Quem tem aluguel de imóvel reajustado no mês de abril pode ver a despesa aumentando em até 8,32%. O dado, levantado pela Fundação Getulio Vargas, representa o acumulado já com a prévia do mês de abril para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que é conhecido como a “inflação dos aluguéis”. Em 2018, esse percentual, no mesmo mês, era de apenas 0,2%. Fica evidente que o reajuste deve pesar no bolso de muita gente para este ano.
Gerente de locação em imobiliária de Montenegro, Cristiana Oliveira explica que o IGP-M é o índice padrão para correção de valores no aluguel de imóveis, comerciais ou residenciais. “Só aluguéis de prefeituras que pedem para usar o INPC, mas, no geral, é o IGP-M”, ressalta.
Esse índice geral é atualizado mensalmente. Para verificar o reajuste, é preciso somar essas atualizações, mês a mês, até doze meses do “aniversário” do aluguel. Por exemplo: os 8,32% verificados para o aumento em abril de 2019 são o acumulado do IGP-M desde maio de 2018. É nesse “aniversário” que o valor a ser pago é ajustado para o novo ciclo de um ano.
Embora algumas imobiliárias locais já tenham repassado o reajuste conforme a prévia da Fundação Getúlio Vargas, Cristiana conta que costuma aguardar a oficialização do sindicato do setor para começar o recálculo dos contratos. “O sindicato nos passa geralmente pelo dia 15 do mês”, explica.
Por meses, no ano passado, o IGP-M vinha apresentando variações baixas ou negativas, sem demandar ajustes nos valores. Essa alta de abril é reflexo de um aumento iniciado em junho de 2018, mas que, como começa a pesar no bolso só com o acumulado dos doze meses, demorou um pouco a ser percebido pelos inquilinos brasileiros. De lá pra cá, chegou a ser até pior que os 8,32% atuais. Em novembro do ano passado, o índice esteve em preocupantes 10,79%.
Além dos alugueis, o IGP-M é usado para ajustes em alguns contratos de planos de saúde, seguros e mensalidades escolares. Para chegar nele, é feita uma avaliação ponderada de diferentes indicadores de mercado. Nisso entra desde os movimentos nos preços de produtos industriais e agropecuários até variações nos transportes, na saúde, na educação e em muitas outras despesas. Cada item tem um peso na atualização do índice final.
Montenegro tem registrado queda na procura por imóveis
Cristiana, gerente de locação na cidade, aponta que não há, hoje, o acompanhamento médio do preço do metro quadrado alugado em Montenegro. Ela aponta que os valores variam bastante, baseados no bairro, no estado de conservação do imóvel e na lógica da oferta e da procura. “Se tem muita procura e pouco imóvel, os aluguéis vão aumentar. Agora, se tem pouca procura e muito imóvel, os proprietários tem que baixar o valor. Não segue um padrão”, coloca.
De sua experiência no ramo, ela traz apontamentos alarmantes. “O aluguel comercial está tendo pouca procura já desde o início do ano passado. As pessoas estão entregando as salas alugadas e não têm pessoas abrindo negócios”, lamenta. As salas vazias para aluguel no Centro comprovam o fenômeno. Cristiana adiciona que, no que se refere ao aluguel residencial, o problema é o mesmo. “Eu noto que muitas pessoas estão indo embora de Montenegro. Tem muita entrega de imóveis e desocupação. Não estão vindo empresas de fora, então o pessoal está indo embora para procurar emprego em outro local”, aponta.