Redução no valor seria, até então, somente para novos alunos
No dia 16 de setembro, entra em vigor a redução de 14% no valor da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que agora irá contemplar também os processos em andamento. A deliberação foi anunciada na última semana, durante reunião de representantes dos Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans), em São Paulo. Com isso, aqueles que estão em busca da primeira habilitação e que não finalizarem o processo até a data, terão os valores recalculados de acordo com as aulas restantes, não precisando esperar até setembro.
Em junho o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) reduziu de 25 para 20 horas a quantidade de aulas práticas obrigatórias para fazer a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Na mesma resolução, o órgão determinou que o uso do simulador nas aulas de direção é facultativo.
Além disso, o governo estadual assinou uma portaria em que o valor, que era tabelado em todo o estado, agora poderá variar de CFC para CFC (os Centros de Formação de Condutores). Aulas teóricas e práticas terão o valor máximo definido pelo órgão, disponibilizando liberdade para promoções e descontos. A mudança começa a valer no dia 16 de setembro.
Mais de 250 postos de trabalho foram fechados nos CFCs do Estado
Em Montenegro, ninguém teve seu emprego perdido, porém foi notada uma baixa na procura pela CNH nos Centros de Formação da cidade. Conforme levantamento feito pelo Sindicato dos Empregados de Agentes Autônomos do Comércio do Estado (SEAACOM/RS) desde o início do ano foram fechados 250 postos de trabalho neste setor, número que pode superar 1.500 até o fimde 2019. O Sindicato agrega às demissões as medidas anunciadas pelo Governo Federal e as manifestações do Governo do Estado.
Para o presidente do Seaacom/RS, André Fonseca da Silva, a não obrigatoriedade do simulador prejudica o processo de aprendizagem do aluno que nunca teve contato com veículo. “Eles [Governo] não estão preocupados na educação do trânsito, estão preocupados só em custo, mas a gente vai acabar pagando mais caro na frente, porque o número de acidentes aumenta, o número de mortes aumenta, o que o governo vai gastar na saúde e infraestrutura também”, diz.
De acordo com André, hoje os instrutores do Rio Grande do Sul são uns dos mais preparados do País, realizando cursos de atualizações de cinco em cinco anos. Porém, ele se questiona acerca do não tabelamento das aulas. “Os CFCs terão um “livre comércio” e isso pode afetar também a qualidade do ensino, porque o instrutor mal remunerado não tem a mesma qualidade do instrutor bem remunerado”.
Montenegrinos não estão demonstrando muito interesse em tirar a CNH
Contrariando as estatísticas do Estado, o CFC Montenegro e o CFC Vida Segura desde o início do ano não despediram nenhum empregado. Porém, os dois centros de formação lamentam pela baixa na procura da Carteira Nacional de Habilitação pelos montenegrinos.
Segundo o diretor geral do CFC Montenegro, José Paulo, a baixa foi grande para a realização da 1º CNH. “Na minha opinião isso vem da própria crise econômica. A situação está muito inconstante, o governo está tomando umas decisões que não são muito importantes e as pessoas não sabem o que vai ser amanhã”, avalia.
Sobre as mudanças divulgadas pelo governo para setembro, o CFC Montenegro já anunciou que as novas regras valerão para os serviços ativos no momento. “Quando tornaram obrigatório os simuladores nós realizamos um comodato, mas tivemos que construir uma sala e investir em toda a infraestrutura, então foi uma despesa que tivemos que poderá ser perdida”, lamenta José Paulo.
Já para a diretora de Ensino do CFC Vida Segura, Vanessa Bozzetto, a queda na procura da CNH está ligada diretamente às mudanças recentemente anunciadas. “As pessoas estão comentando sobre isso, e a gente acredita que as pessoas estão na expectativa da não obrigatoriedade do simulador e na baixa do valor da carteira”, relata.
O CFC Vida Segura também confirma que as mudanças serão realizadas em setembro, e que aqueles que estiverem com o processo em aberto também serão beneficiados. “Essa não obrigatoriedade do simulador, na minha opinião, é uma perda de qualidade e de ensino, porque vem pessoas que não têm nenhuma noção de direção. No simulador a gente trabalha o controle da embreagem, o controle dos pedais, as setas e tudo mais. São coisas básicas que a gente trabalha para o condutor depois ir para o carro”, comenta Vanessa.
Segundo ela, sem essa vivência com o simulador, o futuro condutor não terá essa experiência de entrar no carro e já ter uma noção e segurança.