Quando o amor escolhe

A história de João e seus pais do coração, Rudi e Dani

Neste Dia das Crianças, contamos a inspiradora história de João Victor, um menino de 9 anos, que encontrou em seus dindos, Danieli Tormes e Rudinei de Almeida Morais, os pais que escolheu para si. João, desde muito pequeno, construiu uma relação especial com o casal, e essa convivência se transformou em um laço tão forte que ele passou a chamar os dois de pai e mãe.

Tudo começou quando João ainda era um bebê, com cerca de dois anos, e precisou ficar sob os cuidados de Danieli e Rudinei, que desde então começaram a exercer um papel muito além do que imaginavam. “Minha madrinha, que é a madrasta dele, e o pai do João trabalhavam no turno da noite em um hospital, então precisavam de alguém para cuidar dele nesse período. Como o Rudi estava sem trabalhar nesse momento, ele veio morar conosco durante as noites”, conta Danieli. “Ele era muito pequeno, mas foi como se ele tivesse chegado para completar a nossa família. Ele se encaixou perfeitamente em todos os sentidos.”

O pedido inesperado
A convivência entre o casal e João foi se aprofundando naturalmente. O menino passou a estar mais e mais tempo com eles, e logo se sentiu tão à vontade que, em um certo momento, fez uma pergunta que mudaria tudo. “Um dia, ele nos perguntou se podia nos chamar de pai e mãe. Foi algo que nos pegou de surpresa, mas também nos encheu de amor”, lembra Danieli, emocionada. “Explicamos que por nós não havia problema algum, mas que era importante perguntar ao pai biológico dele. Falamos com o pai dele e com minha madrinha, e eles disseram que o importante era o que João sentia. Se ele escolheu nos chamar de pai e mãe, era porque essa era a vontade dele.”

E assim se consolidou o laço familiar entre João, Danieli e Rudinei. Para eles, o que João fez foi mais do que apenas uma escolha de palavras, foi uma decisão de coração. Desde muito cedo, João começou a se referir a Danieli como “mãe Dani” e a Rudinei como “pai Rudi”. “Mesmo quando outras crianças, ou até adultos, faziam brincadeiras do tipo “eles não são seus pais de verdade”, o João sempre se manteve firme, respondendo que sim, que éramos seus pais”, relata Danieli. “Ele nunca aceitou que dissessem o contrário. Pra ele, quem cuida com amor é pai e mãe.”

Segundo João, ele fez a carta expressando o que sente pelo irmão

O amor entre eles foi tão forte que, mesmo quando João voltou a morar com seu pai biológico e sua madrasta, o vínculo com Danieli e Rudinei não se desfez. «Hoje ele mora com o pai, mas sempre que pode, vem ficar com a gente nos finais de semana e nas férias. Ele opta por estar com a gente porque sente que somos uma parte importante da vida dele”, explica Rudinei. A relação entre o casal e João é cheia de carinho e cumplicidade. “Ele sempre quer estar com a gente. Quando saímos para passear ou fazer algo, ele sempre pergunta se pode vir junto. E nós, claro, sempre o convidamos. É como se ele nunca tivesse deixado de ser parte do nosso cotidiano.”

A chegada de Noah: um novo capítulo
A história tomou um novo rumo com a chegada de Noah, o primeiro filho biológico de Danieli e Rudinei, que nasceu alguns anos depois. Muitos poderiam pensar que João teria ciúmes, mas o oposto aconteceu. Desde o início da gravidez, João se mostrou entusiasmado e carinhoso com o novo irmão que estava por vir. “Quando contamos para o João que eu estava grávida, ele ficou radiante. Não teve aquela coisa de ciúmes. Pelo contrário, ele sempre perguntava o que ia comprar para o “mano”, e desde o primeiro momento, Noah já foi acolhido como irmão de alma por João”, conta Danieli.

Noah, hoje com dois anos, tem em João um irmão mais velho dedicado e protetor. “Quando o Noah nasceu, foi uma festa para o João. Ele queria estar presente em tudo. Nos primeiros dias do bebê em casa, João fazia questão de ajudar com tudo o que podia”, lembra Rudinei, destacando a relação especial entre os dois meninos. “Eles têm uma ligação muito forte. Embora o João tenha outros irmãos por parte do pai biológico, a relação com Noah é diferente. É algo que vai além da convivência, eles são irmãos de alma.”

Noah, mesmo tão pequeno, vê João como um exemplo, seguindo diversas das suas ações

Rudinei também destaca como essa convivência despertou nele o instinto paterno, algo que ele nunca havia imaginado vivenciar antes de João entrar em sua vida. “Eu nunca tinha tido contato com crianças pequenas na família. Quando o João apareceu, foi tudo muito natural. Ele me olhou com aqueles olhinhos de “gato de botas”, e na hora senti que tinha que cuidar dele. Ele despertou em mim o que eu nem sabia que existia: o desejo de ser pai. Mesmo que não tivéssemos planejado ter filhos, João nos fez perceber que já éramos uma família.”

Para Danieli, a experiência de ter João como filho do coração e depois Noah como filho biológico foi única e transformadora. “Quando o João entrou em nossas vidas, não imaginávamos que seríamos pais.

Nós estávamos casados há 13 anos e não tínhamos planos de ter filhos. Mas João chegou e nos mostrou que ser pai e mãe não é algo que depende de sangue ou planejamento, mas sim de amor. Depois, com a chegada do Noah, tudo fez ainda mais sentido. O João nos ajudou a nos preparar para isso, com toda certeza”.

A carta e o pica-pau
No último aniversário de Noah, João Victor encontrou uma maneira especial de demonstrar o amor que sente pelo irmão mais novo. Ao invés de um presente tradicional, ele decidiu escrever uma carta cheia de carinho. Junto com um desenho dos dois, lado a lado, João deixou suas felicitações e um pedido: que seus pais lessem a carta para Noah, mesmo que ele ainda seja pequeno demais para entender as palavras.

Noah não desgruda
do pica-pau que ganhou do irmão nem para passear

Quando perguntado por que escreveu a carta, João foi direto: “Escrevi o que eu senti no meu coração, é tudo que eu sinto por ele.” No texto, ele mencionou algo que guarda um significado muito especial: o “pica-pau”, um ursinho de pelúcia que João ganhou quando era bem pequeno. Assim que Noah nasceu, João, sem hesitar, decidiu dar o brinquedo ao irmão, com a intenção de que ele o amasse da mesma forma. “Ele ama o pica-pau, não solta por nada. Está com ele sempre”, conta João, orgulhoso de ter compartilhado algo tão importante para ele com Noah.

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