Montenegro fecha primeiro semestre com queda na geração de empregos

Setores de Serviço e Agropecuária foram os únicos com saldo positivo

Na contramão do Estado, que fechou o primeiro semestre com saldo positivo na criação de emprego, Montenegro teve um resultado negativo. As empresas instaladas no município fecharam 130 postos de trabalho formal ao longo do primeiro semestre deste ano. O dado é do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, o Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O saldo negativo é resultado das 4.909 demissões diante de 4.779 contratações registradas no período. O mês em que mais foram registradas demissões foi maio, com 134 desligamentos.

Os dados negativos do semestre foram puxados, principalmente, pela Indústria. Sozinho, o setor foi responsável por 109 desligamentos. Na sequência aparece a Construção, com 95 postos de trabalho fechados, e Comércio, com 29 demissões. Os destaques positivos foram os setores de Serviços, com a criação de 89 vagas, e Agropecuária, com mais 14 postos de trabalho.
Dentro do setor de Serviços, que apresentou o maior crescimento, aparecem as atividades administrativas e serviços complementares, que tiveram saldo positivo de 57 vagas. As atividades ligadas à Saúde Humana e Serviços Sociais também forma destaque, com saldo positivo de 52 postos de trabalho. Ainda dentro do setor, a Educação esteve entre as atividades que mais geraram empregos formais, com saldo positivo de 35 vagas.

Na avaliação do secretário em substituição da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico de Montenegro, André Fernandes, a queda nos postos de trabalho formais nos setores de Indústria, Construção e Comércio era esperada, especialmente em razão da indefinição da reforma tributária e o consequente reflexo no resultado das empresas. “A possibilidade de reversão destes números também passa pela qualificação para os postos de trabalho, especialmente no setor da Indústria, que tem encontrado dificuldade para encontrar mão de obra disponível”, enfatiza Fernandes.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Montenegro/Pareci Novo, João Batista Garcia Dias, destaca que um dos principais fatores que influenciou na queda dos postos de trabalho na indústria do município foi o corte nos financiamentos do agronegócio. “Com isso, tu tens uma disponibilidade menor de dinheiro para a compra de equipamentos, o que afeta a economia local, porque tem muitos trabalhadores na indústria de máquinas agrícolas aqui no município”, pontua.

A queda do Comércio, segundo o presidente da ACI, se deve ao endividamento da população, que enfrenta um cenário de juros altos. “Os próprios financiamentos estão caros, o que provoca uma retração grande de consumo nesse início de ano. Como consequência, houve uma redução de pessoas trabalhando no comércio local, inclusive com alguns fechamentos de negócios”, enfatiza. João Batista Garcia Dias avalia que a melhora no cenário deve acontecer somente próximo do final do ano. “A gente ainda vai ter, nos próximos meses, mais quedas nos postos de trabalho para voltar a ter um equilíbrio mais para o fim de 2023”, conclui.

Setores de Comércio, Indústria e Construção apresentaram resultado negativo na criação de vagas de emprego em Montenegro

Brochier e São José do Sul foram destaques na região
O primeiro semestre de 2023 fechou com saldo positivo na criação de vagas de emprego em Brochier e São José do Sul. As empresas instaladas em Brochier abriram 29 postos de trabalho. O destaque foi o setor de Agropecuária, com a criação de 27 vagas. São José do Sul teve saldo positivo de 24 vagas, tendo a Indústria com melhor desempenho, com saldo positivo de 9 vagas.

Maratá teve redução de 6 vagas, puxada pelo setor da Indústria, com 9 postos de trabalho encerrados. Já Pareci Novo apresentou saldo negativo de 5 postos de trabalho, com destaque para o setor de Agropecuária, que fechou o semestre com 14 vagas fechadas.

Estado teve resultado positivo
Os dados do último levantamento do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados trouxeram uma boa notícia para o Rio Grande do Sul. O Estado finalizou o primeiro semestre de 2023 com um saldo positivo de 53.315 postos de trabalho.
Segundo as informações, o resultado é proveniente da diferença entre as 763.996 admissões e as 710.681 demissões ocorridas entre janeiro e junho deste ano. No último mês do semestre, o Estado também apresentou um saldo de 498 trabalhadores estrangeiros e 407 aprendizes. O salário médio foi de R$ 1.899,86.

Ainda segundo os números do Caged, as contratações foram impulsionadas pelos setores de serviços (30.655 postos) e da indústria (20.557). Nos seis primeiros meses do ano, o destaque ficou com fevereiro, que apresentou saldo positivo de 20.367 vínculos formais de emprego.

Para diretor-presidente da FGTAS, José Scorsatto, segundo semestre pode ter crescimento no comércio e na empregabilidade. Foto: Luís André/Secom

Para o diretor-presidente da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS), José Scorsatto, o resultado indica um possível crescimento mais expressivo para a segunda metade de 2023, impulsionado também pela queda na taxa básica de juros aprovada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última semana. “Vamos respeitar o que a economia nacional ditar. Tivemos uma baixa na taxa Selic e há projeções de que, até o final do ano, ela cairá ainda mais. Se a retração for significativa, como as análises indicam, o comércio aumenta as vendas e a indústria precisará empregar mais. Em consequência disso, crescerá a empregabilidade”, explica Scorsatto.

Ainda segundo ele, o crescimento dos postos de trabalhos gerados entre agosto e dezembro deve ser influenciado principalmente pela entrada dos safristas – pessoas contratadas para atender a demandas do setor agropecuário durante determinados períodos (como plantio, colheita e vacinação de animais). A partir de outubro, o litoral gaúcho também deve contribuir para o maior número de empregados.

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