Prevenção à Covid-19: Central monitora cerca de 40 pessoas na cidade

SECRETÁRIA da Saúde anuncia chegada de 500 testes rápidos para ampliar os diagnósticos

Febre, dores de garganta e na cabeça, dificuldades de respirar e cansaço são sintomas típicos de uma gripe e, em geral, não despertam maior preocupação. Porém, como são também as principais características da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, cerca de 40 pessoas que procuraram os serviços de saúde recentemente estão sendo monitoradas em Montenegro. Se, de sete a dez dias após o surgimento dos sinais, o paciente continuar piorando, ele é encaminhado a um hospital e passa a ser tratado como “suspeito”. Lá, é submetido a um exame para identificar ou descartar a presença do coronavírus.

A informação foi dada na manhã de ontem, durante uma live do Jornal Ibiá nas redes sociais, pelo prefeito Kadu Müller e pela secretária municipal da Saúde, Cristina Reinheimer. Na oportunidade, foi anunciada a ampliação da capacidade de diagnósticos, graças ao envio de 500 testes rápidos a Montenegro pelo Ministério da Saúde. “No momento, estamos testando apenas os pacientes internados e os profissionais da saúde e da segurança pública. A partir de agora, vamos poder estender a avaliação aos idosos”, explicou Cristina. A Administração também está providenciando a adesão a uma compra conjunta realizada pelo Consórcio Intermunicipal Vale do Caí (CIS/Caí) e junto à Feevale.

A secretária admite que o teste rápido disponível não é a melhor ferramenta de diagnóstico. Ele é mais confiável quando realizado entre o sétimo e o décimo dia após o surgimento dos sintomas. “Antes disso, costuma dar falso-negativo, o que exige a sua repetição”, sublinha. A informação serve de alerta, segundo Cristina, às farmácias, que devem oferecer o teste rápido em breve.

Ontem, até o fechamento desta matéria, Montenegro tinha apenas quatro casos confirmados de Covid-19. Três desses pacientes, inclusive, já estão curados. O número é baixo e faz muita gente desconfiar de que esteja faltando transparência. O prefeito Kadu Müller garante que os dados estão corretos. “Seria difícil mascarar uma situação, dizer que não há casos quando eles existem. Quando tem um caso de Covid-19, a família toda é envolvida e esta informação logo iria para as redes sociais”, pontua.

O chefe do Executivo ressalta que a Administração fez um trabalho muito grande de conscientização nas ruas, através da Guarda Municipal e da Vigilância Sanitária, informando sobre os riscos e pedindo que a comunidade ficasse em casa. “Já nas primeiras semanas, com o apoio dos agricultores, iniciamos um trabalho de sanitização das ruas mais movimentadas com água e hipoclorito. Tudo isso contribuiu para que chegássemos até aqui numa situação bem melhor do que a de muitas cidades”, ressalta Kadu.

O prefeito também tentou explicar por que não está mais sendo divulgado o perfil dos pacientes com o diagnóstico de Covid-19, como ocorreu no primeiro caso. A comunidade sequer fica sabendo o sexo e a faixa etária, informações que poderiam servir de alerta. “Conversamos com os hospitais e mudou o formato para não causar pânico e nem permitir especulações que poderiam levar à identificação dos pacientes e até a atos de discriminação. Hoje se fornece apenas o número, seguindo uma orientação técnica do Ministério da Saúde”, alega Kadu. Confrontado com a informação de que em outras cidades a divulgação do perfil é realizada, apenas com a omissão do nome, ele admitiu que a metodologia pode ser revista no futuro.

Restrições a velórios
Entre as muitas restrições impostas à comunidade pela Prefeitura em virtude da pandemia de coronavírus, uma das que mais tem provocado críticas diz respeito aos velórios e sepultamentos. Os corpos de quem morrer da Covid-19 serão acomodados em caixões lacrados e não ocorrerá velório. A medida atende a uma recomendação do Ministério da Saúde, compreensível, já que a doença é contagiosa. Em Montenegro, porém, a Prefeitura também proibiu o uso de urnas abertas quando os óbitos são causados por qualquer outra doença. Além disso, a despedida pode ter duração máxima de quatro horas, com a participação limitada a apenas dez pessoas.

Conforme a secretária municipal da Saúde, Cristina Reinheimer, todos, antes de morrer, têm contato com parentes, que podem estar com o coronavírus. Ou seja, mesmo que a causa da morte tenha sido câncer, por exemplo, não há como dizer que não houve contágio, tornando o próprio corpo um vetor. Por isso, os caixões devem ser lacrados em qualquer situação.

A limitação à participação de apenas dez pessoas nos velórias visa reduzir as aglomerações. “São momentos muitos difíceis, com troca de abraços e afeto, o que torna a situação muito perigosa para a multiplicação do vírus”, ressalta a secretária. “Sabemos que é uma situação complicada, mas esse rigor visa salvar vidas”, observa.

Efeitos colaterais
Por medo de contrair a Covid-19, algumas pessoas estão evitando sair de casa e até mesmo fazer exames e tratamentos para outras doenças. O acesso aos serviços de diagnóstico e cuidados com a saúde também é dificultado pela suspensão, nos hospitais, dos procedimentos eletivos, incluindo cirurgias de menor risco. No médio e no longo prazos, estas condições facilitam o agravamento de outras moléstias e podem até mesmo levar os pacientes à morte.

O prefeito Kadu explica que a preocupação com o coronavírus segue sendo a prioridade da Administração Municipal, mas, aos poucos, na atenção básica, estão voltando as consultas em algumas especialidades, como cardiologia e traumatologia, por exemplo. As unidades básicas e os postos de saúde da família já estão funcionando normalmente. “Mas tudo com hora marcada, para evitar aglomerações”, ressalta a secretária Cristina Reinheimer. Tanto que, de fora, parecem estar vazios.

Os atendimentos em outras cidades também estão ocorrendo, como os da oncologia, cujos pacientes são levados para São Leopoldo. “Quanto à realização de exames, depende dos hospitais e clínicas voltarem a fazer. Quando possível, os pacientes são levados, mas com menos gente nas vans para que haja distanciamento mínimo de um metro. E vão apenas oito ou nove pessoas por viagem, todos com máscara”, informa a secretária. Dentro dos veículos, há alcool gel para a higienização. Ainda não há como prever quando os serviços voltarão à normalidade.

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