Todos os postos de gasolina de Montenegro já estão revendendo a gasolina comum por mais de R$ 5,00 o litro. A ultrapassagem da marca ocorreu no final da semana retrasada, pré-Carnaval, e, no início da última semana, o preço mais caro praticado já chegava a R$ 5,09. Agora, a comum está saindo por R$ 5,39 no lugar mais caro. A média de valor nos doze estabelecimentos pesquisados pela reportagem é de R$ 5,25. A opção mais barata na área urbana é de R$ 5,12.
Já forçada por uma alta carga tributária, a precificação da gasolina vem sofrendo o impacto da série de reajustes promovida pela Petrobras no valor de saída do produto das refinarias; a primeira etapa da cadeia produtiva. Desde o início do ano, o litro do combustível acumula alta de 34,17%. O último reajuste ocorreu na sexta-feira passada, dia 19, e segundo a estatal, segue a política de buscar alinhamento ao mercado internacional. Além de, localmente, o Brasil estar sofrendo com a desvalorização do real; a cotação do petróleo a nível mundial está em alta, especialmente por causa de conflitos no Oriente Médio, onde ficam as maiores reservas do mundo. Há também impacto da onda de frio nos Estados Unidos e da perspectiva de aumento da demanda.
O mesmo fenômeno que encarece a gasolina também afeta o diesel e o gás de cozinha. A esses dois, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a isenção, por dois meses, dos tributos federais que incidem sobre o preço cobrado do consumidor final: o Pis, o Cofins e a Cide. Deve começar em março.Nesse mês, o governo federal também enviou ao Congresso projeto que muda a forma de cálculo do ICMS, imposto estadual que tem o maior peso no custo do produto, sobre os combustíveis em geral. Ainda foi assinado um decreto que obriga os postos a demonstrarem os impostos que estão incidindo sobre seus preços, medida que é vista como forma de aumentar a pressão pela tramitação do projeto do ICMS.
Sobre a política de reajustes da Petrobras, apesar de garantir que não interferirá nas decisões da estatal, Bolsonaro fez fortes críticas e, inclusive, indicou a substituição do presidente, Roberto Castello Branco, pelo general Joaquim Silva e Luna. O movimento teve consequências no mercado e fez a Petrobras perder valor na Bolsa. Em nota recente, a estatal reiterou que o alinhamento de preços é fundamental para que o mercado brasileiro siga sendo suprido sem risco de abastecimento; e especialistas apontam que ainda há espaço para novos reajustes.