Startups buscam retorno rápido com custo reduzido

Meta é transformar seu projeto em dinheiro rapidamente, com uma ideia ousada em um ambiente de incertezas

Você tem uma ideia ou um conceito inovador, quer aplicá-la no mercado, mas não tem dinheiro para o capital de risco e quer tornar o empreendimento rentável rapidamente. Resumindo, transformar trabalho em dinheiro num curto período de tempo, com custos baixos. Essas são algumas definições sobre o que é uma startup.

Diferentemente de uma empresa pequena, em fase de crescimento, a startup trabalha geralmente com uma ideia nova, em um cenário incerto, em qualquer ramo ou atividade. Pode ser na área tecnológica, da saúde ou educação. Ela traz, junto com seus benefícios, o propósito de facilitar a vida das pessoas, como é o caso dos aplicativos que filtram produtos mais baratos em supermercados.

De acordo com a revista Exame, da Editora Abril, um conceito atual pode ser adotado quando se trata desse tipo de empreendimento: o de um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável. Repetível, para que possa ser produzido e entregue ilimitadamente; e escalável para que seja lucrável, mas que os seus custos cresçam lentamente para que acumule rendimentos.

Em Montenegro, Isaias Alves, 31 anos, e Rodrigo Dellinghausen, 36 anos, ambos profissionais da área de tecnologia da informação (TI), com mais de 14 anos de experiência, e já tendo atuado em grandes portais como ZH, Rádio Gaúcha, clicRBS, Hagah e Diário Catarinense, resolveram investir em um projeto novo, especializado na criação de plataformas de serviços para aplicativos móveis no âmbito tecnológico. Uma embrionária startup para quem escolheu atuar desenvolvendo programas de computador e aplicativos para celulares e smartphones.

“Em 2013, quando trabalhávamos no Grupo RBS, no parque tecnológico Tecnopuc, eu e o Rodrigo desenvolvemos os aplicativos Gremista ZH e Colorado ZH. Acreditamos que seria cada vez mais comum a necessidade das empresas de atenderem às necessidades de negócio de aplicativos móveis. E foi então que surgiu o pensamento de fundar a startup WS Work”, explica Isaias.

De acordo com o empresário, para uma empresa ser considerada startup, é preciso ter projetos e ideias. “Inovadoras ou não, mas ideias”, diz. A WS, segundo ele, se encaixa no conceito e tem três propostas em execução: um aplicativo e sistema de gerenciamento de dados de supermercado, que compara valores entre os estabelecimentos; um aplicativo esportivo, com suporte à narração de jogos em tempo real, distribuição de notícias e dados em aplicativos; e uma ferramenta que ajuda no recrutamento e seleção de pessoas para empresas.

Falta espaço para interação de startups montenegrinas
Isaias afirma que a área de desenvolvimento de softwares, na área de Tecnologia da Informação, onde sua startup se encaixa, mudou muito nos últimos anos. Ele acrescenta que a evolução das tecnologias tem contribuído e facilitado muito o trabalho de quem é desenvolvedor.

Montenegrino Isaias Alves (à esquerda) e sócio Rodrigo Dellinghausen foto: arquivo pessoal

“A própria WS Work mudou um pouco a forma de atuar com o passar dos anos e hoje, além de desenvolvermos aplicativos de serviços para viabilizar as funcionalidades de outras startups ou até mesmo empresas de grande porte, também somos responsáveis pela infraestrutura e até mesmo o desenvolvimento interfaces de websites e aplicativos móveis.”, enfatiza.

O profissional, que desenvolve desde 1998, mas que a partir de 2003 passou a ser remunerado trabalhando com a linguagem de programação Java, destaca ainda a importância de alguns espaços para a interação de startups montenegrinas: os chamados coworkings.

