Montenegro: famílias já podem se inscrever no projeto
Desde 2018, a Rede de Proteção aos Direitos de Crianças e Adolescentes de Montenegro vem trabalhando para a implementação do Projeto Família Acolhedora. O objetivo da iniciativa é trazer uma abordagem mais humana e eficaz para o cuidado infantil, substituindo parte do modelo de acolhimento institucional por uma alternativa mais próxima do ambiente familiar.
Até então, Montenegro contava com apenas dois abrigos institucionais – o Menino Jesus de Praga e a Casa Lar Florescer – para acolher crianças em situações de risco. No entanto, a necessidade de um modelo mais personalizado e acolhedor levou à criação do Projeto Família Acolhedora, que visa integrar crianças e adolescentes em lares temporários enquanto suas situações são resolvidas.
A promotora Rafaela Hias Moreira Huergo, que trabalha na implementação da iniciativa desde 2018, explica que a introdução do Projeto Família Acolhedora foi motivada pela necessidade de diversificar as formas de acolhimento. “Quando cheguei a Montenegro, observamos que, apesar de termos dois abrigos de alta qualidade, faltava uma alternativa que estivesse em conformidade com o que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) preconiza desde 2010,” afirma. “A preferência por acolhimento familiar ao invés de institucional é essencial para oferecer às crianças um ambiente mais próximo ao que elas conheciam, garantindo uma atenção mais individualizada e afetiva”, completa a promotora.
O projeto foi desenvolvido com o apoio do Ministério Público, Poder Executivo e Legislativo Municipal, refletindo um esforço coletivo para atender às necessidades das crianças e proporcionar uma alternativa ao sistema de abrigos. No entanto, a etapa atual do projeto é crucial: a captação de famílias acolhedoras.
A Diretoria de Assistência Social do Município, liderada por Carliane Pinheiro, está na linha de frente dessa iniciativa, oferecendo suporte contínuo às famílias interessadas. “Realizamos seminários e trocamos experiências com outros municípios para garantir que a implementação em Montenegro seja bem sucedida,” explica. “Nosso papel é assegurar que as famílias sejam bem informadas e capacitadas para oferecer um ambiente acolhedor e seguro”, afirma Carliane.
Mauro Martins, psicólogo da equipe, destaca a importância do acompanhamento contínuo. “Embora o acolhimento seja temporário, o suporte às famílias é constante. Elas recebem acompanhamento psicológico e social durante todo o período em que a criança está com elas, além de um suporte financeiro,” afirma Martins. “O medo do caráter temporário pode ser um desafio, mas o acompanhamento e a capacitação ajudam a superar essas preocupações”, completa.
Critérios e processo de inscrição
Para se tornar uma família acolhedora, é necessário atender a alguns critérios básicos: ter mais de 21 anos, obter o consentimento de todos os membros da família e passar por um processo de triagem e capacitação. Minadable Velho, assistente social, enfatiza que o acolhimento não deve ser confundido com a adoção. “É importante que as famílias compreendam o caráter temporário do projeto e estejam preparadas para lidar com o eventual retorno da criança à sua família de origem ou sua adoção definitiva”, explica.
Interessados em participar do Projeto Família Acolhedora podem procurar a Secretaria de Desenvolvimento Social, Habitação e Cidadania, localizada na rua João Pessoa, 1363. O telefone para mais informações é (51) 3632-3715, opção 4. O projeto está sempre aberto para inscrições de novas famílias, independentemente do momento, para atender às necessidades contínuas da comunidade. “Montenegro está dando um passo significativo para melhorar a qualidade de vida das crianças em situação de vulnerabilidade, e a participação ativa da comunidade será fundamental para o sucesso desta iniciativa. A colaboração de famílias dispostas a oferecer um lar temporário pode transformar vidas e garantir um futuro mais promissor para os jovens da cidade”, conclui a promotora Rafaela.