Mantido no menor patamar da história por meses, a Selic – índice dos juros básicos da economia brasileira – foi aumentada de 2% para 2,75% na semana passada. E ao anunciar a decisão, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já adiantou que vem nova alta por aí, na mesma medida. A Selic deve chegar a 3,5% no início de maio. E a há prós e contras quanto a decisão.
A Selic é base de referência para a composição de juros das instituições financeiras. Ela baixa, nesse sentido, é dada como um estímulo à economia ao deixar o crédito atrativo para que pessoas e empresas peguem mais empréstimos e financiamentos. E no atual contexto de piora da pandemia, onde muitos estabelecimentos tiveram que demitir e passaram semanas sem funcionar, aumentar os juros pegou o mercado de surpresa. É que tende a dificultar o acesso a “socorros” financeiros a quem está em dificuldade e, ao que tudo indica, tornar a recuperação da economia ainda mais lenta.
Por outro lado, a Selic muito baixa vinha afastando investidores; gente que queria investir para fazer seu dinheiro render, mas se deparava com juros pouco atrativos. O aumento, nesse sentido, tende a frear um pouco a alta do dólar, pois deve trazer mais investidores de fora do Brasil que, no câmbio, farão circular maior quantidade da moeda estrangeira no País, diminuindo seu custo em relação ao real. É um incentivo, pela mesma razão, à Bolsa de Valores. Aos poucos, isso já vem sendo percebido, ainda que a atratividade do Brasil perante investidores do exterior seja diminuída por outros fatores de risco, como a própria situação da pandemia.
Mas freando a alta do dólar, tende a ceder a inflação no atacado e frear um pouco do aumento de algumas matérias-primas, contendo os preços. A balança entre o mercado interno e o externo fica um pouco mais equilibrada, também.
Há impacto, por exemplo, na própria gasolina que, na política de precificação da Petrobras, segue a cotação internacional do petróleo e é influenciada pelo câmbio. Ainda que pequena, de 5%, ela teve a primeira baixa do ano no último sábado após uma sequência de altas que vem levando o valor do produto às alturas. Em Montenegro, ontem, o preço médio da comum estava em R$ 5,70.
Ainda sobre investidores, a Selic em alta deixa atrativos, especialmente, às aplicações da renda fixa; consideradas as mais conservadores por sua previsibilidade. Exemplos são o Tesouro Selic, fixado pela taxa, e a própria caderneta de poupança, uma das mais populares. Como tem rendimento de 70% da Selic, ela passou de 1,4% ao ano para 1,9% ao ano (cerca de 0,16% ao mês). Melhor – cabe apontar – mas ainda bem abaixo da inflação, acumulada em 5%.