Bairros e comunidade do interior reivindicam ampliação de horários de ônibus
A situação do transporte público em Montenegro foi pauta no Estúdio Ibiá da última quarta-feira, 14. O secretário Geral do Município, Vlademir Gonzaga, participou do programa e explicou como a Prefeitura tem trabalhado para resolver o problema, que envolve os usuários e a Silas, braço da Viação Montenegro responsável pelo transporte público dentro do Município.
Conforme Gonzaga, desde o início do governo Zanatta tem se buscado resolver a problemática. Em maio de 2022, o Município adotou uma série de medidas para diminuir os prejuízos da empresa e manter o transporte sem novo reajuste no valor da passagem. Foi reduzida a alíquota do ISSQN de 3,5% para 2,5% e a idade máxima da frota passou de 12 para 15 anos. Também aconteceu o corte de linhas consideradas deficitárias, que passavam pelos bairros Estação, São Pedro e São Paulo e a isenção da taxa do Funtran. “Essas medidas é o que permite hoje a passagem ainda estar em R$ 4,80”, avalia Gonzaga.
Na mesma época, a Prefeitura contratou a empresa CDTRAN Serviços de Consultoria, Assessoria e Planejamento e Trânsito para trabalhar em um diagnóstico do sistema de transporte urbano no Município. “Vimos que era preciso contratar uma empresa, porque a Prefeitura não tem capacidade técnica para fazer o diagnóstico correto do que a Silas e os usuários reivindicavam”, pontuou o secretário.
A previsão era que o estudo fosse entregue ao Município em setembro de 2022. No entanto, Gonzaga diz que a empresa solicitou uma prorrogação e o diagnóstico foi concluído somente este mês. “Eles pediram prorrogação, porque é um problema bem complexo de tentar equalizar os interesses. Tem o interesse dos usuários, de ter o seu direito ao transporte, e o interesse de quem presta o serviço, de não ter prejuízo”, disse o secretário.
Gonzaga destaca que a conclusão do estudo foi que a operação está deficitária e o contrato com a Silas está desequilibrado, o que foi potencializado pela pandemia. A solução que vem sendo trabalhada pelo Município é a criação de um subsídio. “Nós fizemos um cálculo do que realmente teríamos que reorganizar com a empresa e apresentamos para eles. Agora estamos nos últimos dias para formalizar isso judicialmente, em uma negociação com mediação do Cejusc”, explica.
A ideia do Executivo Municipal é a criação de um plano para melhorias do transporte público da cidade, o que, conforme Gonzaga, irá possibilitar a retomada de algumas linhas de ônibus e a manutenção ou até diminuição do valor atual da tarifa. “Queremos com esse plano trazer aqueles que mais precisam para o transporte público. Então a gente está sugerindo um plano em que a Prefeitura vai ter que desprender um valor, mensal ou anual, para cobrir as gratuidades do transporte”, enfatiza.
O Município também estuda a criação de uma tarifa social, que irá beneficiar pessoas de baixa renda que fazem parte do Cadastro Único. “As gratuidades do transporte hoje são bancadas pelo usuário. O que nós estamos prevendo é que a Prefeitura passe a também participar dessa gratuidade e dessa tarifa social que a gente vai criar, com um valor mensal ou anual que será repassado à Silas”, afirma o secretário. O objetivo do Executivo Municipal é que o projeto esteja pronto até o fim deste ano, para então ser encaminhado à Câmara de Vereadores. “É um plano amplo e que a gente quer implementar a partir do próximo ano”, conclui.
Comunidades reivindicam mais ônibus
A falta de ônibus tem sido pauta também no Legislativo Municipal. Recentemente, uma reunião convocada pela vereadora Ana Paula Machado (PTB) discutiu a situação de diversas comunidades do interior, que reivindicam melhorias no transporte público. “Recebemos pedidos de moradores de Vendinha, Costa da Serra, Bom Jardim, Muda Boi e Santos Reis. A maioria das localidades pede ampliação das linhas durante a semana, outras pedem horários para o sábado. Mas a localidade com maior dificuldade é Fortaleza, que não possui nenhuma linha de ônibus atualmente”, destaca a vereadora.
Rosani Pereira dos Santos é uma das pessoas que vivem o drama da falta de ônibus na localidade de Fortaleza. “A linha que tínhamos foi cortada por total, atualmente não temos em nenhum dia e horário”, comenta. Segundo a moradora, a linha de ônibus que fazia o trajeto era da empresa Fátima, e vinha de Triunfo pela BR-470, passando por Fortaleza.
“São muitas pessoas que não têm meios próprios de locomoção para ir no médico, mercado ou fazer outras coisas na cidade. Quem precisa fazer deslocamento tem que ir com um carro de aplicativo, que custa em torno de R$ 100,00” pontua. A reivindicação da comunidade é pela volta de ao menos um dos horários para ida até a cidade. “Iria ajudar muito. As pessoas saem da Fortaleza para ir buscar um medicamento, mas a corrida acaba custando mais cara que o medicamento”, diz Rosani.
Já na comunidade de Serra Velha, os moradores pedem pela ampliação dos horários. “Nós aqui temos um horário que vai para a cidade de manhã e um que volta para a Serra Velha de noite. Antes nós tínhamos um no horário de meio-dia, que não tem mais e está fazendo bastante falta. Hoje quem vai até a cidade tem que ficar o dia todo esperando para voltar de noite”, relata o morador Evanir Pereira.
O mesmo problema também é realidade em Santos Reis, onde a linha de ônibus tem apenas dois horários durante a semana e nenhum aos sábados. “De manhã passa às 6h45 em Santos Reis e volta para a comunidade às 13h. Só que aqueles que vão às 13h não têm como voltar à noite. Quem trabalha ou estuda de tarde não tem ônibus para voltar e acaba tendo que pegar um carro de aplicativo, que é bem mais caro”, comenta a estudante Bruna Natália da Rocha.
Nas localidades de Vendinha e Costa da Serra, a reivindicação é pela volta da linha de ônibus aos sábados. Moradora da Costa da Serra, Leila da Silva trabalha em uma farmácia no Centro de Montenegro. Ela conta que são muitas pessoas que vêm para a cidade aos sábados e necessitam do transporte. “Tem gente da Costa da Serra, Bom Jardim, Passo da serra e Brochier que trabalha no comércio do Centro. Na semana está tudo certo, nossa maior dificuldade é aos sábados mesmo”, conclui.
A falta de linhas de ônibus também é realidade na área urbana. No bairro Estação, os moradores querem a volta da circulação do transporte coletivo dentro do bairro. “Quem precisa de ônibus tem que vir até a parada que fica na RS-124, em dias de chuva é muito complicado ter que sair de casa e caminhar uma grande distância”, afirma a líder comunitária Kauana Wilbert.