Desde dezembro, as águas do Rio Caí são consideradas impróprias para banho. Foi emitido, inclusive, um alerta de risco de contração de doenças, como a desinteria, a hepatite A e a febre tifóide, pela contaminação no contato com a poluição. Apesar disso, como o Jornal Ibiá demonstrou na edição de sexta-feira, muitos não respeitam as indicações, arriscando sua saúde para tomar banho de rio. Para os pescadores, a situação não é diferente.
Quem pesca diz não se importar com os riscos de consumir o peixe proveniente da água poluída. “Matar, não mata. No máximo, dá um revertério”, afirmou um deles, em recente entrevista. No entanto, segundo alerta emitido pela Vigilância Sanitária do Município, há sim, razão para preocupação. “O aconselhável é não consumir pescados sabidamente oriundos de águas atestadas como contaminadas, pois não existe monitoramento destes alimentos”, coloca a chefe do órgão, Silvana Schons.
Ela explica que o pescado é um alimento muito perecível e que necessita de condições sanitárias adequadas em todas as etapas, desde a sua captura até uma eventual comercialização. O produto apresenta grande potencial de contaminação ao seu consumidor – contaminação esta que pode ser adquirida no ambiente de vida do peixe, durante o transporte dele e até durante o preparo do alimento.
Proveniente de um local afetado como é o Rio Caí, o risco é maior. “O descarte de resíduos industriais é a principal fonte de contaminação dos rios, pelos metais pesados. Alguns processos de produção, entre os quais das indústrias metalúrgicas, de tintas, de cloro e de plástico PVC, utilizam estes metais que, quando lançados irregularmente nos esgotos, contaminam os cursos de água”, aponta.
“Entre os principais elementos tóxicos despejados estão o mercúrio, o chumbo, o cádmio, o arsênico, o bário, o cobre, o cromo e o zinco. O contato com estas substâncias – seja através da ingestão da água ou de peixes contaminados – pode provocar problemas como cólera, disfunções do sistema nervoso e até mesmo a própria incidência de câncer”, alerta a Vigilância. Logo, é preciso tomar muito cuidado e, de preferência, não consumir os peixes.