Mesmo tendo subido R$ 0,40, valor está mais em conta em nossa cidade
Em um mês, o valor da gasolina comum subiu R$ 0,40 em Montenegro; o equivalente a 6,18% segundo pesquisa atualizada pela coluna nessa terça-feira, 9 de novembro. O preço médio do combustível, em doze estabelecimentos pesquisados na área urbana, é de R$ 6,87. No mais caro, sai por R$ 6,89. No mais barato, R$ 6,78. É que, no meio do caminho, teve mais um reajuste de preços do produto nas refinarias, promovido pela Petrobras em 26 de outubro: 7,04% pra gasolina e 9,15% para o diesel. Ainda há o impacto extra da quebra de safra da cana-de-açúcar, que vem encarecendo o etanol anidro, cuja mistura à gasolina é obrigatória.
Comparação
O preço da gasolina está salgado em Montenegro – bem salgado – mas ainda é mais em conta que valores encontrados em postos da Grande Porto Alegre, por exemplo. Na Capital, tem gasolina vendida por, em média, R$ 7,15; segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Nós fomos conferir e, às margens da BR-386, tem combustível a R$ 7,13 em Nova Santa Rita. Na BR-116, por até R$ 7,19 em Canoas. Pelo resumo semanal da ANP, fechado na semana passada, a gasolina mais barata do Rio Grande do Sul foi encontrada em Novo Hamburgo, com média de R$ 6,71. São Leopoldo também é destaque, com média de R$ 6,78. Na outra ponta, está Bagé, onde o valor mais caro já beira os R$ 8,00: R$ 7,999.
Por que varia tanto de um lugar pra outro?
Em nota ao Seu Bolso, o sindicato dos postos de combustíveis do Estado (Sulpetro) informou que “diversos fatores influenciam no preço final dos combustíveis e cada posto é livre para praticar seus preços, baseados em gestão, custos fixos e variáveis do empreendimento (exemplos: encargos com folha de pagamentos, energia elétrica, manutenção dos espaços, aluguel, taxas de cartões, etc).”
Vai das possibilidades de cada um. Nisso, pode entrar uma série de variáveis: uma promoção, com margem de lucro reduzida, para atrair maior número de clientes; serviços extras oferecidos; negociação com a distribuidora para uma compra em maior quantidade e, assim, mais barata; a marca e procedência do combustível; as despesas do posto com funcionários e afins; o movimento de clientes que consome o estoque mais rápido, ou mais devagar, até uma nova aquisição da distribuidora (então, com preço atualizado). São vários fatores. Também há uma lógica regional, da concorrência, que é bastante competitiva no setor. Como a comercialização se relaciona diretamente com os deslocamentos, postos próximos geograficamente acabam praticando preços parecidos com foco, de um lado, em lucrar; e, de outro, em não perder os clientes.
A conclusão que se chega é da importância da pesquisa. Quando a diferença é grande, o caminho é planejar as viagens e trocar informações para aproveitar os preços mais em conta. Vale a pena!
Perspectiva é de que preços não voltem a baixar tão cedo
A coluna já explicou o que vem gerando a alta dos combustíveis; e a perspectiva é que eles não comecem a baixar tão cedo. O preço é pautado pela cotação do petróleo no mercado mundial e o commodity ainda está bastante caro. É que, após o período de isolamento social, a circulação de pessoas e a economia seguem aumentando num passo em que a produção do petróleo ainda não está acompanhando. Gera pouca oferta diante de muita procura; e o preço vai lá em cima.
Nisso, há um papel marcante da Organização dos Países Produtores de Petróleo, a Opep, um cartel que reúne 13 nações e concentra quase 33% da produção global do produto. Eles decidiram cortar a produção no ano passado, por conta da pandemia, e agora seguem com uma política de retomada gradual, que só deve chegar ao patamar normal no final do ano que vem. Também afetadas, grandes potências como Estados Unidos e Japão vêm pressionando a entidade para aumentar as exportações. Mas membros dela, como a Arábia Saudita, argumentam que ainda não é hora de injetar mais petróleo no mercado.
E já que o cenário é de paridade com o mercado internacional, o Brasil sente o impacto extra da desvalorização do real perante o dólar, a moeda à qual o petróleo está atrelado. O que dá força a esse movimento é a retirada do capital estrangeiro do País quando, aos investidores, se desenham cenários de incertezas quanto a nossa economia. O recente episódio do furo do teto de gastos, por exemplo, ajudou a elevar o dólar. E isso não deve melhorar muito. Ano que vem tem eleição e, costumeiramente, é um período de turbulência no mercado financeiro.
ICMS – o imposto estadual é um dos principais custos que compõem o preço da gasolina. Ele é calculado em uma alíquota fixa aplicada sobre o valor de venda; percentual que segue inalterado há anos. Mesmo assim, pra tentar conter as altas, o Conselho Nacional de Política Fazendária definiu que entre este mês e janeiro de 2022 o valor base para calcular o ICMS ficará congelado, mesmo se a gasolina subir. Deve minimizar o impacto de novas altas que podem estar por vir. Além disso, no Rio Grande do Sul, a alíquota do imposto vai cair de 30% para 25%; o que também vai oferecer algum alívio. Ao menos, uma notícia boa!
Rendimento da poupança vai mudar
A coluna já explicou como as altas da Selic, a taxa de juros básicos da economia, são uma ferramenta do Banco Central pra tentar conter a inflação ao deixar o crédito mais caro. Ela vem com uma sequência de reajustes e está em 7,75% ao ano. É certo que, em dezembro, seguirá subindo, pelo menos mais 1,5 ponto percentual. E, com isso, o rendimento da poupança, o mais tradicional do País, terá alteração.
É que, na regra atual, que vale desde maio de 2012 (na separação entre a “poupança velha” e a “poupança nova”), a poupança rende 70% da Selic quando esta estiver abaixo de 8,5% ao ano. Assim sendo, hoje, os 70% da Selic equivalem a 5,42% ao ano; ou 0,44% ao mês – o rendimento da poupança. Mas, em dezembro, a Selic deve ultrapassar a faixa dos 8,5% ao ano. Com isso, a poupança passa a ter um rendimento fixo de 0,5% ao mês; o mesmo da chamada “poupança velha”.
É bom, porque irá render mais, mas ainda segue sendo um rendimento muito abaixo da inflação. Ou seja, acaba havendo perda do poder de compra do poupador. A isenção de tributos é um atrativo na poupança, mas é importante analisar opções e ter certeza se, lá na caderneta, o seu dinheiro não está perdendo valor. Essa barreira da Selic, é claro, vai de encontro a isso. A poupança nunca irá render mais que os 0,5% para que os investidores sejam mais atraídos a outras alternativas, como os próprios títulos do governo.
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