Moradores relatam insatisfação com a RGE no pós-cheiasConsumidores da RGE em Montenegro têm expressado insatisfação com o atendimento e cobranças da prestadora de energia. Após as cheias que atingiram o Estado, as contas passaram a apresentar valores significativamente mais altos, com faturas acumuladas e falta de informações claras. O caso foi levado à Câmara de Vereadores pelo vereador Talis Ferreira, que propôs uma reunião com a empresa. “É um total desrespeito com as pessoas que já perderam tudo com a enchente e agora passam por essa situação. Não é uma, são várias pessoas”, afirma Talis.
Danieli Tornes, moradora da Rua Lá Paz, no bairro Municipal, relata um desses casos. Durante os meses de maio, junho e julho, ela não recebeu as contas de energia. Em agosto, foram enviadas três faturas de uma só vez, totalizando R$ 955,00 com a exigência de pagamento em duas parcelas fixas. Danieli questiona a cobrança de valores elevados em um período em que sua casa ficou desocupada devido à enchente. “É complicado, porque não ficamos em casa, mas as contas vieram altas. Não tivemos opção de parcelar mais vezes e ainda recebemos notificação de corte de energia”, explica.
Conforme Danieli, outros vizinhos enfrentam o mesmo problema. “Nós vamos pagar, mas tem muitas pessoas que não têm condições. Famílias com crianças, gente que perdeu suas coisas e ainda não se recuperou”, lamenta.
A dona de casa também revela insatisfação com o fato de precisar utilizar e-mail para ter acesso às faturas. “Não tenho acesso ao e-mail em que a conta está vinculada. Além disso, e como ficam as pessoas que não têm e-mail ou não sabem usar?”, questiona.
Marília Santana, moradora do condomínio Residencial Ernesto Bernhoeft, costuma acessar suas faturas por e-mail, mesmo assim, enfrentou problemas. Durante o período das cheias, não recebeu uma das faturas e, meses depois, foi surpreendida com uma cobrança retroativa e aviso de corte. “Eu não tinha nem a fatura, só recebi um aviso de cobrança. Então, precisei baixar o aplicativo para poder localizar a fatura e aí conseguir pegar”, conta.
“Fomos informados sobre isenção, mas a nossa síndica tinha alertado que, igual, era para verificarmos. Eu tentei, inúmeras vezes, falar com a RGE. Nunca consegui, porque o telefone simplesmente não atende o WhatsApp”, explica.“Nunca atrasei minhas contas, me vi pagando valores elevados e enfrentando risco de suspensão de energia. O atendimento da RGE foi ineficaz, com dificuldades para obter informações e resolver o problema”, conta.
Posicionamento da RGE
A reportagem encaminhou perguntas à assessoria de comunicação da RGE para esclarecer os problemas relatados. No entanto, a empresa respondeu apenas com uma nota oficial, sem abordar diretamente as situações mencionadas pelos moradores.
Nota da RGE
A RGE informa que durante a calamidade, as dificuldades de acesso enfrentadas pelas equipes de campo, em determinadas regiões, bem como dificuldades de entrega de contas em papel, foram flexibilizadas ações para amenizar os impactos aos clientes. Os casos foram tratados dentro da Resolução 1092 criada pela ANEEL para essa situação excepcional vivida pelo Estado. A empresa suspendeu, até 20 de agosto, a cobrança de faturamento de maio para todas as unidades consumidoras que tiveram o acesso comprometido a realização da leitura. Além de suspender os cortes por inadimplência para os clientes de municípios afetados pela calamidade.
A RGE orienta que os clientes com problemas no recebimento da conta solicitem sua segunda via pelos seguintes canais oficiais e seguros de atendimento: App CPFL Energia (disponível para Android e iOS), site: www.rge-rs.com.br, ou Call Center: 0800 970 0900. Nessa consulta, o cliente poderá visualizar contas em aberto e inclusive conhecer as opções de parcelamento de débitos disponíveis. O pagamento de contas atrasadas até o dia 20 de agosto de 2024 não gerou encargos como multa e juros, possibilitando que as contas fossem quitadas nesse período mesmo em atraso.