CUIDADO com os bichos que transmitem doenças aos seres humanos
Estar atento à carteira de vacinação, ao comportamento e a eventuais sintomas dos bichos de estimação são alguns deveres dos tutores. Quem convive com animais de companhia certamente já ouviu falar em zoonoses. São doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas, podendo ocorrer por bactérias, vírus, parasitas ou até mesmo acidentes com animais peçonhentos e venenosos. Este é considerado um campo enorme de doenças que acarretam diversos problemas para a Saúde Pública. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem mais de 200 tipos de zoonoses. Cerca de 60% das doenças infecciosas humanas têm sua origem em animais.
As principais formas de transmissão de zoonoses são pelo contato direto com a saliva, sangue, urina, muco, fezes ou outros fluídos corporais do animal infectado. Mordidas e arranhões entram neste mesmo grupo. Também é possível contrair com o contato indireto, ou seja, com áreas onde os animais vivem, incluindo objetos, meios ou superfícies que possam ter sido contaminados. Também ocorre a transmissão por vetores, ou seja, picadas de carrapato, mosquito, percevejo ou pulga e ainda, pela ingestão de alimentos contaminados, como leite não pasteurizado, carne ou ovos mal cozidos ou frutas e vegetais crus contaminados com fezes do animal infectado. A seguir, Patrícia Barros, enfermeira da Vigilância Epidemiológica do Município, explica sobre os principais animais transmissores destas doenças assim como seus sintomas.
Pomba doméstica
Segundo a enfermeira, a Pomba doméstica é um grande problema para a saúde pública, já que vários patógenos estão presentes nas fezes deste animal, que, quando secas, podem formar uma fina poeira que transporta fungos perigosos. “Além dos microorganismos observados, em fezes, a presença e permanência de pombas próximas às janelas, vãos de ar-condicionado e aberturas de residências, facilitam a invasão de artrópodes, principalmente carrapatos (Argas reflexus), ácaros (Dermanyssus gallinae) e percevejos (Cimex columbarius)”, destaca.
Animais peçonhentos e venenosos
Aranhas, cobras e escorpiões são os animais mais comuns em que ocorrem acidentes com humanos. “Na ocorrência do acidente, procure atendimento médico, de preferência leve o animal junto e/ou fotos do animal, para ser analisado e ser fornecido o tratamento adequado”, acrescenta Patrícia.
Ratos
Os ratos são os principais transmissores de Leptospirose e a transmissão ocorre no contato com a urina deste animal que estão infectados pela bactéria Leptospira. Segundo a profissional, a penetração ocorre através da pele com lesões, pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ou através de mucosas. “Casos humanos de leptospirose são registrados principalmente em comunidades após enchentes e desastres naturais. Desse modo, alguns cuidados devem ser observados durante a limpeza da lama residual e de reservatórios de água”, alerta. Esta doença inicia com sintomas de febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente nas panturrilhas), falta de apetite e náuseas/vômitos. Conforme Patrícia, é uma doença grave, podendo levar a morte em 40% dos casos e não existe vacina.
Morcegos
Os morcegos são os principais causadores da Raiva Humana no Brasil, sendo os mamíferos suscetíveis ao vírus. O cão e gato, quando estão com o vírus, transmitem a raiva (contido na saliva do animal), por mordedura, lambedura ou arranhadura. “Na ocorrência, deve-se lavar imediatamente a localidade com água corrente e sabão em abundância e procurar assistência médica para, se necessário, aplicação de vacina e/ou soro antirrábico”, detalha Patrícia. A vacinação só ocorre após o acidente.
Triatomíneos
Os Triatomíneos são os vetores da doença de chagas. Esta doença é uma infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Patrícia explica que ela apresenta uma fase aguda que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar de maneira assintomática, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva. Para esta doença, ela relembra que ainda não existe vacina.
Carrapatos
Estes, do gênero Amblyomma, são vetores da febre maculosa. Esta é uma doença infecciosa febril aguda. “Começa com febre, em geral alta, cefaléia, mialgia intensa, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos e também ainda não tem vacinação”, pontua Patrícia.
Gato
Quando doente com o fungo Spotothix, dentre os animais, o gato é o maior transmissor da Esporotricose, passando a doença adiante através de arranhadura e mordedura. Esta doença também é causada por micose subcutânea que surge quando este fungo penetra na pele por acidentes com espinhos, palha, lascas de madeira ou contato com vegetais em decomposição. Patrícia diz que os sintomas iniciam com feridas na pele nos casos iniciais e quando não tratados podem se espalhar para outros locais do corpo, como ossos, mucosas, entre outros orgãos. Para esta doença também não há vacina disponível.
Aedes aegypti
Este é o mosquito transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Segundo Patrícia, doenças transmitidas pelo Aedes vêm crescendo muito nos últimos anos em Montenegro. Após ser picado pelo mosquito, se contrair alguma das doenças citadas, por exemplo a dengue, você pode ter febre alta (maior que 38,5ºC), dores musculares intensas, dor ao movimentar os olhos, mal estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo. A zika e a chikungunya têm os mesmos sintomas, mas esta última ainda apresenta dores mais acentuadas nas articulações. Já se contrair a febre amarela, você pode ter febres súbitas, calafrios, dor de cabeça, dos nas costas, dos no corpo, náuseas, vômitos e fraqueza. A vacina para esta doença já é disponibilizada, enquanto das demais acima, ainda estão em fase de testes.
Mosquito palha
O Mosquito palha é um inseto que transmite o protozoário Leishmania chagasi através da picada. Patrícia explica que o mosquito pica o cachorro, por exemplo, e ele, contaminado, pica o humano. Sendo assim, é transmitida a leishmaniose visceral, que inicia com sintomas de febre persistente e apresenta também aumento de baço e fígado. Para humanos, a vacina também ainda não pode ser encontrada.
Atuação do Município
Patrícia Barros, enfermeira da Vigilância Epidemiológica do Município, explica que as zoonoses são monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde. Assim, toda ação, atividade e estratégia de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública desenvolvidas e executadas pela área de vigilância de zoonoses nas Vigilâncias Ambientais, devem ser precedidas por levantamento do contexto de impacto na saúde pública.
Ela ainda diz que as ações de prevenção de zoonoses caracterizam-se por serem executadas de forma temporária ou permanente, dependendo do contexto epidemiológico, por meio de ações, atividades e estratégias de educação em saúde, manejo ambiental e vacinação animal. “Hoje o Município atua nas Zoonoses pela Vigilância Ambiental composta pela equipe de agentes de endemias, desempenhando várias ações de vigilância ativa e juntamente com a Vigilância Epidemiológica através da investigação de humanos suspeitos de estarem doentes”, destaca.