeitos dos reajustes tarifários na energia elétrica. Numa oferta primária, serão mais de 627 milhões de novas ações disponibilizadas.
Entenda como funciona a compra
O valor mínimo para uso das contas do FGTS para compra de ações da Eletrobras é de R$ 200,00; com o máximo sendo 50% do saldo das contas vinculadas ao CPF do trabalhador. A compra das ações, similar ao que ocorreu com a Petrobras e a Vale no passado, não é direta, mas via Fundos Mútuos de Privatização (FMP-FGTS). Vários bancos e corretoras já estruturaram suas carteiras para receberem esses recursos, dentre elas Caixa, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Santander, XP, Plural Investimentos e outras. É preciso ter ou fazer uma conta com elas. Se for escolher, atenção! Há taxa de administração das ações que vão de zero a 1% ao ano, segundo levantamento da Infomoney.
O passo inicial para quem se interessar pelo negócio, então, é autorizar o uso do fundo, ação intermediada pela Caixa Econômica Federal, que é responsável por gerir o FGTS. Isso pode ser feito pelo celular, via aplicativo do FGTS. Basta ir na opção “Autorizar bancos a consultarem seu FGTS”, então em “Aplicação nos Fundos Mútuos de Privatização FGTS” e, na sequência, selecionar o FMP Eletrobras.
Abrirá, assim, a tela para optar pela administradora (o banco ou a corretora) que você escolheu. Dada a autorização, você precisa procurar a instituição escolhida para, efetivamente, concluir o investimento.
Importante destacar que, compradas as ações com o FGTS, o prazo mínimo para começar a revendê-las é de um ano. Feita a venda, o valor retorna ao fundo do trabalhador e só pode ser sacado nas situações previstas em lei, como os saques-rescisão, a compra da casa própria ou doença grave.
E sem o FGTS?
Sem o FGTS também será possível comprar ações da Eletrobras, também com esse prazo de reserva do dia 8 de junho. É preciso abrir ou ter conta junto a banco ou corretora com os fundos disponíveis e comunicar a quantia de ações visadas e o quanto pretende investir. O valor mínimo, nesse caso, é de R$ 1 mil. O máximo, de R$ 1 milhão.
Comprar ou não comprar as ações?
Um primeiro ponto a observar é que, com a alta de juros, o FGTS ficou com um rendimento muito baixo, de 3% ao ano. Logo, qualquer possibilidade de retirada do valor para aportar em outra finalidade, com maior rendimento, cabe ser analisada. Porém, sempre com muita atenção.
Desde quando se abriu a possibilidade de compra de ações da Vale, até hoje, o fundo de privatização da companhia valorizou 3.426,4% frente a 133,4% do FGTS. Já no caso da Petrobras, a valorização foi de 1.236,2% ante a 152,7% do FGTS. Razão para se jogar na Eletrobras? Não. Uma é que bons resultados do passado não garantem que eles voltarão a ocorrer. Outra que, no caso da Petrobras, tem havido perdas nos fundos recentemente. Para a Eletrobras, especialistas alertam a potenciais de risco, como a obrigação – criada no Congresso para autorizar a privatização – de grandes investimentos em usinas em regiões onde ainda não há gasodutos para alimentar as termelétricas.
Fundos de ações são assim. Representam oportunidades de ganhos maiores, mas também de grandes perdas. Logo, o negócio é interessante, mas há riscos.
A principal orientação é, apesar de ser possível usar até metade do FGTS, não usar tudo isso. O fundo é um tipo de “poupança forçada” para emergências como uma demissão e, quem não tem uma reserva financeira em outro lugar, precisa ter isso em mente.
Já a quem tenha dinheiro na mão e avalia comprar fatias da Eletrobras cabe a consideração: estude também outros ativos. Diversifique, para não apostar tudo em um lugar só.
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