Ação consciente minimiza efeitos de estiagem ou seca prolongada
A escassez de água é um problema que cada vez mais vem afetando diversas localidades do mundo todo, em decorrência principalmente do desenvolvimento desordenado das cidades, crescimento populacional e industrial, e poluição dos recursos hídricos. Todos estes fatores geram aumento na demanda pela água, o que provoca seu constante esgotamento. Uma das opções que evita o gasto excessivo deste recurso vital é o aproveitamento da água das chuvas para consumos que não exijam água potável. Valmir Michel, extensionista rural da Emater – Ascar/RS e técnico em agropecuária, explica que a armazenagem da água da chuva para utilização em residências e em propriedades rurais é uma prática antiga e que pode contribuir muito para minimizar efeitos de estiagem ou seca prolongada. “Consiste em coletar água da chuva através da instalação de calhas em telhados e armazená-la em reservatórios, chamados de cisternas, com volume elevado para possibilitar sua utilização a qualquer momento e, principalmente, em períodos de restrição hídrica”, pontua.
As calhas levam a água até um filtro, onde os resíduos e impurezas são eliminados. Depois de filtrada, a água segue para armazenamento, onde há um freio d’água, impedindo que sua entrada na cisterna agite seu conteúdo e suspenda partículas que ficaram ao fundo. Para ser utilizada com o auxílio de uma bomba, a água é levada para um reservatório, como uma caixa d’água, onde será destinada aos locais de uso, como descargas, lavagem de pisos ou carros, irrigação de hortas e jardins, entre outros. Valmir afirma que cada uso tem a necessidade de dimensionar o tamanho da cisterna a ser instalada.
“Para uso doméstico, irrigação de horta doméstica e jardim, por exemplo, não requer volume tão elevado, podendo abrir mão de caixa d’água de volume elevado. Já para dessedentação animal e sistemas de irrigação um pouco maiores, requer a armazenagem de volumes bem maiores. Nesse caso há a necessidade de fazer um projeto e dimensionamento mais criterioso”, destaca. Ele ainda lembra que as cisternas têm suas construções abaixo do nível do solo com revestimento de concreto ou manta específica para esta finalidade. “Vale salientar que para esse tipo de cisternas há a necessidade de encaminhar projeto de licenciamento ambiental ou a dispensa da mesma.”
Quando se fala de agricultura, para um bom aproveitamento da água da chuva, devem-se adotar práticas agrícolas de manejo e conservação do solo. “Uma coisa é uma chuva de 30mm cair sobre um solo pobre, descoberto e compactado, e outra é 30mm em um solo com cobertura, boa matéria orgânica e poroso. Nesse caso não teremos erosão e a infiltração e armazenagem de água é muito maior”, explica o extensionista. Além disso, também é importante a proteção ambiental em torno de nascentes, córregos e rios, a fim de proteger as matas ciliares. Vlamir afirma que é essencial a proteção e manutenção de banhados, que funcionam como esponja. “Quando há muita chuva eles encharcam e absorvem a água e quando falta chuva vão largando água paulatinamente abastecendo fontes/nascentes e cursos d’água”, conclui.
Não apenas quem tem cisternas pode reaproveitar a água das chuvas. De maneira simples você pode captar a água e utilizar para os mesmos fins. Um dos exemplos mais fáceis de captação é feito com baldes, bacias ou até mesmo tonéis. A ideia é colocar os recipientes a céu aberto quando a chuva estiver se aproximando. Após, utilize a água captada para qualquer fim não potável em uso doméstico ou rural. Ainda, lembre-se que a água já utilizada da máquina de lavar também não precisa e nem deve ir fora, já que demanda de uma grande quantidade para funcionamento. Após uso, direcione a mangueira do equipamento para um grande recipiente. Esta água é muito indicada para lavagem de pisos, calçadas e automóveis.