Renasce o Carnaval de Montenegro

CULTURA. Festa popular reuniu antigos e novos foliões em consagração

Os três dias do “Samba de Monte” autoriza o povo de Montenegro a criar expectativa de uma volta honrosa do Carnaval, e que desta vez seja para ficar. Segundo a Guarda Municipal, 12 mil foliões passaram pela Praça Rui Barbosa nas três noites, e mais do que assistindo, participando de apresentações que revelaram qualidade artística da periferia. Exaltação também aos artistas convidados, que trouxeram o melhor do samba enredo e das marchinhas de bloco.

O Grito de Carnaval na noite de sexta-feira, 28 de fevereiro, foi uma honra para a comunidade do Bela Vista. A Escola de Samba Mangueira deu o tom da festa, trazendo o novo e o tradicional, alicerçada nas famílias. A voz poderosa do interprete Pepino (Evandro Camargo Antôni), ao som do cavaco de Mumuzinho (Deivid Henrique Lopes), harmonizou com a voz de Luana Letícia de Brito. “Fui a primeira mulher de Montenegro a fazer parte de uma harmonia. Foi lá na Esqueira que comecei, depois fui para a Tradição e hoje faço parte da harmonia da Mangueira”, revelou a artista.

A escola da “volta do morro” tem várias crianças na harmonia, em projeto que engaja os jovens na atividade sociocultural. “Sou Mangueira desde o início”, declarou o ritmista Daniel Batista de Oliveira. Aos 33 anos, integrante também da diretoria, revela que tinha 14 anos quando ingressou na bateria, onde hoje toca o chamado de Maracanã. “Pra nós da comunidade, a importância da Mangueira é que nem chamamos de escola, mas de família”, diz, definindo a quadra como espaço de socialização.

Essa presença dos jovens foi vista nas demais entidades carnavalescas, Unidos do Bairro Senai (UBS), Esubi (Escola de Samba Unidos do Bairro Industrial), Caldeirão da Folia. No público havia muitas famílias e crianças empolgadas com a música e a brincadeira.

Mangueira se define como família, reitera o ritmista Daniel Batista de Oliveira (centro)

Samba para reconstruir as vidas

A águia azul e branco da Bambas da Orgia cantou no coração de Montenegro. A escola de samba 21 vezes campeã do Carnaval de Porto Alegre em 85 anos de história, que, ao entrar na “avenida”, criou uma aliança com o público, baseada na resiliência pós-enchente de 2024. “Tivemos a perda de 100% da nossa quadra… Renascemos do zero e vamos fazer um dos maiores carnavais da história”, declarou Leandro Martins, diretor de destaques. O tema reconstrução será levado ao Porto Seco no enredo “As Mãos que Embalam uma Vida de Bamba”, cantado em coro pelos foliões.

Montenegro recebeu ainda a escola de samba portoalegrense Estado Maior da Restinga, a “Tinga”, fechando a programação no domingo de Carnaval. Estiveram no palco ainda Resenha do Dioguinho, Chico e Banda e Pagode Puracaso. O Samba de Monte é promoção da Secretaria de Desporto, Cultura e Turismo com apoio do Sesc.

Ícone do Carnaval montenegrino, Silvana Rosário voltou a girar com as baianas

Grandes artistas estaduais e locais no palco

O Carnaval de Montenegro contou também com convidados destaques na Festa de Momo do Rio Grande do Sul. A Banda Saldanha retornou à cidade com sua playlist de marchinhas e músicas populares em versão samba, com a qualidade de 47 anos de história. Seu atual presidente, Diogo Fonseca, recorda que ela surgiu em 1978, após o fundador Pedro Diogo em aniversário dividir um barril de chopp com vizinhos da rua Saldanha Marinho, no Menino Deus. A festa levou à batucada, que virou bloquinho frequente nos anos seguintes, e hoje é uma banda-show com 45 músicos, dividido em dois grupos. “Ainda temos dois remanescentes da fundação, um na bateria e um no sopro, com 74 anos hoje”, comenta.

Essa é uma inspiração ao Caldeirão da Folia, grupo de Montenegro que sacudiu o público na segunda noite. Ele já tem 10 anos, e com banda-show, mas ainda pouco conhecida devido à falta de um espaço como Samba de Monte. O grupo reúne ritmistas de todas as comunidades e de São Sebastião do Caí, com destaque à evolução da bateria e o acréscimo de Atabaques.

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