Condicionamento melhora a educação dos cães

Trabalho do adestrador garante mais disciplina ao cachorro e, por consequência, melhor convívio com os humanos

“Não pula!” “Fica!” “Senta!”. Essas são frases que todo dono de cachorro deve ter dito alguma vez em sua vida. De fato, ensinar um cachorrinho teimoso não é tarefa das mais fáceis. Embora existam alguns que sejam calmos, são muitos os que precisam de alguns “toques”, seja para não puxar o dono ao agarrar a coleira, nem avançar nos carros ou ainda não latir para os vizinhos. É justamente diante dessa necessidade que nasceu a profissão de adestrador.

Arthur Wollmann Soares é um deles. No comando de uma escola de obediência canina, ele explica que todo o treinamento dos pets se dá por meio de condicionamento. “Eu condiciono ele a fazer o que eu quero e premio ele por isso. Tem que ir repetindo e repetindo até que seja automático”, aponta. O “prêmio” varia, podendo ser um petisco, uma bolinha ou o simples carinho, de acordo com a identificação do que melhor estimula o animal. Quando ele faz o que não deve, Arthur balança uma garrafa pet cheia de britas, para que o barulho irritante seja sempre relacionado com a má atitude.

“Só tem que saber usar. Até para não ficar necessitando disso o resto da vida”, ressalta o profissional. “É que como em um esporte. Quanto mais tu praticar, melhor vai ficar.” O adestrador explica que o processo de treinamento é interpretado pelo cão como um desafio.

Para algumas raças, com muita energia, se não há um condicionamento, acabam sendo bolados desafios próprios para a ocupação. Arthur exemplifica a questão com a história de um Border Collie que teve o trabalho de se arrastar por debaixo de um carro, apenas para roer os cabos do freio do veículo. “Esse é um cão que tem muita inteligência e acaba que, se tu não ensina coisa boa, ele aprende coisa ruim.”

O processo de adestramento da escola começa na estrutura do local, com os primeiros ensinamentos. Após, os cães saem para as ruas,para que aprendam a lidar com outros estímulos, como os carros e as pessoas. O trabalho de Arthur leva em conta, ainda, a necessidade de reconhecimento do dono como figura de autoridade. É por isso que, frequentemente, são realizadas algumas atividades conjuntas de treino. “O cão sente muito de pessoa para pessoa, e sabe quem ele vai obedecer e quem não vai”, explica.

Creche para os cãezinhos interagirem

foto: Acervo Pessoal

Um dos serviços oferecidos pela escola é a “creche”, onde os cães passam o dia em um espaço para correr, com contato com a grama e com os outros animais. Tudo seguindo regras de condicionamento. “Muitas vezes o problema do cachorro é o estresse que ele tem. É de estar sempre preso dentro de um apartamento, por exemplo. O que é luxo para nós, não é luxo para eles”, relata Arthur. É nesse sentido que a creche é um prato cheio para os animais.

O funcionamento da escola se dá em dois pacotes. Um é o intensivo, no qual o cão fica direto no local, podendo ir para casa nos finais de semana, com o custo de R$ 700,00 mensais, mais a alimentação. Outro é o tradicional, com a ida duas vezes por semana, sendo o cão buscado em casa pela manhã e levado de volta no fim da tarde, custando R$ 300,00 mensais. Os resultados, de acordo com a necessidade do cliente, são aprimorados com o tempo. “Os que vêm duas vezes por semana, eu peço, normalmente, de 2 a 3 meses de trabalho. Mas, claro, aquele que fica um ano todo vai ter outro comportamento”, comenta.

Trajetória de dedicação e trabalho
A escola atende, atualmente, 31 cães. Arthur sabe o nome de todos. Ele conta que o empreendimento começou com o irmão, em meados de 2010, quando esse era professor de artes, mas também fazia o treinamento de alguns animais. Com o crescimento da demanda, logo a prática se tornou a atividade principal e Arthur, na época com 14 anos, começou a atuar, também, como adestrador. Neste início, pegava os cães já adestrados para dar continuidade ao trabalho. Em pouco tempo já estava iniciando o processo do zero.

O irmão transmitiu grande parte dos ensinamentos e ambos fizeram cursos para se aperfeiçoarem. “Há sete anos tenho contato com a área e tô sempre aprendendo”, declara o adestrador. Neste ano, ele assumiu por sua conta a coordenação da escola e o cuidado dos pets. Ali, com um espaço verde, os animais têm até uma piscina para que possam, nos dias quentes, treinar o nado e, consequentemente, a musculatura.

A empresa tem grande preocupação com a higiene, pelo cuidado necessário para a não transmissão de doenças de um cão para outro. É feita uma conversa com os donos, antes deles serem aceitos, e só entram na escola os animais que estejam devidamente vacinados.

Apaixonado por cães desde pequeno, Arthur se orgulha por ter encontrado nos pets a sua profissão. Tendo participado de diversas competições do gênero com seus próprios animais, ele coleciona, hoje, uma boa clientela e comemora o sucesso do empreendimento.

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