Inativo desde janeiro deste ano, o Programa Mães da Favela, apoiado pela Central Única das Favelas (Cufa) precisou ser reativado para ajudar mães que continuam com grandes dificuldades para realizar a gestão de seus lares. Nacionalmente, o Projeto contempla cinco mil favelas, um número expressivo. Rogério Santos, coordenador geral da Cufa Montenegro, conta que em um balanço de 10 meses de ações durante a pandemia, 66 toneladas de mantimentos foram adquiridos através de amigos, conhecidos, parceiros, colaboradores, empresas e entidades solidárias para as mães que mais necessitavam aqui no município.
Rogério ressalta um número assustador. Diariamente, mais de 30 famílias entram em contato com a Central para quase suplicar por alimentos. Agora, a Cufa conta, outra vez, com o apoio de toda a comunidade para continuar o trabalho de auxílio à quem precisa nesse momento tão difícil.
“Isso dá um desespero nos integrantes da Cufa porque a gente não tem esse braço tão longo para ajudar todo mundo. A gente está indo para essa luta de novo, mas pedimos certa paciência porque a gente não vai conseguir entregar para todos. Isso é humanamente impossível. A gente não é um órgão público, a gente é uma organização de pessoas voluntárias. Fazemos o nosso máximo.”, desabafa o coordenador.
Rogério explica que a reativação está ocorrendo por diversos motivos. “Principalmente a questão financeira. O corte do auxílio emergencial; a troca de bandeiras do distanciamento controlado que gera o fechamento dos empregos, principalmente os informais; colégios que não voltaram, o que balança as famílias economicamente já que lá os alunos tomam café da manhã, ganham lanche e almoço; a inflação dos alimentos, essa alta nos itens essenciais; preço do gás também. É desesperador”, pontua.
A Cufa Brasil desenvolveu uma pesquisa onde se vê que 4,5 milhões de adultos que moram em favelas estão cortando despesas em itens básicos, como alimentos e produtos de limpeza. “Também vale mostrar que a média de refeições já caiu para menos de duas por dia”, acrescenta Rogério. A situação entristece até os próprios membros da Central. “A gente está até meio abalado porque no último fim de semana veio uma família do bairro Estação a pé até nós, a mãe disse que não tinha alimento para dar pros filhos e veio na Cufa como um último socorro”, conta, abalado.
Como ajudar e com o que?
Quem tiver interesse em doar qualquer mantimento, a Central recebe e agradece imensamente. O que mais tem sido procurado pelas famílias são alimentos, então a Central busca produtos que compõe a cesta básica. O contato pode ser realizado pelo número 51 9 9200 3971, via WhatsApp ou ainda 51 9 8184 4018, com o próprio Rogério. Além disso, a Central atende no endereço Coronel Antonio Inácio, 549, Centro, das 16h às 18, caso alguém queira entregar algum mantimento presencialmente.