Evento teve palestra do economista-chefe da Sicredi Ouro Branco
A Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Montenegro e Região (ACI) realizou, nesta terça-feira, dia 1º, a primeira Reunião Almoço de 2025. O evento ocorreu no Cantegril Clube e teve como destaque a palestra do economista-chefe da Sicredi Ouro Branco, André Nunes, sobre o tema “Cenário Econômico e Perspectiva para 2025”. Nesta edição, a ACI não cobrou pelo almoço, solicitando apenas uma doação de R$ 10 para sócios e R$ 20 para não-sócios, valor destinado a uma entidade assistencial.
O presidente da ACI, João Batista Dias, o Tita, destacou a importância do evento como um espaço para conexões e troca de informações relevantes para os associados. Ele explicou que a escolha do tema econômico se deu pela influência direta das condições do mercado nos investimentos e nas decisões empresariais. Segundo ele, compreender as tendências econômicas é essencial para o planejamento dos negócios.
Durante a palestra, André Nunes abordou os impactos do cenário internacional na economia brasileira e os desafios enfrentados pelo país.

Ele destacou a volatilidade da taxa de juros e do câmbio no último ano, apontando como essas variações afetam o setor produtivo. O economista também analisou a influência das políticas comerciais dos Estados Unidos e seus reflexos no Brasil, especialmente no preço das commodities e nas exportações.
Em relação ao Rio Grande do Sul, Nunes observou que a economia do estado apresenta uma recuperação, impulsionada pelos investimentos e pelo mercado de crédito no período pós-enchente. No entanto, apontou desafios estruturais, como a necessidade de mão de obra qualificada, a logística e a competitividade.
Segundo ele, embora o cenário de curto prazo apresente crescimento acima da média nacional, questões de longo prazo exigem atenção para garantir a sustentabilidade econômica do estado.
Desafios fiscais e Dívida Pública
O economista-chefe da Sicredi Ouro Branco, André Nunes, apresentou um panorama sobre a economia brasileira. Em sua análise, destacou o crescimento das despesas públicas e os desafios para equilibrar as contas do país.
Nunes comparou a situação fiscal do Brasil à gestão de uma empresa, apontando que o país mantém um déficit orçamentário há uma década. Segundo ele, desde 2014, a receita governamental não tem sido suficiente para cobrir os gastos, resultando em uma trajetória de endividamento contínuo. Em 2022, mesmo com um crescimento de 9,7% na arrecadação acima da inflação, os recursos não foram suficientes para compensar o aumento das despesas.
O economista explicou que, para estabilizar a relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB), seria necessário um ajuste fiscal significativo. Ele estima que, na melhor das hipóteses, a estabilização ocorreria apenas em 2033. No entanto, questiona a viabilidade desse cenário diante da necessidade de gerar superávit primário por vários anos consecutivos.
Outro ponto abordado foi o impacto da trajetória da Dívida Pública no mercado financeiro. Segundo Nunes, o aumento da relação dívida/PIB em 14 pontos percentuais nos próximos quatro anos gera desconfiança entre investidores, que questionam como o governo conseguirá equilibrar as contas. Esse cenário tende a manter as taxas de juros elevadas, refletindo a percepção de risco sobre a capacidade do país de honrar seus compromissos.

Evolução e desafios macroeconômicos
André Nunes comparou a situação econômica atual do Brasil com a crise enfrentada entre os anos de 2014 e 2016, destacando avanços na microeconomia, mas alertando para desafios no cenário macroeconômico.
Segundo o economista, enquanto no período anterior o país enfrentava uma recessão severa com problemas estruturais, atualmente as dificuldades estão concentradas nas contas públicas. Ele apontou que, naquela época, os preços estavam artificialmente controlados, citando a Petrobras e o setor energético, que tiveram que reajustar valores posteriormente, impactando a economia por vários anos.
Entre os avanços destacados, ele mencionou a independência do Banco Central, a reforma trabalhista e a diversificação dos investimentos. Também ressaltou que o mercado de crédito, antes dependente de bancos públicos, passou a contar com mais concorrência e alternativas no setor financeiro. Esses fatores contribuíram para um crescimento médio do PIB de 3,2% nos últimos três anos.
No entanto, Nunes alertou que os desafios fiscais podem levar a um aumento das taxas de juros e a uma desaceleração econômica nos próximos meses. Ele afirma que, uma vez superadas as dificuldades no equilíbrio das contas públicas, há potencial para um crescimento econômico mais acelerado no futuro.