Por que os artigos da Casa do Produtor Rural são mais caros?

Na ponta do lápis são muitos os fatores que fazem subir os preços praticados por feirantes nas bancas de frutas e hortaliças existentes no estabelecimento

A Casa do Produtor Rural é um estabelecimento da Prefeitura que, com uma taxa, sede bancas para que os produtores rurais possam comercializar seus produtos. O local é um importante incentivo, pois garante que a produção montenegrina de hortaliças e outros itens tenha um posicionamento de mercado. Os preços da Casa, no entanto, assustam alguns consumidores.

Em levantamento, o Jornal Ibiá constatou que itens como alface, couve, beterraba e rúcula são, em média, 50% mais caros lá do que nos mercados da cidade. Mas é importante ter em conta algumas diferenciações da realidade e do tipo de produto que é encontrado em cada local.

A Prefeitura estipula como regra que 60% dos produtos da Casa do Produtor precisam ter sido cultivados na propriedade do dono da banca. A maioria dos itens disponíveis lá, então, não vieram da Ceasa ou de outra distribuidora. São locais, de Montenegro.

De acordo com o secretario municipal de Desenvolvimento Rural, Renato Kranz, responsável pelo local, isso garante que o item esteja fresco, colhido no dia em que está sendo comercializado na banca e sem ter passado por diversas etapas de transporte até chegar no consumidor final.

Conforme o Regimento Interno das 18 bancas da Casa, a precificação dos itens é feita com base na cotação dos produtos e no comércio local, mas, diante disso, existem algumas dificuldades. Se um mercado, com diversas linhas de produtos, pode comprar uma fruta por R$ 0,50 e vender por R$ 0,25 durante uma promoção, desde que adicione a margem de diferença em outro item – o sabonete fica mais caro, por exemplo – as bancas da Casa não têm essa possibilidade. “O produtor ali só tem aquele produto, aí precisa vender naquele preço ou ele terá prejuízo”, avalia Kranz.

Mas recebendo o espaço da Prefeitura, não caberia aos “feirantes” da Casa darem uma contrapartida aos munícipes, praticando um preço mais em conta apesar disso tudo? O secretário avalia que isso pode trazer dificuldades.

Ele explica que quem recebe a banca precisa pagar uma taxa mensal para as despesas, tem taxa de limpeza, tem o transporte da propriedade até o estabelecimento e, ainda, hoje acumula a aquisição do sistema de videomonitoramento recém instalado no prédio.

Kranz destaca, ainda, que a produção local se dá em menor quantidade, pois os agricultores não poderiam arcar com a perda de produtos. O secretário leva em conta, ainda, que, apesar de não ser regra, há a orientação – seguida pela maioria – de que a produção seja ecológica, sem o uso de fertilizantes químicos ou agrotóxicos. Há até um trabalho da secretaria que está visitando as propriedades, avaliando as práticas e dando instruções de manejo. “Estamos fazendo as visitas e estamos nos surpreendendo positivamente”, comemora.

Saudável para o consumidor e para o meio ambiente, a produção sem agrotóxicos é mais trabalhosa. E tem seus costos. Ela também atrai um nicho de mercado com maior poder aquisitivo e que paga mais pelos itens, todos fatores que influem nos preços praticados na Casa do Produtor Rural. Na hora de comprar, há muito a ser levado em conta.

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