Único na Região, Moinho Becker comemora 60 anos

NEGÓCIO familiar foi inaugurado em 1959, no bairro São Paulo

Recentemente, a Câmara Municipal de Vereadores deixou um pouco da política de lado. Os vereadores usaram o evento para promover uma merecida homenagem ao Moinho Becker. O empreendimento montenegrino acaba de completar 60 anos de história.

Adão tem 72 anos de idade; e Erenita, 71. Simpatia e vitalidade são características marcantes no casal

Instalado na rua Bruno de Andrade, quase na divisa entre os bairros São Paulo e Timbaúva, o moinho foi testemunha do desenvolvimento de Montenegro. Aberto por Alido Edmar Becker, hoje falecido, o estabelecimento chegou ao local ainda antes de ser alcançado pelo crescimento da própria cidade, sendo uma das primeiras edificações da área.

Na época, em 1959, ele tinha outros 28 concorrentes pela região, que também trabalhavam com a moagem do milho. Hoje, o Becker é o único moinho que realiza a atividade. “Pelo que eu sei, só tem mais um em Bento Gonçalves. Até tinha outro em Brochier, mas fechou”, garante Erenita Becker Medeiros, a filha do fundador que, hoje, conduz o negócio ao lado do marido, Adão Medeiros.

Filha única, Erenita precisou escolher entre assumir o empreendimento da família ou vendê-lo após o falecimento do pai. Optando por manter vivo o legado da família, abraçou a primeira opção, largando o trabalho como dona de casa para virar empresária. Isso foi em 1995.

Todo o moinho está com as peças originais. A cada seis meses, as pedras que fazem a moagem precisam ser retiradas e afiadas. Cada uma pesa 800 quilos

Um de seus dois filhos chegou a trabalhar no moinho por alguns anos, mas acabou desistindo do ramo. Após a aposentadoria do esposo, Adão, que trabalhava na Tanac, ele assumiu os trabalhos ao lado da mulher e, hoje, os dois tocam juntos o estabelecimento. “O meu neto já disse que quer assumir depois que a gente não puder mais”, confidencia Erenita, feliz com o interesse do rapaz, de 24 anos. Será a quarta geração do Moinho Becker.

Peneira faz a separação do que é farinha boa e do que é proveniente das cascas do milho. Mas nada é perdido. A parte das cascas é vendida para ração de suínos

“Quem conhece, prefere essa!”, destaca Erenita
A produção da farinha de milho no moinho é pura, sem conservantes ou adição de misturas. O milho vem importado de Mato Grosso, “porque é de primeira”, como faz questão de destacar Adão. Quando adquirido de um produtor de São Sebastião do Caí, há 60 anos, a aparelhagem era movida a roda d’água, mas, no prédio, foi adaptada para funcionar à luz.

Apesar de antiga, a tecnologia do moinho é inteligente. Por um sistema de correias, o aparelho de madeira mói os grãos de milho em grandes pedras que giram em direções opostas. Automaticamente, o farelo segue para uma peneira para a separação das cascas. Sai dali a farinha, pronta dos tipos fina, média e grossa, de acordo com o gosto do consumidor.

Farinha de milho é vendida na quantia em que o
cliente quiser. Produto é usado em variadas receitas

E o produto é bem valorizado. Erenita conta que vem gente de Taquari, Paverama e até do Litoral comprar no estabelecimento. Pela cidade, o forte da clientela é o consumidor final, mas o moinho tem como clientes padarias como a do Mercado Ritter, no Centro. Tudo conquistado pelo boca a boca.
Com carinho, a dona lembra da vez em que um prefeito de Triunfo chegou a propor a mudança do moinho para lá; e também de quando um padre luterano foi conhecer a empresa e levou farinha montenegrina para ser consumida no continente africano. São memórias que exaltam a ideia empreendedora do pai.

“Quem gosta, quem conhece, prefere essa farinha”, ela ressalta. “Tem mais sabor de milho.” Competindo com o produto industrializado vendido nos mercados, o casal ressalta a qualidade e o fator saúde do produto puro. A farinha costuma ser usada para fazer polenta, pães, bolinhos, cuscuz. “E dá pra usar para enrolar o peixe”, adiciona Adão, já passando a receita.

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