“Onde diversas startups podem, inclusive, prestar serviços entre si, criar novas ideias em um ambiente de inovação tecnológica. Em Porto Alegre tem crescido o número de coworkings, e esse tipo de ambiente acaba ajudando inclusive na criação de novas startups e propostas. Acredito que se esse tipo de ambiente existisse em Montenegro, poderia incentivar o desenvolvimento na área de tecnologia, pois hoje nosso mercado de Tecnologia da Informação é muito restrito se compararmos com a capital”, conclui.

De Montenegro para o Brasil
Outra Startup com berço montenegrino é a empresa Dobra. Investindo na fabricação e venda de carteiras, ela teve origem em um projeto de faculdade ainda em 2013. A ideia inovadora foi desenvolver um produto a partir de um material parecido com papel, que não rasga e é resistente à água. Quem conta um pouco dessa história é um dos idealizadores do projeto, Guilherme Massena.

“Então em 2016 eu, meu primo Eduardo Seelig, meu irmão Augusto Massena e meu ex-colega Getulio Baseggio conseguimos retomar a proposta depois de dois anos pesquisando como imprimir no material que usamos nas carteiras”, afirma. “O surgimento da Dobra, do jeito que ela é, foi em março de 2016, a partir de um curso de futurismo que eu e o Eduardo fizemos e estudamos até hoje. Isso abriu muito a nossa cabeça sobre os novos negócios”, acrescenta.

Startup montenegrina Dobra comercializa para todo o país carteiras dobráveis, que não rasgam e são resistentes à água

Atualmente, a empresa se expandiu a tal ponto que comercializa os produtos para todo o Brasil. As vendas são somente através da internet, e as entregas realizadas pelos correios e transportadoras. Massena salienta que, eventualmente, a empresa também costuma participar de algumas feiras da região, vendendo presencialmente nessas ocasiões.

“Encaixamos-nos como startup por utilizarmos muito a tecnologia a nosso favor, além de termos uma automação de processos, um baixíssimo investimento inicial aliado a um crescimento exponencial. Também realizamos testes rápidos e curtos diretamente no mercado, ou seja, o mercado vai nos dizer o que precisamos melhorar e assim a gente consegue se preocupar em aprimorar outros detalhes”, explica Guilherme.

Com um acolhimento amigável aos clientes, uma das certezas da Dobra é de que a colaboração vence a competição. Com mercadoria feita 100% a mão, os três sócios atuais, Guilherme, Eduardo Seelig e Augusto Massena, consideram-se uma empresa de atendimento. “Hoje em dia nós vendemos carteiras, mas nada garante que lá na frente não venderemos bolsas, tênis ou sei lá o quê. A inovação não está no produto, e sim no modelo de negócio”, salienta.

Empresa aberta
São três os fatores, que de acordo com o sócio, caracterizam a startup Dobra como uma empresa aberta. O primeiro o de que qualquer um pode mandar sua estampa para ser utilizada nos produtos e ganhar uma comissão sob cada venda. “Desde que seja autoral. O segundo, de que nosso molde é aberto, ou seja, qualquer pessoa pode entrar no site e baixá-lo junto com um videozinho que ensina o passo a passo para montar a carteira. Repito: o que diferencia o modelo de negócio não é o produto, mas sim tudo o que cerca ele. O terceiro aspecto é sermos uma empresa horizontal. Todos que trabalham com a gente participam das decisões e sabem quanto cada um ganha, além de dividirmos mensalmente uma parte do lucro pra galera”, diz Guilherme.

Site e redes sociais também são gerenciadas pelos próprios sócios, e fomentadas com postagens dos próprios clientes.
“Também acreditamos que hoje as empresas se colocam num pedestal e acabam criando uma barreira entre ela e as pessoas, só que esquecem que dentro dos empreendimentos também existem pessoas. A partir disso, procuramos ter o mínimo de burocracia possível e fazer um atendimento ao cliente super personalizado, conversando como se estivéssemos conversando com um amigo mesmo”, conclui.

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