Pesquisa apontou que 78% das famílias brasileiras com renda domiciliar de até dez salários mínimos possui dívidas
Em pesquisa recente da Confederação Nacional do Comércio Bens, Serviços e Turismos (CNC), o cartão de crédito foi apontado como o grande vilão das dívidas brasileiras. Aproximadamente 78% das famílias com renda domiciliar de até dez salários mínimos devem no cartão. E é muito fácil perder o controle. Um item de higiene pessoal aqui, um medicamento parcelado ali, e, quando vê, a fatura já ultrapassa os mil reais.
Com forma de pagamento facilitada, muitas vezes é preciso cortar gastos para que a conta do cartão não vire uma bola de neve. Se você quer eliminar de vez os excessos, basta organização. Segundo a economista Cidonea Machado Deponti, a oferta de crédito aliada à falta de educação financeira faz com que aumente o número de devedores. “Os endividados são todas as pessoas que têm dívidas, mas que ainda conseguem cumprir o seu pagamento, enquanto os sobreendividados são todos aqueles que já não conseguem fazer face às suas dívidas”, explica.
“O cartão de crédito é o maior vilão das contas: entre as famílias endividadas, 77% disseram ter contas a pagar nessa modalidade – que, em geral, tem os maiores juros do mercado. Em seguida, vêm os carnês (13,9%) e, em terceiro lugar, o financiamento de carro (10,6%). O financiamento da casa foi mencionado por 8,6%”, completa.
Falta educação financeira
“O brasileiro não apresenta uma boa disciplina financeira, a maioria da população gasta mais do que ganha. No entanto, o planejamento financeiro é fundamental para conseguir realizar seus sonhos, suas chances de comprar um imóvel, um carro, fazer uma viagem, comprar coisas para casa, planejar seu futuro profissional, dependem de como você está se organizando para atingir esses objetivos”, informa Cidonea.
E um bom planejamento financeiro, segundo ela, depende diretamente do controle dos gastos. “Todos sabemos que economizar dinheiro não é uma tarefa fácil, principalmente para quem ganha pouco. É ainda um desafio muito maior para quem está endividado. Assim, pensar em guardar uma parcela do salário se torna uma tarefa desafiadora que deve ser superada. No entanto, para conseguir cumprir essa tarefa, é preciso saber fazer escolhas e tomar algumas atitudes”, pontua.
Antes de comprar, questione-se
De acordo com a especialista, o consumidor deve se questionar antes de qualquer compra:
– Eu realmente preciso desse produto?
– Estou comprando por que necessito, por que está em liquidação ou por que estou cedendo à propaganda sedutora?
– Qual produto atende perfeitamente à minha necessidade?
– O que ele vai trazer de benefício para a minha vida?
– De quanto eu disponho efetivamente para gastar?
– Quais as condições que tenho para pagá-lo( comprar à vista, comprar a prazo e pagar juros)?
Dicas para evitar o endividamento
– Faça o seu orçamento mensal. Registre as despesas e custos fixos e compare com as suas receitas, verificando se tem condições para assumir um novo encargo no mês. As receitas deverão ser maiores que as despesas. Este exercício pode mesmo ajudar o consumidor a ajustar os seus consumos e a gerir melhor os seus gastos. A melhor forma de evitar dívidas e gastos excessivos é planejar o orçamento doméstico.
– Embora o orçamento varie de família para família, as despesas com habitação não devem pesar mais do que 35% do orçamento. E nas despesas da casa incluem-se: o empréstimo, juros e seguro, despesas como água, luz, gás, telefone, internet, etc. As despesas com transportes devem pesar 15%, incluindo prestação do carro, combustível, reparações, estacionamento, transportes públicos, etc. A alimentação deve pesar 25% do orçamento e inclui despesas com roupa, entretenimento, etc. 4 . Demais despesas devem pesar 15% do orçamento. O indicado é que se reserve 10% da renda mensal para reserva.
– Pague todas as contas à vista, assim você não fica devendo e ainda não paga juros.
– Não se deixe levar pelas propagandas de crédito fácil, isso é apenas ilusão, você terá que pagar pelo produto do mesmo jeito e ainda com juros.
– Cuidado com o seu cartão de crédito e cheque especial, esses podem ser grandes vilões para se colocar em um grande endividamento.
– Ponha um limite em suas compras, não adianta você comprar para pagar só no próximo mês, pois certamente no próximo mês você terá mais contas para pagar, então não compre mais do que você recebe.
– Corte gastos que não sejam realmente necessários.
– Caso constate que realmente necessita de um determinado produto, aproveite as liquidações, pechinche e faça comparação de preço;
– Faça uma poupança para alguma emergência.