Pequenos empresários têm confiança de melhoria na economia

Monitoramento feito pelo Sebrae/RS aponta esse e outros dados

Com a vacinação contra a Covid-19 avançando e o arrefecimento da pandemia do novo coronavírus, a economia dá sinais de retomada. Monitoramento dos pequenos negócios do Rio Grande do Sul feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RS) feito desde de abril de 2020 apontou em sua edição de julho 2021 um aumento na confiança de melhoria na economia do Estado. Segundo a pesquisa, 73% dos empresários entrevistados estão confiantes na melhora dos negócios para os próximos três meses.

A percepção e expectativa de melhora econômica é acompanhada por dados concretos. Na pesquisa realizada de 19 julho a 8 de agosto, 27% dos responsáveis pelo micro e pequenas empresas e microempreendedores individuais (MEI) informaram ter tido aumento no faturamento nos últimos 30 dias. Foi o maior percentual verificado desde o início do monitoramento.

Além disso, 41% dos entrevistados apontaram estabilidade no faturamento. O número de empreendimentos que apontou redução no faturamento caiu de 48% em junho para 32% em julho. Também foi a primeira vez da série histórica que nenhuma empresa apontou a intenção de fechar as portas nos próximos 30 dias.
“É possível afirmar que as expectativas dos empresários estão favoráveis, ou seja, se vislumbra um cenário positivo a médio prazo e por isso o empresário acaba decidindo em persistir, mantém a sua esperança de dias melhores”, destaca Junior Utzig, gestor de projetos do Sebrae/RS. Ele salienta que a retomada é gradual e que se tem percebido o crescimento da economia através da demanda acelerada por produtos e mão de obra.

Conforme o gestor de projetos do Sebrae/RS, muito do que acontece nas pequenas empresas é reflexo da economia. “As micro e pequenas empresas, além de representarem 99% dos CNPJs existentes no Brasil, também representam pela geração de mais de 50% dos empregos formais”, aponta. Junior salienta que elas também são importantes na distribuição da renda e no crescimento das comunidades.

Necessidade imposta pela pandemia
O monitoramento também apontou que uma das principais demandas registradas pelos micro e pequenos empresários é a orientação sobre o uso de ferramentas digitais para a venda e relacionamento com clientes. De acordo com Junior, isso é um reflexo direto da pandemia do novo coronavírus. “Com a restrição de circulação e de abertura dos negócios, acelerou um movimento digital nas pequenas empresas. Se antes ainda era sutil a presença de redes sociais como forma de divulgação e de relacionamento com o cliente, agora é fundamental que a empresa adote formas para se tornar digital”, analisa.

O gestor de projetos do Sebrae/RS destaca que não são necessários grandes investimentos em tecnologia para alcançar isso visto que muitas ferramentas são gratuitas ou de baixo custo. “Por isso é importante que o empreendedor vá ao encontro do cliente onde ele está. O comércio tradicional, de portas abertas, sempre vai existir e movimentar a economia das cidades, mas, hoje, as pessoas aprenderam e se acostumaram em acessar os negócios de forma digital, e ganhará quem for mais ágil e quem tiver o maior engajamento do consumidor”, reforça.

Orientações sobre uso de ferramentas digitais para vendas e relacionamento de clientes é uma das demandas dos empresários monitorados

Para encarar essa nova realidade, Junior diz que existem diversas fontes de informação. Uma delas é o próprio Sebrae/RS. No site da entidade, o www.sebraers.com.br, existem diversas capacitações gratuitas com foco no digital. “Também vale procurar saber como estão agindo seus concorrentes e parceiros para avaliar as abordagens dos outros”, aponta Junior. Por fim, o gestor de projetos ressalta que existem canais no YouTube que também exploram esse tema.

Pesquisa faz raio-x do empreendedorismo gaúcho
Além do monitoramento, foi apresentada nesse mês, a pesquisa Global Entrepreneuship Monitor (GEM): empreendedorismo no Rio Grande do Sul 2020. Ela revela que a taxa de empreendedorismo segue em alta no Estado e passou de 26,3% em 2018 para 36,5% em 2020. O índice gaúcho é maior que o brasileiro, que foi de 31,6%. De acordo com o Sebrae/RS, um dos participantes do estudo, isso demonstra que o efeito da pandemia sobre os negócios estabelecidos no Rio Grande do Sul foi menos severo que na média brasileira. O estudo foi conduzido pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) em parceria com o Sebrae/RS e traz diversos outros dados sobre os empreendedores gaúchos.

O levantamento mostra que 18,7% de empreendimentos nascentes, o que é considerado um percentual elevado, está associado a serviços de catering (quando a empresa prepara todos os pratos em um local), bufê e outros relacionados à comida preparada. Este tipo de serviço foi o que mais se destacou em relação aos empreendimentos novos, com 7%. Entre os empreendimentos já estabelecidos, o maior percentual de empreendedores está associado aos serviços de construção, com 8,4%. Alimentação foi o grande destaque na criação de novos negócios em 2020. Com a pandemia, enquanto vários setores se retraíram, esses serviços de catering e de comida, especialmente via delivery, ganharam e ocuparam espaços.

Com a pandemia, empreendimentos de comida,
principalmente os com entrega, ganharam espaço. FOTO: Reprodução/Pixabay

“Os dados revelados pela pesquisa GEM mostram que os empreendedores gaúchos respondem aos desafios com resiliência e corroboram diretamente com o desenvolvimento do nosso Estado, gerando emprego e renda”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae/RS, André Vanoni de Godoy. “Estamos juntos nessa trajetória, colaborando para a formação de um ambiente cada vez mais propício para a criação de novos e sólidos negócios, transformando a realidade econômica dos gaúchos”, reforça o representante da entidade.

A pesquisa GEM mostra que passou de 31% em 2018 para 50,4% em 2020 o índice de formalização, superando a média nacional de 44,2%. Outro dado relevante do levantamento é que, no Rio Grande do Sul, há maior resiliência e preservação dos negócios estabelecidos, mesmo na pandemia. A taxa de empreendedorismo estabelecido foi de 14,8%, enquanto no Brasil ficou em 8,7%.

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