Fim das negociações para venda da Braskem acende alerta sobre o Polo

Desde o ano passado, a empresa LyondellBasell, da Holanda, vinha negociando a compra da Braskem, cuja principal unidade fica no Polo Petroquímico de Triunfo. A ideia da interessada era obter a participação que tem o grupo Odebrecht no capital social da empresa, assumindo controle de 50,1% das ações com direito a voto. Nesta semana, no entanto, a holandesa anunciou que desistiu do negócio.

A reação no mercado financeiro foi praticamente imediata. As ações da Braskem na bolsa brasileira cederam 17,11% nos papéis referenciais, chegando ao patamar mais baixo desde 2015, no início da semana. Na bolsa de Nova York, as ações da companhia caíram 17,15%.

O reflexo na região é a incerteza em relação ao futuro. O grupo Odebrecht vem enfrentando dificuldades de caixa impulsionadas pelo escândalo da Operação Lava Jato. Uma das empresas do grupo, inclusive, já pediu recuperação judicial, devendo bilhões; e a venda da fatia da Braskem era dada como fundamental para equacionar as dívidas. Parte das ações da empresa do Polo, inclusive, já foram empenhadas em garantia a bancos como o Bradesco e o Itaú.

Durante evento que buscava investimentos ao Rio Grande do Sul, no Chile, o presidente do Sindicato das Indústrias Químicas (Sindiquim), Newton Battastini, comentou a questão. Ele disse que o fim das negociações gera a apreensão de uma estagnação de investimentos na planta de Triunfo.

Lideranças do segmento de fabricação de produtos plásticos, que consomem a matéria-prima da Braskem, também se manifestaram. Colocaram o receio de uma possível recuperação judicial da empresa, dada a situação do grupo, que afetaria seriamente o setor como um todo.

O grupo Odebrecht, em comunicado oficial, disse que seguirá buscando alternativas que agreguem valor à sua participação na companhia. O segundo maior detentor de ações com direito a voto na Braskem é a Petrobras, que possui 47% do capital social. Segundo informações, a estatal aguardava o fim das negociações para, também, vender sua fatia para a mesma compradora.

Prefeitura de Montenegro ainda quer entender melhor a questão
Principal projeto, hoje, visando o desenvolvimento econômico de Montenegro, o “Polo da Química” está diretamente ligado ao Polo Petroquímico de Triunfo. A ideia é justamente aproveitar as empresas locais que trabalham com a 1ª e a 2ª geração da cadeia petroquímica – segmentos liderados pela Braskem – para tornar a área do Distrito Industrial de Montenegro, do Distrito Industrial de Triunfo e do próprio Polo Petroqúmico um polo do segmento químico gaúcho, com empresas de 3ª geração.

Diretora de Indústria e Comércio, Cristiane Gehrke acredita que outros grupos devem expressar interesse na compra. CRÉDITO – FOTO: ARQUIVO/JORNAL IBIÁ

A situação financeira da Odebrecht e toda a questão do fim da negociação com a LyondellBasell acendeu o alerta por aqui. “Oficialmente, não chegou nada para nós, mas já estamos com conversas agendadas para entender melhor o processo e compreender quais são os impactos disso”, explica a diretora de Indústria e Comércio da Prefeitura, Cristiane Gehrke. “Isso deve acontecer nos próximos dias.”

Ela avalia, porém, que ainda não há razão para pânico. “Independentemente de toda a situação, a Braskem é uma potência. Mesmo que não aconteça essa venda, outros grupos devem estar interessados nessa aquisição”, coloca. “Não é uma preocupação de, daqui a pouco, ter perda de empregos ou coisa dessa natureza. A gente sabe que o mercado petroquímico, em termos de rendimento e de faturamento, é extremamente atrativo”.

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