Crise, chuva e proximidade com a Páscoa foram fatores negativos na avaliação dos empresários
Chuva que ia e vinha, obras na Ramiro Barcelos, praticamente nenhuma vaga para estacionar. O sábado pré-Dia das Mães foi uma aventura para quem se arriscou a ir ao Centro de Montenegro comprar, de última hora, o presente das homenageadas do final de semana. Apesar do aparente movimento, no entanto, a avaliação dos lojistas é que as vendas foram moderadas.
“A gente esperava que se igualasse ao Natal, mas não foi o que a gente esperava”, lamenta a gerente de loja de vestuário, Nelci Neves. “O pessoal ainda está bem arredio e a chuva também atrapalhou bastante.”
Durante toda a semana anterior, ela conta, a empresa abriu ao meio dia buscando alavancar as vendas. Para quem passou por lá, as blusas foram os itens favoritos para presentear as mamães. “Os filhos chegam e já pedem que querem algo para a mãe. Alguns ainda são meio atrapalhados”, diz Nelci, sobre a indecisão na hora de escolher entre um presente e outro. Agora, a expectativa é pelo movimento de trocas.
“No sábado, teve quem comprou de manhã e já veio trocar de tarde”, revela a gerente de loja de calçados, Neiva Fussinger. Segundo o Procon, não havendo avaria nos produtos vendidos, os estabelecimentos não são obrigados a realizarem as trocas. Mas, até como forma de fidelizar os clientes, é comum que a prática seja aceita na maior parte do comércio. “Sempre tem um movimento”, adiciona a profissional.
Onde trabalha, Neiva destaca que o panorama de vendas foi um pouco melhor. “Foi mais ou menos parelho com o que houve no ano passado”, coloca. Ela lamenta, no entanto, que, além da chuva, a dificuldade do estacionamento foi potencializada pelas obras na esquina da Ramiro com a Osvaldo Aranha, o que limitou o fluxo de clientes e um crescimento mais acentuado no faturamento. “A Páscoa também foi muito tarde esse ano”, adiciona. “São duas datas próximas em que o pessoal dá presente.”
Apesar das ressalvas, ela conta que o movimento de última hora foi considerável na sexta e no sábado. Por lá, os filhos foram bem preparados para não errar no presente.
“Hoje, com site e o Facebook, muita gente já chega com a foto do que quer comprar”, aponta. Na próxima semana, a loja já começa a organizar a vitrine para o Dia dos Namorados, que ocorre só no próximo mês.
MÃES CONECTADAS
Na loja de eletrodomésticos e eletroeletrônicos em que gerencia, Cássio Azolin aponta o Dia das Mães como o “segundo Natal” em termo de vendas. “É uma data em que se consegue trabalhar bastante o marketing da loja. E as vendas são 30, 40% maiores do que no Dia dos Pais. A mãe tem uma importância enorme”, coloca.
Azolin conta que o movimento da última semana foi melhor do que o registrado no ano passado, mas destaca: “em função da retração do mercado, o valor do presente diminuiu”. No estabelecimento, ele diz, a maioria dos filhos levou a mãe junto para escolher o presente. O item favorito foi o smartphone. “As mães estão mais conectadas”, brinca o gerente.
DIA FLORIDO
Proprietária de floricultura, Marta Plentz optou por abrir sua loja também no domingo de manhã. Deu certo. “Choveu no sábado, aí no domingo o pessoal estava tudo desesperado”, brinca, comemorando as boas vendas que fez. Uma das principais datas comemorativas para a empresa, Marta conta que, por um mês, estava preparando o estoque. Muitos dos arranjos já ficaram pré-prontos só para a colocação das flores. “As vendas foram uns 40% melhores. Ano passado, o pessoal estava mais cuidadoso, mas, nesse, as pessoas estão bem mais confiantes”, avalia. Vindo de um bom Dia da Mulher, a expectativa também se volta, agora, para o Dia dos Namorados.
Floriculturas ainda sofrem com o comércio irregular
Apesar de comemorarem bons resultados no Dia das Mães, as floriculturas ainda sofrem com um problema que já é de anos e que dificulta que as vendas sejam ainda melhores: o comércio irregular. Em 2017, matéria do Ibiá já denunciava um comerciante ambulante que se fixava em uma calçada no Centro para comercializar flores em datas comemorativas, trazendo concorrência desleal. Isso continua.
“Nós estamos há quatro anos nessa função e nós queremos os nossos direitos”, lamenta a empresária do segmento, Dalva Azevedo. Sendo ambulante, não é legalizado que o vendedor faça da calçada o seu ponto fixo de venda. Dalva indica que ele não emite nota fiscal e não tem custos com impostos, nem com o prédio; acabando que, na irregularidade, consiga preços menores.
“Muitas pessoas não entendem, mas a gente sofre com isso”, ressalta. Ela aponta que o vendedor é de São Sebastião do Caí e tem veículos emplacados em Portão. “Ele não traz retorno nenhum para Montenegro”, salienta.
Em 2017, ela e um grupo de colegas do ramo foram à Prefeitura pedir auxílio sobre o caso. A resposta da Diretoria de Fiscalização, na época, era o reconhecimento de que a prática estava incorreta, mas a colocação de que, por contingenciamento, os servidores da fiscalização não poderiam fazer hora extra, atuando no sábado para autuar o responsável.
A reportagem buscou atualizar o posicionamento junto à Administração Municipal ontem, pela manhã, mas não recebeu retorno até o final do expediente da Prefeitura.