Agricultores temem perder a produção de citrus na região
Uma grande frente fria avança sobre o Brasil nesta última semana de julho, trazendo chuva para vários estados e uma queda intensa nas temperaturas, que já é sentida desde a noite de ontem, 27. Mas, o que tem preocupado principalmente os produtores rurais é que a intensa massa de ar polar sobre o Rio Grande do Sul provoca risco altíssimo de geada no final desta semana. É o que destaca o instituto meteorológico Climatempo. E atenção: o deslocamento desta frente fria provoca fortes rajadas de vento. Segundo a MetSul meteorologia, esta será uma das massas de ar polar mais fortes a alcançar o Brasil neste século devido à sua grande magnitude.
Ainda, segundo o Climatempo, a frente fria estará passando pelo RS na quinta-feira, 29, mas é possível que no dia 31 ainda esfrie mais na região. Em notícia, instituto afirma que o pico do frio acontece entre estes dias, quando se espera as mais baixas temperaturas no país. Num cenário geral, o RS deve passar por temperatura negativa, frio extremo, sensação térmica de frio intenso, neve, geada e vento forte, chuva moderada a forte e acentuada queda do nível de umidade no ar.
Como fica a agricultura?
O Clima Tempo adverte: os estados da região Sul devem experimentar novamente geada ampla e forte, que pode causar mais prejuízos para a agricultura. Izana Diogo Mendel, seu marido Irineu Mendel e o filho, Eugênio, são produtores de citrus em Montenegro, na localidade de Santos Reis, há pelo menos 20 anos e estão preocupados com as previsões desta semana. Com a chuva de pedras de 2009, a família chegou a perder 80% dos frutos Montenegrina e Morgote.
Atualmente, são produtores das qualidades Caí, Pareci, Montenegrina e Ponkan. Agora é época da colheita da Montenegrina e a expectativa é grande. “Se vier muito frio mesmo, afeta o fruto e até mesmo o pé. Podemos perder toda a produção e daí não tem o que fazer, além de esperar o próximo ano. Agora, se afetar o pé, nem no próximo ano. Plantar novamente e começar do zero é tudo que a gente pode fazer”, destaca.
A família começou a colheita no fim da semana passada e Izana explica que não tem como antecipá-la por medo de perder frutos. Assim, a esperança agora é de que a geada e o frio peguem leve na região. “Ainda não está pronta, estamos colhendo pelas mais maduras. Não tem como colher e guardar porque estraga. A geada é para vir na hoje à noite, então temos o dia inteiro para colher. Isso pode dar mais umas 100 caixas hoje. O que eu rezo para todos os produtores é que não venha e que se vir, seja algo leve porque eu sei o que é produzir e não colher”, lamenta.
Para hortaliças manejo pode reduzir perdas
José Aloísio Flores, produtor rural de orgânicos na propriedade de Norberto Jorge Haas, em Santos Reis, explica que após grandes estragos nas estufas entre o fim do ano passado e início deste; e também devido ao aumento no valor para mantê-las, elas não são mais utilizadas, pelo menos por enquanto. Sendo assim, o que tem ajudado a reduzir a perda tanto de citrus quanto das hortaliças em épocas de geada, é deixar plantas daninhas junto dos pés. “Parece mal cuidado, mas não. Deixamos brejo de propósito mesmo ao redor, porque assim a geada e o frio intenso queimam elas e não conseguem chegar até a planta”, explica.
Mesmo assim, o medo existe. Nenhum produtor quer perder o que cultiva. José explica que as perdas podem ser relativas com a previsão desta semana. “Todo o frio poderia dar um dano quase irreparável a qualquer tipo de cultura, principalmente às hortaliças por serem sensíveis. As mudas novas que tem contato com o solo, com geada forte, quase sempre vai perder 70 ou 80%, porque congela e não tem o que fazer. Já as plantas como alface couve, etc, algo já quase no ponto de colheita, dá algum desperdício de uns 20, 30%, diminuindo muito o prejuízo”.
Prefeitura reativa Plantão Social
A previsão de chegada da frente fria colocou a Prefeitura em alerta. Por isso, a Defesa Civil e a Secretaria Municipal de Habitação, Desenvolvimento Social e Cidadania retomaram o Plantão Social à noite. Desta vez, a estimativa é de que as temperaturas alcancem zero grau ou até menos. Como também há previsão de vento, será realizado um processo de “envelopamento” com lonas de moradias e casebres que possuem frestas, para manter o frio do lado de fora.
Até o final de semana, de acordo com o secretário Luís Fernando Ferreira, a cada noite haverá entre dez e 12 pessoas à disposição para atender a demandas urgentes por roupas, cobertores e alimentos. A população poderá acionar o serviço pelo telefone (51) 3632-9133.
A Prefeitura também mantém convênio com o Recreo para o acolhimento de pessoas em situação de rua. O secretário explica que existem pelo menos seis indivíduos nesta condição sendo monitorados, mas, em geral, não aceitam o abrigo porque nesse local não podem manter vícios como drogas, álcool e cigarro. “Não temos como obrigá-los a ir para o Recreo, mas vamos acompanhar os casos”, garante. A Administração Municipal faz um pedido para que o Plantão Social seja acionado apenas em casos de real necessidade.