MONTENEGRO vive alta de novos casos ao passo que cuidados vêm sendo colocados em segundo plano
Entre março e maio, a economia montenegrina sentiu o mais forte dos impactos das medidas impostas para conter o novo coronavírus. A determinação do fechamento completo das atividades não essenciais num período em que ainda se conhecia pouco do vírus e que, segundo as autoridades, era necessário para aumentar a capacidade de atendimento da rede de saúde, abalou muitas empresas. Empreendimentos acabaram fechados e, mesmo com programas governamentais para contê-las, as demissões ficaram em alta. Até o fim do primeiro semestre, 500 postos de trabalho tinham sido fechados nas empresas de Montenegro.
Felizmente, os meses passaram e a recuperação veio, com flexibilizações, ao passo que a pandemia abrandou e a população soube inserir os cuidados com a contaminação em seu dia a dia. Mas já não é mais o que se observa desde o fim de novembro.
Em bares e pubs, as aglomerações tornaram-se comuns. Nas ruas, é fácil passar por dezenas de pessoas que já não usam as máscaras, ainda obrigatórias dentro do Município. Enquanto isso, as notificações de novos casos de coronavírus cresce em nível tão desenfreado, que recordes de casos ativos paralelos são batidos diariamente, já na casa das nove centenas. Nos hospitais, o mesmo: leitos, antes fechados, voltaram a ser abertos e estão com alta carga de ocupação. Na Saúde, a preocupação é grande; e, com ela, a preocupação com a economia também.
“Observando o que vem acontecendo no litoral e em algumas festas onde estão sendo registradas aglomerações, falta bastante consciência coletiva. Parece que nós vivemos num mundo a parte, onde a contaminação dessas pessoas não acontece”, lamenta o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI) de Montenegro e Pareci Novo, Karl Kindel. “Talvez ninguém aguente mais, mas não dá pra tratar com essa irresponsabilidade.”
À frente de uma das principais entidades empresariais do Vale do Caí, Kindel conta que o empresariado observa com preocupação a alta no número de casos. Diz que as empresas que se mantiveram durante o fechamento, tinham uma “gordura” no orçamento que, agora, já foi queimada. “Não existe mais espaço para nós fecharmos as empresas. A classe empresarial olha isso com bastante preocupação porque sabe que se nós atingirmos os índices que o governo do Estado atribui à bandeira preta, o risco do fechamento das atividades é grande”, coloca.
A bandeira preta do Distanciamento Controlado não é uma realidade tão distante assim (veja na tabela). Na segunda quinzena de dezembro, ao calcular os índices de contaminações, óbitos e ocupação hospitalar da região em que está Montenegro, o Estado apontou a média ponderada de 2,24, a mais perto da classificação preta desde o início da vigência do modelo. A bandeira preta é a partir de 2,5. O cálculo serviu para alertar os governos estadual e municipais, que voltaram a reforçar suas capacidades de atendimento em saúde, mas o número de casos ativos segue crescendo.
“A gente não está tendo o controle da situação”, alertou a secretária municipal de Saúde, Cristina Reinheimer, em recente entrevista ao Ibiá. “E não podemos esquecer que a cada caso positivado, temos que considerar mais cinco pessoas contaminadas. Isso é muito preocupante. A gente vai no Centro, a gente caminha nos bairros… em qualquer lugar em que a gente for, as pessoas não estão usando a máscara que seria o essencial para este momento. É uma questão de bom senso.”