Inclusão digital. Primeira demanda é, segundo professor de curso, orientar os idosos sobre o uso de forma correta

A terceira idade é a geração que cresceu longe da tecnologia e, em grande parte, apenas acompanha o avanço de computadores, smartphones e aplicativos à distância, sem usufruir de suas praticidades. É natural que os idosos sintam dificuldade em manusear as máquinas modernas, mas saber em que medida isso acontece e o que influencia a aceitação dessas ferramentas é o primeiro passo para tentar aproximá-los delas.
De acordo com o professor do curso de Informática para a Maturidade I – oferecido pelo Senac – e estudante de Letras, Eduardo Barreto, é medo de apertar num botão errado que os impede de conhecer a tecnologia. “Existem mil e um motivos que podem queimar o dispositivo e, nas aulas, eu explico bem que não é um simples click que fará isso acontecer”, ressalta. Há outro ponto que também deve ser bastante avaliado: o auxílio. “Não sei se todos os filhos ajudam seus pais a mexerem nos aparelhos telefônicos. Mas o que vejo, na maioria das vezes, são os filhos fazendo as coisas pelos pais e não os ajudando”, afirma.
Eduardo ainda explica que a tecnologia é uma aliada do ser humano, mas, ao mesmo tempo, acha péssima a proporção de uso da ferramenta. “Num encontro com amigos, por exemplo, chega um momento em que as pessoas não conversam mais cara a cara. Não socializam”, lamenta. O primeiro passo para conectar a maturidade à tecnologia é incluí-los em grupos de redes sociais, orientando sobre como usá-las de forma saudável.
No entanto, ele confessa: tem de ter muita paciência para lecionar. “A primeira alternativa é conquistar a amizade deles, porque confiam mais rápido no trabalho. A segunda, explicar passo a passo. E a última, fazer o procedimento com eles”, explica. “Todavia, é preciso ter o máximo de atenção para que eles não se tornem alienados à internet e esqueçam do olho a olho, coisa que, na minha opinião, o mundo carece”, enfatiza.
Segundo Barreto, além dos benefícios físicos, a satisfação pessoal que os alunos do curso de Informática demonstram é muito grande: “Eles ficam muito felizes quando conseguem fazer um Facebook e encontrar um amigo da época da escola, ou quando encontram imagens com frases de reflexão em pesquisas no Google e compartilham com conhecidos”, garante. “Afinal, nenhum deles está fazendo um curso para o mercado de trabalho. Estão ali porque querem fazer parte dos grupos digitais”, finaliza.
A internet aos olhos dos mais antigos
Rejane Nair Regino, de 49 anos, adorou participar do curso oferecido pelo Senac Montenegro. “Além de aprender, passamos a ter uma boa ideia de como as pessoas conversam entre si, sobretudo os jovens”, afirma. É ótimo também, segundo ela, para conhecer novas pessoas e fazer amigos. “Depois que o curso terminou, ficamos tristes, porque é pouco tempo”, lamenta. “Aliás, esse é o único ponto negativo”, completa.
Vitor Ingrácio, de 76 anos, coronel aposentado da Brigada Militar, destaca que começou do zero e finalizou o curso sabendo de tudo um pouco. “Eu estava numa turma já conhecida, do meu círculo de amigos. Se pudesse, faria de novo. Mas não estou mais tão disposto”, pondera.
Nadia Harastovic Tartarotti, de 71 anos, participou de um curso oferecido pelo Senac no ano passado. “É bom. Um pouco difícil porque são poucas aulas e, para a terceira idade, naturalmente esse ramo já não é dos mais práticos”, afirma. Ela aprendeu a mandar e-mail, ligar e desligar o computador, mexer nos programas Word e Excel, entre outros.
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O Senac Montenegro está com inscrições abertas para o curso de Informática para a Maturidade I, que inicia em 18 de abril, com duração de 60 horas/aula. Os encontros acontecem as terças e quintas-feiras, das 8h às 11h. Informações sobre as matrículas podem ser obtidas através do telefone (51) 3649-3141, ou direto na unidade, localizada na rua Capitão Porfírio, 2255.